Fora Bolsonaro! Por uma alternativa feminista, antirracista e socialista, já!

Neste março, nós mulheres ocupamos as ruas no Brasil e no mundo contra os governos e por nossas bandeiras. O mundo foi impactado drasticamente com a pandemia e a crise capitalista. A conta dessa crise não foi sentida no bolso dos mais ricos do mundo, mas sim nas costas da classe trabalhadora. E sob essa classe trabalhadora que é majoritariamente de mulheres, negras, indígenas e lgbts que recaiu a conta mais alta.

Ao redor do mundo as mulheres têm estado na linha de frente das lutas nos últimos anos, seja contra a violência e pelos direitos reprodutivos, pela saúde e vacinas, contra o racismo, e na lutas contra ditaduras, golpes e regimes autoritários.

Quando lutamos, é possível avançar, como vimos na recente vitória das feministas colombianas com a descriminalização do aborto em aé 24 semanas. O país que foi tomado recentemente por movimentos da juventude, indígenas, protestando contra aumentos de impostos, massificou as ruas denunciando a violência policial brutal racista nas periferias e mostrou o caminho da luta. Nesse contexto, ass mulheres organizaram a luta pelo avanço dos direitos reprodutivos. 

Desigualdade abominável

Nesses últimos dois anos de pandemia da Covid-19 o que temos visto é um aprofundamento das desigualdades sociais. Enquanto a renda de 99% da humanidade caiu e mais de 160 milhões de pessoas foram forçadas a pobreza durante a pandemia, os 10 homens mais ricos do mundo dobraram suas fortunas.

É abominável que 252 homens tenham mais riqueza do que todos os 1 bilhão de meninas e mulheres da África, América Latina e Caribe juntos, mas somos nós que sempre pagamos a conta.

No Brasil, essas contradições são ainda mais presentes, porque nossa classe é atravessada por sua formação social mais desigual e racista. Além disso,temos no governo de Bolsonaro a política de agravamento das desigualdades. A fome atingiu mais mulheres e negros, chegando a 11,1% dos domicílios chefiados por mulheres e 10,7% dos domicílios chefiados por negros, enquanto para domicilios chefiados por homens e brancos essa estatistica cai para 7,5%. O cenário que levou uma mulher, mãe de seis filhos, negra, na periferia de Cuiabá, a percorrer quatro quilômetros em busca de ossos doados por um açougue, no qual a fila de espera é de pelo menos duas horas, não são um caso exclusivo, e manchetes sobre o desespero diante da fome se tornaram corriqueiras no país. 

O governo aplica o lema maquiavélico “dividir para governar” e com a pauta das mulheres não foi diferente. Além de ostentar em seus dircursos ataques ao legado da luta feminista, das lgbts, da negritude e dos indígenas, ele ataca nossos direitos com a contrareforma da previdência, a aprovação do pacote anticrime, privatizações, redução generalizada de verba na saúde, educação e assistência social.

Damares não nos representa

Também desmantelou políticas específicas para as mulheres.O governo deixou de aplicar cerca de R$400 milhões no combate a violência contra a mulher, incentivo à autonomia e na saúde da mulher, isto numa realidade de aumento da violência, com uma em cada quatro brasileiras vítimas durante a pandemia. Mas, no discurso, a ministra Damares diz que o governo Bolsonaro é o mais “cor de rosa” da história. Não bastasse reduzir a luta das mulheres à feminilidade expressada na cor, a mesma operou o impedimento da política de distribuição de absorventes para jovens. 

Este cenário não nos é favorável, tão pouco é possível  a manutenção da ordem vigente. Em 2018, quando eleito, as mulheres eram vistas como uma barreira para seu governo e já eram uma parcela com muita rejeição. Hoje não é diferente, além disso pesquisas mostraram que o feminismo é crescente entre as mais jovens, 60% entre 14 e 16 anos se entendem feministas, enquanto entre mulheres com mais de 16 anos são 38% no país se consideram feministas. Essa porcentagem sobe para 47% entre as mulheres negras. 

A consciência racial e feminista avança e não mais é possível se pensar nesta luta separadamente, um dos efeitos disso é o mote geral que chamou nossa mobilização neste ano nacionalmente, incluindo racismo e machismo. Essa é a marca das lutas que protagonizaram as ruas em meio a pandemia. 

Na linha de frente das lutas

Tivemos lutas na educação e saúde, categorias majoritariamente composta por mulheres e que estavam mais expostas e em condições precárias de vida. Também tivemos lutas por justiça contra o genocídio do povo negro, em sua maioria dirigida por mães que perdem seus filhos por um Estado racista. O movimento indígena também manteve se na luta, com muitas mulheres à frente que conseguiram chamar atenção e confrontar a política de ataque às suas terras e de violência contra seus povos.

A nossa luta é uma luta de toda a classe trabalhadora. Fazemos um chamado não só às mulheres, como aos homens trabalhadores, aos sindicatos, aos movimentos sociais, aos partidos de esquerda: assumam as bandeiras do feminismo socialista todos os dias do ano.

Isso só reforça o que as mulheres socialistas vem dizendo há muito tempo: não há fim da opressão dentro do sistema capitalista, não queremos equiparação com índices de miséria.

A nossa saída é na luta coletiva. O empoderamento individual pode servir para mulheres da classe média, mas para nós, mulheres trabalhadores e pobres do mundo, só teremos mudança real estourando os limites desse sistema.

Por isso, nós, feministas socialistas, defendemos a expropriação das grandes fortunas acumuladas sob o suor de nosso trabalho mal pago, e uma redistribuição de toda a riqueza a fim de reparar as mazelas criadas pelo sistema capitalista. 

Para nós feministas socialistas o vírus dessa desigualdade na verdade é o sistema capitalista. Precisamos por fim a opressão e exploração deste sistema e temos o que propor no lugar, um sistema onde nós estejamos no controle, com democracia e planificação econômica e distributiva. Por isso é urgente termos uma alternativa de feminismo antirracista e socialista!

Vamos encher as ruas no 8 de março e em todos os dias do ano!

  • Fora Bolsonaro, Mourão e suas políticas neoliberais, racistas e machistas!
  • Basta de Violência Contra as Mulheres! Por 1% do PIB para políticas de combate à violência contra às mulheres!
  • Por comida, emprego, educação e teto!
  • Por uma alternativa feminista antirracista socialista!

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