Inundações no Jardim Pantanal explicitam a irracionalidade do capitalismo

Por quase duas semanas os moradores do Jardim Pantanal, zona leste da capital de São Paulo, ficaram inundados em suas próprias casas. Mais uma vez, o episódio revela a perversidade e a irracionalidade do funcionamento do capitalismo.

A grande imprensa divulgou amplamente os motivos conjunturais que provocaram tal calamidade. O primeiro diz respeito à escolha feita pelos governos do Estado, PSDB, do Serra, e do município, DEM, do Kassab. Diante do temporal que assolou a cidade, essas autoridades públicas tiveram que decidir entre deixar inundar as casas dos pobres ou deixar inundar a via na margem do rio Tietê. Não tiveram dúvidas. As comportas da barragem da zona leste foram fechadas e o Jardim Pantanal foi inundado.

As águas que não encontraram vazão durante dias, contudo, não eram somente do forte temporal. A Estação de Tratamento de Esgotos da Sabesp ficou parada durante oito dias. Isso significou que um fluxo de 450 litros de esgoto deixou de receber tratamento. O esgoto acabou no próprio rio Tietê e em toda a região alagada pelas águas do rio (FSP 17/12/2009).

Paralelamente a tais fatores, os governos do estado e do município estão realizando obras na região com intuito de ampliar as vias marginais no leito do rio Tietê e construir o que eles chamam de parque Linear. O argumento dos governos é que esse parque recuperará a várzea do rio Tietê naquele trecho. Essas obras têm provocado o assoreamento do rio, impedindo o fluxo normal da correnteza.

Nos fatores que provocaram as inundações no Jardim Pantanal há um claro padrão em como os governos capitalistas do PSDB e do DEM tratam as pessoas pobres de nossa sociedade. O desprezo e o descaso são absolutos para com esses setores.

Por trás de todos esses fatores conjunturais estão as escolhas explícitas das autoridades públicas em governar para a minoria rica, para as grandes corporações. E é nesse contexto que os problemas estruturais vividos pela maioria da sociedade também se revelam no caos que tomou contou daquela localidade. O governo federal de Lula e dos seus antecessores também são responsáveis pela não solução desses problemas.

Por exemplo, Lula continua a política de incentivo às indústrias automotivas com a redução do IPI de seus produtos. Esse incentivo só maximiza o caos na cidade de São Paulo. Não há mais espaços para carros em suas vias. Para tal, apoiado pelos governos estaduais e municipais, o governo federal estimula a ampliação das rodovias para absorver mais carros. Isso significa mais concreto nos leitos dos rios, mais concreto por toda a cidade. Logo, as águas das chuvas não têm por onde vazar. Por isso, as inundações deverão continuar e com mais intensidade.

Outra questão estrutural está relacionada ao planejamento urbano e as políticas públicas para garantir moradias decentes para o conjunto da população. Apesar de Lula cantar em verso e prosa que nunca antes esse país experimentou tal e qual melhoria, o Jardim Pantanal é a prova inundada de que as políticas públicas de Lula e dos governos anteriores não vão sanar os problemas de moradia na origem.

 
Plínio participa de manifestação no Jardim Pantanal

O domingo, 20/12, amanheceu ensolarado em São Paulo. Alívio para os moradores do Jardim Pantanal, na zona leste da capital de São Paulo. Há mais de 10 dias as suas casas estavam inundadas. O dia de sol não resolveria o problema, mas amenizaria. Junto com os movimentos sociais organizados, os moradores realizaram ato para exigir das autoridades públicas uma solução definitiva para a situação.

Durante o ato, Plínio de Arruda Sampaio, advogado e militante do PSOL, disse que nenhum morador deveria sair do local sem antes ter outra casa garantida pelos governos estadual e municipal. Chamou a unidade das organizações políticas para fortalecer a luta na região. “Vocês moradores precisam se unir. A força dessa luta vai estar na unidade e na organização de vocês”. Plínio também denunciou os governos de Serra (PSDB), de Kassab (DEM) e de Lula (PT) pela calamidade no Jardim Pantanal.

Os moradores exigem do poder público outra casa com endereço seguro e certo para abandonar de vez as suas casas. A comunidade local também exige a limpeza do rio Tietê para garantir o fluxo da correnteza. Segundo os institutos de meteorologia, as chuvas devem continuar com grande intensidade e a situação no local pode piorar ainda mais.

 
Moradores precisam se unir e lutar pelos seus direitos

Reverter à situação de calamidade que tomou conta da região do Jardim Pantanal passa pela capacidade de união e de organização dos próprios moradores. As autoridades públicas só se moverão pressionadas pelos moradores. Por isso é preciso organizar ações públicas para exigir do estado e do município moradia, limpeza da região, doações e outros direitos.

Nenhum morador pode confiar em promessas de políticos e de seus assessores. Os moradores só podem confiar em suas próprias forças para lutar e conquistar seus direitos. Melhorias só acontecerão por meio das ações de luta dos próprios moradores.

 

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