Barrar o golpe nas ruas!
Derrotar Bolsonaro e construir uma alternativa socialista!
Formar comitês de luta contra Bolsonaro, a fome e o golpe!
Construir um plano de ação nacional da classe trabalhadora e dos movimentos sociais!
O Brasil se afunda numa crise histórica.
A cara de pau de Bolsonaro e os delírios de Paulo Guedes sobre a situação econômica não conseguem esconder a dura realidade. Temos 33 milhões de brasileiros passando fome, além de outros 90 milhões em situação de insegurança alimentar.
Em nosso país, oito em cada dez famílias estão endividadas. 22% dos brasileiros estão com mais da metade de seus rendimentos comprometidos com dívidas e 30% das famílias têm contas atrasadas acumuladas.
Apesar da crise e da miséria reinantes (ou mesmo por causa delas), o lucro dos bancos cresceu 49% em 2021, alcançando 132 bilhões de reais.
Esse é o Brasil de Bolsonaro, a face mais tenebrosa do capitalismo em crise na periferia do sistema. O Brasil da desigualdade brutal, da violência contra os mais pobres, negros e negras, indígenas, mulheres , LGBT+. O Brasil da superexploração do povo trabalhador.
As recentes medidas adotadas pelo governo, ampliando o “Auxílio Brasil” entre outras ações, são completamente insuficientes e tem validade até dezembro apenas. Depois disso teremos um cenário ainda pior se nada for feito. Seu único objetivo é tentar diminuir a rejeição a Bolsonaro nas vésperas das eleições.
Ao mesmo tempo em que faz o jogo sujo do orçamento secreto no Congresso e conta com os métodos da velha política corrupta para conseguir apoio eleitoral, Bolsonaro combina isso com uma estratégia abertamente golpista e disruptiva.
Com um pé bem postado nos carpetes sujos da corrupção no Congresso, Bolsonaro mantém o outro fincado na agitação de rua com caráter golpista e reacionário.
Bolsonaro e a extrema direita estão se preparando para uma demonstração de força nas ruas no dia 7 de setembro. Ele conta com a anuência de segmentos das forças armadas, das forças policiais e grupos civis armados, além do apoio ativo dos setores mais reacionários da pequena burguesia e uma parte do grande capital.
Mesmo sem contar com o apoio explícito da maior parte da classe dominante e do imperialismo a um golpe de Estado hoje, Bolsonaro pretende criar condições políticas para que seu movimento de extrema-direita mantenha-se vivo e atuante no próximo período.
Ele acumula forças para ações mais decisivas e ainda mais graves no futuro.
Responder ao golpismo com firmeza!
A classe trabalhadora e o povo oprimido não podem subestimar os riscos de uma ofensiva golpista do bolsonarismo. É preciso responder a altura!
Nenhuma força social é superior à força da classe trabalhadora em movimento com seus métodos de luta, as greves, as manifestações de massa, a organização e mobilização pela base.
Mas, até agora, a resposta dada pelos setores majoritários na direção dos movimentos sociais e da esquerda tem sido a de apostar principalmente nas instituições da democracia burguesa, no STF e no TSE.
Mais do que conscientizar, organizar e mobilizar pela base os trabalhadores, o que temos visto é uma preocupação centrada no convencimento da burguesia de que Bolsonaro não é a melhor alternativa para ela.
Isso se faz através de uma coalização eleitoral em torno de Lula que inclui, com posição de destaque, notórios representantes da burguesia e do neoliberalismo no Brasil, como Geraldo Alckmin. Se faz também anunciando concessões programáticas ao grande capital, com aquelas feitas por Lula, Alckmin e Mercadante em reunião com empresários na FIESP.
Mesmo assinando Cartas em defesa da democracia, como estamos vendo agora, alguém ainda colocaria a mão no fogo pelos banqueiros, empresários, políticos e juízes do STF que há bem pouco tempo promoveram e consolidaram o golpe institucional de 2016 e a prisão de Lula?
Sem deixar de aproveitar-se das divisões no andar de cima, a esquerda, a classe trabalhadora e o povo oprimido só podem confiar mesmo em sua própria força organizada e consciente.
Uma resposta de massas nas ruas contra Bolsonaro, o golpe e a fome, com tendência a radicalizar-se, poderia conter as tendências antidemocráticas estruturais e históricas da classe dominante brasileira e conquistar a garantia de liberdades democráticas de fato.
O caminho para barrar o golpe e derrotar Bolsonaro não é adotando mais moderação e rebaixamento programático – é exatamente o contrário.
Mobilizar nas ruas e defender um programa da classe trabalhadora
É preciso mobilizar a classe trabalhadora com um programa alternativo à crise que faça com que os super-ricos paguem por ela e atendam as demandas legítimas do povo trabalhador.
É preciso defender o emprego, salário, serviços públicos, o controle de preços da cesta básica, reforma agrária, direito à terra para indígenas e quilombolas, o combate às mudanças climáticas enfrentando os interesses do agronegócio, mineradoras, madeireiras e grandes empresas! Também o direito ao aborto e o fim de toda discriminação sobre as mulheres e pessoas LGBT+, o fim da violência policial e o racismo estrutural sobre o povo preto.
É preciso defender sem vacilação a revogação de todas contrarreformas, privatizações e políticas neoliberais implementadas no último período. É preciso acabar com o teto de gastos, as contrarreformas trabalhista e previdenciária e reestatizar as empresas que foram privatizadas e colocá-las sob controle dos trabalhadores.
Não haverá saída definitiva da crise sem uma auditoria e o desmonte do atual sistema da dívida pública que atende aos interesses dos mega-especuladores junto com o controle público do sistema financeiro e dos setores chave da economia. Essa perspectiva anticapitalista e socialista deve estar no horizonte da luta dos trabalhadores e do povo.
11 de agosto é o primeiro passo – por um plano de lutas!
O 11 de agosto deve ser um primeiro passo na retomada das lutas nas ruas contra Bolsonaro e o golpe em preparação pelo bolsonarismo. Um plano de ação unitário das centrais sindicais e dos movimentos sociais e da juventude deve ser construído desde já.
Ele deve incluir assembleias de base, a formação de comitês de luta, a construção de atos regionais e nacionais, a unidade das lutas em andamento, preparação de greves, e incluir a organização da segurança das ações de luta e das organizações da nossa classe.
Esse plano de lutas deve garantir as condições para que o resultado eleitoral seja respeitado, mas ao mesmo tempo deve seguir além das próprias eleições. Dever ser um plano de ação para barrar o golpe e conseguir criar uma relação de forças capaz de arrancar na luta nossas reivindicações – isso será necessário mesmo sob um governo de conciliação de classes de Lula e Alckmin.
A corrente Liberdade, Socialismo e Revolução (LSR), que atua no PSOL e é parte da Alternativa Socialista Internacional (ASI), luta para derrotar Bolsonaro nas urnas e nas ruas, sempre defendendo a independência de classe dos trabalhadores, seus métodos de luta e um programa socialista.