A violência contra as mulheres aumenta – o sistema inteiro é o culpado!
ASI e ROSA em ação no dia internacional para a eliminação da violência contra a mulher
No dia 25 de novembro, famílias, pessoas amigas e comunidades inteiras lembram as mulheres que perderam suas vidas devido à violência doméstica. De acordo com um relatório da ONU de 2021, uma mulher ou uma menina morre pelas mãos de um parceiro íntimo ou de um membro da família a cada 11 minutos, e a OMS (2021) relata que uma em cada três mulheres sofre violência física ou sexual de um parceiro íntimo, tornando a violência íntima a forma mais prevalente de violência. É provável que o número real seja muito maior, já que a violência doméstica e o abuso são notoriamente subnotificados.
Milhões em todo o mundo usam esta ocasião para expressar sua indignação perante a insensibilidade criminosa de governos e autoridades estatais no tratamento de casos de violência e abuso doméstico, e a falta de recursos para as vítimas. Mas os feminicídios e a violência doméstica são apenas a ponta do iceberg da violência sistemática contra as mulheres sob um sistema que produz pobreza desenfreada, condições de trabalho intoleráveis e salários de fome – servindo como um terreno fértil para o machismo, o racismo e a violência. Com os custos altíssimos da energia e o aumento dos preços de moradia, a grande maioria da população mundial está lutando para sobreviver, e camadas maiores da população enfrentam a insegurança alimentar ou a fome, enquanto os mais ricos estão obtendo lucros recordes.
Membros e apoiadores da ASI e da ROSA Internacional em mais de dez países dos cinco continentes organizaram e participaram de manifestações, comícios e discussões neste 25 de novembro, convocando uma contraofensiva aos ataques da extrema-direita e de regimes repressivos sobre nossos corpos e nossas vidas. Por investimentos massivos nos setores sociais ao invés de cortes, por salários, não podemos viver de medidas de austeridade e ataques ao nosso direito de organização, por habitação pública ao invés de privatizações, e por um movimento que lutará para substituir um sistema que lucra com nosso sofrimento. Inspirados pela revolta corajosa das massas no Irã, centenas de milhares em todo o mundo saíram às ruas neste dia.
No Canadá, onde o assassinato e o desaparecimento de mulheres e especialmente de mulheres indígenas e pobres são predominantes, militantes da ASI realizaram uma discussão sobre a violência contra as mulheres, e a luta necessária para travar esse combate.
A ASI na Cidade do Cabo e Joanesburgo, na África do Sul, também realizaram reuniões no dia para discutir como os socialistas podem lutar.
Irlanda
A ASI e o ROSA na Irlanda realizaram iniciativas em quatro cidades ligando a violência contra as mulheres à luta pelos direitos reprodutivos e à opressão sistêmica das mulheres na Irlanda e internacionalmente. No dia seguinte, militantes realizaram uma plenária nacional do ROSA, iniciando a preparação e a organização do Dia Internacional da Mulher em 8 de março.
Militantes na Inglaterra, País de Gales e Escócia realizaram iniciativas em quatro cidades. Em Londres, Leicester e Glasgow realizaram comícios e atos, com discursos e palavras de ordem em solidariedade ao levante no Irã, apelando à resistência em massa contra a austeridade e os ataques contra nossos corpos e nossos direitos. Em Manchester, militantes da ASI participaram de uma manifestação em solidariedade com o movimento no Irã, onde cerca de 200 manifestantes participaram, gritando contra a brutal repressão ao regime iraniano.
No Brasil, militantes da LSR/ASI fizeram panfletagem em Santos. No dia 20 de novembro, participaram de manifestações do Dia da Consciência Negra – o maior em São Paulo, com cerca de cinco mil manifestantes. Militantes da LSR/ASI marcharam atrás da faixa: “Fim do racismo! Não à violência policial e aos ataques golpistas. Por uma alternativa socialista antirracista”. Em panfletos e palavras de ordem enfatizaram o aspecto sistemático do racismo e do machismo, ligando a opressão das mulheres e o racismo, especialmente porque as mulheres negras no Brasil são muito mais vulneráveis à violência e têm menos acesso a recursos.
