PUC Campinas: Mobilização dos estudantes enfrenta lógica mercantil
Desde o semestre passado a reitoria da PUC de Campinas anunciou a unificação de dois centros (Centro de Ciências Humanas e Centro de Ciências Sociais Aplicadas) não apenas na nomenclatura, mas também na própria estrutura física. A direção do Centro prometeu uma estrutura adequada. Confiantes, os alunos acataram. Iniciam-se as aulas e os estudantes vêem-se num verdadeiro buraco.
Salas de aula pequenas, uma cantina com apenas um restaurante que cobra preços exorbitantes, xerox que não dá conta da demanda e a falta de transporte interno que obriga os estudantes, funcionários e professores a percorrerem uma enorme distância até o ponto de ônibus. Some-se a isso a completa falta de democracia e uma burocracia grotesca. O resultado não poderia ser outro: indignação.
Diante desse quadro, o DCE junto com os CAs do Centro organizou a primeira assembléia após dez anos. Ela deliberou, para o dia seguinte, uma mobilização. Foi com espanto que a reitoria e suas instâncias viram uma passeata (com cerca de 150 estudantes) percorrer todo o Campus, entoando palavras de ordem e convidando todos para a luta. A passeata encerrou-se numa nova assembléia que deliberou por paralisação.
No dia seguinte, o diretor do Centro foi rápido na reação e convocou uma reunião com aqueles que estavam à frente do movimento. A intenção era clara, minar a paralisação. Na terça feira da semana subseqüente, o mesmo diretor convocou uma nova reunião, agora com representantes de entidades e de salas apresentando uma resposta às reivindicações muito aquém do que era exigido. A única proposta concreta apresentada foi um prazo de dez dias para que o transporte interno começasse a circular. Iniciou-se a contagem regressiva.
Temos clareza de que a via burocrática não levará a nada, muito embora exista alguma ilusão em alguns setores. Ao término do prazo, estamos organizando, por meio do DCE, Assembléias em todos os Centros e cursos. Qual nossa intenção? Paralisar os três Campi da Universidade no dia 24 de setembro.
Reivindicando democracia interna, com eleições paritárias (neste semestre haverá mudança de cargos administrativos, inclusive reitoria), restaurante universitário, assistência estudantil para além de um Prouni deficitário e redução das abusivas mensalidades, junto com as pautas específicas de cada centro. Os problemas do CCHSA não são específicos, refletem a realidade da PUCC enquanto totalidade imersa noutra mais ampla e em crise, o capitalismo.
Os índices de inadimplência aumentam e na esteira de uma lógica mercadológica esta Universidade visa maximizar seus lucros. Novas vagas são abertas (vimos um inédito vestibular de inverno no curso de Direito), o Ensino a Distância é implementado, mas não existe política para a permanência dos alunos prounistas e não há nenhuma disposição por parte da reitoria em resolver estes problemas.
A principal tarefa dos lutadores é consolidar esse movimento, indicando as conclusões mais positivas, desvelando a mercantilização do ensino e as contradições de um sistema que precisa ser superado. Para isso, um Fórum Nacional de lutas que organize e unifique o movimento estudantil é a melhor saída para que os estudantes possam contribuir efetivamente na luta da classe trabalhadora.