Carta pública sobre a saída das mulheres da LSR-PSOL e MAIS do MML

O Movimento Mulheres em Luta (MML) foi fundado em 2008, no I Encontro Nacional de  Mulheres da CONLUTAS. O objetivo era ser um movimento de mulheres classista, se propondo como uma alternativa para as mulheres trabalhadoras às organizações de mulheres até então denominadas governistas, ou seja, que eram dirigidas pelo campo de apoio ao governo do PT, e os movimentos feministas burgueses. Em 2013 o MML fez um encontro muito positivo, com presença de mais de 2000 mulheres, várias organizações e movimentos feministas.

Fomos parte ativa da história do MML, construindo todas iniciativas de norte a sul do país. Achamos que é muito importante impulsionar movimentos que se proponham a organizar a luta das mulheres trabalhadoras, da periferia, as estudantes, as negras e as LGBTs, pois são essas as mulheres que mais sofrem com a combinação da exploração capitalista e da opressão machista, agravada com o racismo e a LGBTfobia.

Defendemos que dentro de um movimento de mulheres as diferentes opiniões políticas devem ser consideradas no cotidiano do movimento, as instâncias do movimento devem ser respeitadas e delas devem sair as posições e as iniciativas políticas que o movimento deve adotar. Infelizmente hoje não é mais essa a realidade do MML. Suas executivas nacionais ou regionais praticamente não funcionam e muito de suas posições públicas não são pautadas neste espaço.

Reflexo disso, foi a problemática atuação do MML neste 08 de  março, principalmente na cidade de São Paulo. Além do movimento não ter composto o ato conjunto dos movimentos feministas da cidade, que convocaram uma importante manifestação contra a Reforma da Previdência do governo Temer, lançou um balanço público, no meio do processo de construção do ato, sem que antes fosse debatido em um fórum do MML.

Acreditamos que os espaços políticos para organizar as mulheres classistas precisam ser coerentes com o processo de reorganização da esquerda, e por tanto, devem privilegiar os debates, o respeito entre as diferenças internas e a unidade para lutar, tão imprescindível diante dos brutais ataques aos quais nossa classe vem construindo a resistência e dos quais os setores oprimidos são as principais vítimas.

Assim, comunicamos o Movimento e a CSP – Conlutas, Central Sindical e Popular, a qual o MML é filiado e que também reivindicamos, que não compomos mais o Movimento Mulheres em Luta. Seguiremos na luta por uma alternativa classista para as mulheres e por uma sociedade sem opressão.