Na Itália, milhares de pessoas marcharam nas ruas de Roma para mostrar resistência de massas à ameaça da extrema-direita e ao perigo iminente aos direitos e segurança das mulheres e das pessoas LGBTQ+. Militantes da ASI participaram de uma manifestação de cerca de 200 pessoas em Biella. Os partidos de centro e “esquerda”, que quase se tornaram sinônimo de austeridade e ataques neoliberais, não conseguiram convencer a maioria da população de que têm algo a oferecer, abrindo um espaço para um governo da extrema-direita pela primeira vez desde a segunda guerra mundial. A grande manifestação em Roma e a resposta ao nosso material indicam que enquanto Meloni e sua quadrilha podem ter lucrado com o fracasso do centro/ “esquerda”, eles não têm apoio público para voltar o relógio às “normas tradicionais da família” e a subordinação das mulheres aos homens.
Como na Itália, as recentes eleições em Israel resultaram em um fortalecimento eleitoral da extrema-direita, aumentando a necessidade de uma ampla luta ofensiva em prol dos direitos das mulheres e pessoas LGBTQ+ e contra a escalada dos ataques contra os palestinos. A violência contra as mulheres tem sido um ponto focal de luta nos últimos anos, trazendo centenas de milhares de homens e mulheres judeus e palestinos para as ruas. O fracasso do governo de “mudança” em se livrar do odiado Netanyahu e seus amigos de extrema direita abriu espaço para essas forças, mas as manifestações de massas nos últimos anos contra a opressão das mulheres e pelos direitos LGBTQ+ mostram nitidamente que este governo não tem o apoio do público para ataques aos nossos direitos. Em 25 de novembro, militantes da ASI participaram de manifestações em Tel-Aviv e Jerusalém, onde centenas participaram, e organizaram um comício em Haifa. Associamos a necessidade de lutar por recursos imediatos para as vítimas à necessidade de investimentos massivos no setor social, e uma luta unificada de trabalhadores palestinos e judeus contra o novo governo nacionalista, racista, machista e homofóbico.
Em Bruxelas, Bélgica, 300 militantes e apoiadores da ASI e do ROSA formaram um bloco enérgico em uma manifestação de vários milhares. Argumentamos que precisamos combater a pobreza a fim de combater a violência contra as mulheres e exigimos investimentos massivos em abrigos, creches e serviços de afirmação de gênero.
Em Paris, França, cerca de 80 mil pessoas marcharam neste dia, onde a ROSA também liderou um bloco de 150-200 sob a bandeira “combater a opressão, o machismo e a austeridade”. Na Alemanha, militantes da ASI e do ROSA participaram de manifestações em sete cidades e organizaram uma grande manifestação de cerca de 800 participantes em Bremen, com uma forte linha feminista socialista inspirada na revolta do Irã, apelando à solidariedade com o movimento.
Na Áustria, militantes da ASI e do ROSA participaram de manifestações em Graz e Linz, e tomaram a iniciativa de uma grande manifestação em Viena. Pouco mais de mil mulheres e homens participaram da maior e mais militante manifestação de 25 de novembro que a cidade já viu. “Jin, Jiyan, Azadi” e “Mulher, Vida, Liberdade” ecoaram pelas ruas do bairro da classe trabalhadora e os participantes cantaram entusiasticamente contra a violência sistêmica contra as mulheres, pessoas LGBTQ+, migrantes e minorias étnicas. Os discursos relacionaram o custo de vida, cortes nos setores sociais e guerra à opressão das mulheres e à necessidade de uma luta internacional e militante pela mudança do sistema.
O dia internacional pela a eliminação da violência contra as mulheres acontece este ano em meio à guerra sangrenta na Ucrânia e a uma escalada da guerra fria imperialista, a uma crise energética cada vez mais profunda, a uma pobreza e fome crescentes e a uma tendência crescente de fortalecimento das forças reacionárias, à repressão estatal e aos ataques aos nossos direitos. A revolta no Irã, desencadeada pelo brutal assassinato de Jina Mahsa Amini às mãos do regime iraniano, já inspirou manifestações de massas em todo o mundo, mesmo sob a terrível repressão da ditadura chinesa. Enquanto as crises econômicas e a pobreza levam a classe trabalhadora a sofrer em toda parte, aumentando as crises de saúde mental, a violência doméstica entre muitas outras coisas, ao mesmo tempo eu que um punhado de super-ricos continua a acumular lucros às nossas custas, nossa resposta precisa ser: resistência de massas contra um sistema que coloca os lucros à frente de nossas vidas! Para lutar, devemos nos organizar não apenas em ocasiões especiais, mas todos os dias, em todas as escolas, universidades e locais de trabalho, em todas as cidades do mundo. Por uma alternativa a este sistema podre, uma alternativa que substitua a opressão, a exploração e a guerra pela igualdade, prosperidade e paz.