Chapa combativa vence eleição no sindicato dos Metroviários de São Paulo

No sábado, 03/09, foi anunciado o resultado das eleições do Sindicato dos Metroviários de São Paulo. Foi eleita a Chapa 2, “Metroviários e Metroviárias de Luta”, com 2183 votos contra 1681 obtidos pela Chapa 1 “Unidade Metroviária”.

A eleição aconteceu em um contexto político complexo, marcado por ataques do governo estadual privatista do lobista Rodrigo Garcia, que sucedeu João Doria, e da extrema direita bolsonarista. 

Em uma conjuntura que combina crises econômica, política, social, ambiental e sanitária, a categoria não se furtou de lutar de forma praticamente permanente. Uma luta tanto para manter direitos, como para ser reconhecida como trabalhadores e trabalhadoras essenciais, da linha de frente, que necessitavam prioritariamente de vacinas contra a Covid 19 para atender a população com segurança.

Plebiscito determinou volta a sistema majoritário

Assim, a votação foi também um plebiscito sobre o último período do sindicato. Até estas eleições, a diretoria era formada de maneira proporcional. Praticamente todas as correntes políticas e concepções de movimento estiveram representadas na gestão. Isto permitiu que a categoria tenha feito uma experiência concreta simultânea com as diversas alternativas de direção que se apresentaram. 

As profundas diferenças entre dois grandes blocos das últimas diretorias levaram a categoria a decidir em plebiscito pelo retorno a eleições com formato majoritário. Estas mesmas diferenças ocasionaram, por sua vez, na formação de duas chapas distintas que concorreram entre si.

A Chapa 1, formada por setores ligados ao PCdoB (direção histórica da categoria), PT, PSB, UP e independentes, carregou com ela as consequências de profundos erros e desvios cometidos durante as últimas gestões. 

Balanço negativo das últimas gestões

Em diversos momentos esses setores apostaram no medo e tentaram conter as mobilizações dos trabalhadores e trabalhadoras. Chegaram a defender durante a campanha salarial de 2021 que a categoria aceitasse perder direitos, abrindo mão de parte de seu acordo coletivo. 

Somam-se a isso características burocráticas que atrapalhavam de conjunto a organização da categoria, desde a recusa a ter materiais de base impressos para serem distribuídos pessoalmente, até práticas de aparatismo com as estruturas do sindicato. 

Para que seja feita justiça, vale dizer que esta descrição não é adequada aos membros e simpatizantes da UP, que compuseram a chapa. Contudo, ao tomarem a decisão errada de estar ao lado da Chapa 1 nestas eleições, objetivamente se colocaram juntos do imobilismo e do burocratismo, contra os setores mais combativos da categoria.

Por sua vez, a Chapa 2 acabou por unificar os setores que, nos últimos anos, com todas as suas diferenças, estiveram juntos apostando na mobilização e luta para defesa de direitos e conquistas. 

Nós, da LSR, atuando através do coletivo ‘Luta Metroviária’, não fizemos parte das últimas diretorias do sindicato, mas sempre defendemos que a unidade dos setores combativos da categoria era uma necessidade para o enfrentamento aos obstáculos burocráticos impostos pelos representantes da Chapa 1. Isso mesmo no contexto das antigas eleições proporcionais. 

Por este motivo, nos orgulhamos de ter lutado lado a lado em todos os momentos e de ter composto a Chapa 2 junto com companheiros e companheiras da Resistência, PSTU, CST, MES, LS, MAIS, MRT e independentes. 

Em seu processo de formação, a Chapa 2 estabeleceu a independência de classe diante de qualquer governo eleito como um princípio programático, aliado à defesa das reivindicações da categoria e luta contra a privatização. Em prévias democráticas, abertas à categoria, a chapa decidiu pelo nome da companheira Camila Lisboa para encabeçar a chapa como candidata a presidenta do sindicato.

A vitória da Chapa 2 foi resultado do trabalho militante dos seus membros e apoiadores. Foi possível, em especial, graças ao apoio das frações mais jovens e precarizadas da categoria. Representa, assim, a escolha dos metroviários e metroviárias pelo caminho da luta e da organização de base. E ainda possibilitou um importante passo no combate às opressões ao colocar pela primeira vez uma mulher negra na presidência do sindicato da categoria.

Nova diretoria já está jogada nas lutas

As eleições se deram em meio à luta contra o calote dado pelo metrô no plano de progressão salarial da categoria, acordado na campanha de maio de 2022. Também se deu no contexto dos avanços na política de privatização da empresa. 

Sem sequer tomar posse, a nova diretoria já está jogada nas lutas da categoria. Isso é um prelúdio do que uma das categorias mais combativas do país enfrentará nos próximos anos enquanto os grandes empresários e governos continuarem tentando fazer a classe trabalhadora pagar pelas crises que eles criaram.

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