Contra o golpismo bolsonarista – apostar na mobilização da classe trabalhadora por direitos e mudanças radicais!
Os violentos ataques golpistas por parte da horda bolsonarista no domingo em Brasília devem ser repudiados com veemência por todos e todas.
Bolsonaro deve ser responsabilizado em primeiro lugar e deve pagar por sua campanha golpista.
Mas isso não é tudo.
Os acontecimentos de Brasília também deveriam servir para abrir os olhos daqueles que subestimaram a gravidade do momento que atravessamos e a necessidade da mobilização independente da classe trabalhadora para conter a extrema-direita.
Deveriam também convencer de uma vez por todas que é um erro confiar no suposto funcionamento normal das instituições como forma de se conter a ameaça bolsonarista de extrema-direita.
As instituições não funcionaram para conter ataques como os de domingo. Ou talvez seja melhor dizer que elas funcionaram como sempre funcionam – mão de ferro contra pobres, pretos e trabalhadores em luta e omissão, negligência ou conivência com a direita e os lacaios de empresários e do agronegócio.
Os ataques golpistas na Praça dos Três Poderes em Brasília contaram com a colaboração ativa da polícia do Distrito Federal, de seu secretário de segurança pública (o ex-ministro de Bolsonaro, Anderson Torres) e do próprio governador Ibaneis Rocha.
Há alguma surpresa nisso?
Ibaneis e a polícia do DF já haviam demonstrado antes sua conivência com o golpismo. Exemplos marcantes disso foram sua omissão criminosa diante dos ataques à sede da Polícia Federal no dia da diplomação de Lula (12/12) e diante da tentativa de ataque terrorista no aeroporto de Brasília (24/12) por parte de bolsonaristas.
Mas, não se trata apenas da cumplicidade de autoridades próximas ao bolsonarismo. Também houve lentidão, leniência ou negligência por parte de autoridades do atual governo.
O ministro da defesa indicado por Lula, José Múcio, havia defendido publicamente o suposto “direito democrático” de manifestação daqueles que se colocavam diante de quartéis do exército exigindo um golpe militar, os mesmos que organizaram atos terroristas e os ataques em Brasília no domingo.
Evidentemente o mesmo vale para os comandantes das Forças Armadas que toleraram e confraternizaram com as concentrações golpistas diante dos quartéis.
O próprio presidente Lula e seu ministro da justiça e segurança pública Flávio Dino subestimaram o risco, mais do que previsível, desse tipo de ataque.
Da mesma forma, toda a confiança depositada no STF e em Alexandre de Moraes não se mostrou suficiente para conter as iniciativas golpistas.
Mesmo com a intervenção federal na segurança pública do DF, a suspensão temporária de Ibaneis Rocha e a detenção de centenas de participantes dos ataques em Brasília, a ameaça bolsonarista ainda não acabou.
As tentativas de bloqueio de avenidas, rodovias e de refinarias da Petrobras que vimos depois dos ataques em Brasília, mesmo sem grandes consequências por enquanto, mostram que a canalha bolsonarista seguirá ativa no próximo período.
O que fazer, então?
É preciso preparar-se para uma luta longa contra a extrema-direita e por nossos direitos sem ilusões e falsas esperanças nas instituições e no regime político!
Hoje é mais evidente que nunca que somente a mobilização organizada da classe trabalhadora, demonstrando sua força nas ruas e locais de trabalho, poderá conter a ação e omissão diante dos ataques golpistas e iniciativas terroristas da extrema-direita bolsonarista.
Saudamos a convocação das manifestações que acontecem hoje. Elas deveriam ter sido convocadas há mais tempo, pelo menos desde as eleições ou nos primeiros bloqueios de estrada. Entretanto, houve decisão por cima de que não deveria haver atividades de rua para supostamente não atrapalhar a eleição de Lula e a posse. O resultado é que a extrema-direita foi avançando nas ruas sem nenhum empecilho. Por isso, precisamos de ação independente da classe trabalhadora e preparada pela base.
Essas manifestações devem representar um marco inicial de uma jornada de lutas que deve continuar, sempre em defesa dos direitos democráticos e sociais e contra o golpismo bolsonarista.
A partir de hoje, reuniões e assembleias devem ser organizadas em locais de trabalho, estudo e moradia. Uma mobilização permanente através de comitês de luta deve ser construída para que tenhamos rápida capacidade de resposta diante de novas ações golpistas e outros ataques, incluindo a autodefesa das organizações da classe trabalhadora e dos movimentos sociais.
Bolsonaro deve ser diretamente responsabilizado pelos ataques golpistas. Devemos também exigir a punição de políticos, empresários e militares co-responsáveis. Comissões populares de investigação e denúncia podem ser organizadas para denunciar a participação desses setores em ações golpistas.
Junto com a luta contra o golpismo e contra qualquer tipo de anistia diante dos crimes de Bolsonaro e seus cúmplices, precisamos levantar as bandeiras de luta que poderão enterrar de vez o projeto de Bolsonaro e dos capitalistas no Brasil.
Isso significa, para começar, exigir a revogação das contrarreformas e ataques do último período, como a contrarreforma trabalhista e previdenciária, o teto de gastos, as privatizações, a independência do Banco Central, o orçamento secreto etc.
Essas demandas só serão atendidas com muita luta da nossa parte e não através da boa vontade do governo.
Para tirar o país da crise, essas medidas exigirão um aprofundamento do programa numa direção anticapitalista e socialista, incluindo a estatização de setores chaves da economia com controle dos trabalhadores. Um movimento independente da classe trabalhadora e da esquerda socialista, incluindo o PSOL, deve levantar esse programa socialista.
Somente a força organizada e mobilizada de forma independente da classe trabalhadora representa uma garantia contra o golpismo e a extrema-direita e a esperança de um futuro melhor para o povo brasileiro. A LSR é parte dessa luta! Junte-se a nós!
A LSR defende:
- Punição de todos os responsáveis pelos ataques golpistas em Brasília e no resto do país a começar por Bolsonaro, empresários, políticos e militares. Organizar comitês populares de denúncia e investigação dos golpistas em todo o país.
- Construir uma jornada unitária de lutas do movimento sindical, popular, estudantil, de mulheres, negros e negras, LGBTQIA+s e povos indígenas contra o golpismo bolsonarista, pela revogação das contrarreformas e ataques do último período e por uma alternativa da classe trabalhadora para a crise.
- Organizar a unidade da esquerda socialista independente do governo para defender uma estratégia de luta da classe trabalhadora e um programa socialista como alternativa para o país.