Professores continuam a luta contra os ataques de Serra

Os professores da rede pública do estado de São Paulo travaram uma grande batalha contra os ataques neoliberais do governo Serra. Por 32 dias, a categoria enfrentou bravamente tanto a intransigência dos tucanos quanto as mentiras da grande mídia, que blindou os tucanos durante toda a luta.
Os ataques contra a educação paulista visavam aprofundar ainda mais a mercantilização e sucateamento da escola pública e a culpabilização dos professores pelo consequente fracasso. Neste sentido, as provas aplicadas para definir emprego e salário na verdade apenas intensificam o problema.

A crise que atinge a educação estadual pública está relacionada às condições em que ela é oferecida. Os professores estão abandonados e para os alunos, o simples acesso hoje em dia não é suficiente para afirmarmos que se livraram da exclusão. A falta de recursos é gritante e a realidade é longe da propaganda na TV.

O conjunto de ataques, que sintetizam a lógica da aplicação do neoliberalismo na educação, foram motivos mais do que suficientes para que a categoria se levantasse.

Recebidos com balas de borracha, bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo, os professores saíram em luta por uma educação pública de qualidade. A adesão à greve chegou a 60% e foram realizadas manifestações que conseguiram reunir cerca de 60 mil professores na Avenida Paulista.

Completamente atrelada ao PT e, portanto, ao governo Lula e sua candidata Dilma, a direção do sindicato concentrou sua munição na candidatura de Serra. As falas do setor majoritário estiveram sempre focados na incapacidade de Serra para ser presidente, uma vez que sequer conseguia cuidar de um estado.

Este discurso abriu margem tanto para Serra quanto para a grande mídia afirmarem desavergonhadamente que a greve tinha fins exclusivamente político-eleitorais e que a educação pública estadual melhora cada vez mais.

7 reais por aula

Só no final da nossa greve, após fortes mobilizações dos professores, houve algumas reportagens mais imparciais na mídia, mostrando, por exemplo, que professores do estado São Paulo recebem em média R$ 7 por aula e ocupam a décima quarta posição no ranking salarial dos estados da Federação. Não custa lembrar que o estado de São Paulo detém 31% do PIB do país.

Além disso, a direção majoritária não preparou a greve como deveria. A luta deve ser preparada no cotidiano e, para isso, momentos como reunião com pais para entrega de boletins bimestrais poderiam ser alvo de panfletagem didática que explicasse cotidianamente em que situação a educação pública se encontrava.

Este movimento permitiria que a sociedade estivesse ligada ao movimento desde a explosão da greve. Assim poderíamos nos concentrar nos comandos de greve sem ter que partir do zero ao discutir com pais e a sociedade.

Diante da intransigência e truculência do governo Serra, que sequer abriu negociações durante a greve, deveria ter havido um trabalho melhor de coordenar a luta com outros setores do funcionalismo estadual, que enfrentam o mesmo inimigo, como na saúde (que chegou a fazer paralisação), as universidades estaduais, etc.

Um elemento positivo foi que conseguimos abrir os olhos de muitos novos professores que conseguiram suas primeiras aulas através da provinha do Serra, como categoria “L” e “O”. Serra usou a prova para tentar jogar o professor novo, feliz por ter conseguido aula, contra o que dá aula há muitos anos, mas não conseguiu passar na prova. Mas, para o professor novo isso é uma vitória de Pirro, já que a regra de quarentena (criada para não dar vínculo ao sistema de previdência para novos professores) faz com que esse novos professores só possam dar aula um ano, depois são barrados por um ano. Infelizmente a direção do sindicato inicialmente caiu na armadilha do Serra, fazendo material que jogava o velho professor contra o novo. Mas pela pressão da Oposição, a direção teve que ajustar seu discurso.

Infelizmente, o conjunto de problemas enfrentados acabou por impedir que os professores conseguissem o atendimento de suas reivindicações. As provas não foram derrubadas, os decretos que determinam a quarentena às categorias “L” e “O” continuam em vigor e o reajuste não foi conquistado.

Tirar as lições da greve e preparar a continução da luta

Mas a luta ainda não terminou. Na próxima assembleia estadual dia 07 de maio, temos que analisar se houve avanços ou não nas negociações com o governo e deliberar os próximos passos da nossa luta.

Os professores deram um grande exemplo de determinação para a luta e as lições deste processo podem ser úteis nos próximos períodos, incluindo o fortalecimento da oposição à direção burocrática do sindicato, mas também a intensificação das discussões com a sociedade para obtermos conquistas para a categoria e para a educação pública. 

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