Toda solidariedade a Andreia de Jesus

Não seremos mais interrompidas

A Deputada Estadual Andréia de Jesus do PSOL está atualmente como presidenta da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Ela se posicionou firmemente sobre o episódio que ocorreu em Varginha no último dia 31/10, onde 26 pessoas foram executadas numa ação realizada pela Polícia Militar do Estado de Minas Gerais e pela Polícia Rodoviária Federal chamada de “vitoriosa”, mas que, em realidade, foi desastrosa, pois só ficaram vivos para contar a história o lado que, ao que tudo indica, agiu desproporcionalmente.

Como abolicionista penal, advogada popular, defensora do devido processo legal e como Presidenta da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa mineira, não havia outra postura da Deputada a não ser questionar os termos em que tal ação “vitoriosa” foi realizada.

Por conta dessa sua postura, coerente por sinal, a horda de bolsonaristas e defensores do que há de mais atrasado entre a espécie humana, vem desde então em seu perfil e no privado proferir xingamentos e fazer ameaças diversas contra ela e sua família. Ameaçam inclusive a sua vida, fazendo questão de lembrar que ela não seria a primeira parlamentar negra a ser assassinada e que teria o mesmo fim que Marielle Franco, vereadora do Rio de Janeiro covardemente executada com 11 tiros em 2018.

É inadmissível que em pleno exercício da democracia, onde o Estado garante que não há pena de morte, pessoas ainda comemorem execuções sem ao menos questionar as circunstâncias em que tais execuções foram realizadas. De bolsonaristas, não se espera muita coisa, mas de pessoas comuns é espantoso.

Todas as pessoas, quaisquer que sejam, têm direito ao devido processo legal, ao contraditório e ampla defesa serem investigadas e, se comprovada a autoria, serem responsabilizadas pelo ilícito penal por meios que não sejam necessariamente o encarceramento, por exemplo, quiçá a pena de morte.

A execução dessas 26 pessoas em Varginha não pode ser considerada “vitoriosa” como nos faz querer crer o atual Secretário de Justiça, Rogério Greco, e o Governador de Estado, Romeu Zema.

Os excessos precisam ser averiguados sim, com imparcialidade, por uma comissão independente para que não aconteça novamente e este tipo de abordagem se torne o modus operandi que dá origem e alimente milícias, tais quais a do Rio de Janeiro.

Lembremos que o suposto crime, que os supostos suspeitos estavam supostamente planejando, era um suposto assalto a um posto de distribuição do Banco do Brasil, ou seja, um suposto crime contra o patrimônio.

Prioridades precisam ser questionadas. A CPI da Covid-19 do Senado Federal apontou diversas pessoas e empresas diretamente envolvidas em crimes contra a vida, no entanto, nenhum dos apontados tiveram suas casas arrombadas e cravadas de bala. Porque isso não é o certo. Mesmo sabendo que poucas serão indiciadas e ao final responderão em liberdade. Agora, porque em um suposto crime contra uma instituição financeira os agentes do Estado fazem justiça com as próprias mãos?

Não vamos permitir que por exercer sua função legitimamente, levantando questões importantes para elucidar os fatos, a Deputada Andreia de Jesus sofra qualquer tipo de ameaça ou cerceamento de suas prerrogativas. O Secretário de Justiça e o Governador do Estado precisam garantir a integridade física e moral da Deputada e de qualquer cidadão de Minas Gerais, bem como serem responsabilizados por qualquer ação que seus seguidores fanáticos vierem a tentar ou levar as vias de fato contra a Deputada e seus familiares.

Não seremos mais interrompidas!

Solidariedade à Andreia de Jesus!

Esclarecimentos quanto ao massacre de Varginha, sim