CNE: avanço ou retrocesso?
O Congresso Nacional dos Estudantes (CNE) foi realizado no Rio entre os dias 11 e 14 de junho e reuniu cerca de 1,8 mil estudantes que debateram os rumos do movimento estudantil.
Foi um Congresso que poderia dar um passo importante em direção à reorganização do movimento estudantil após a falência da UNE como instrumento de luta. No entanto, tendo o PSTU como força majoritária, os debates no CNE se concentraram na questão da criação imediata de uma nova entidade.
Houve uma polarização entre a proposta da nova entidade já e os que acreditam que é mais importante, neste momento, construir um calendário unificado de lutas e um programa político que balize o movimento estudantil para além das discussões burocráticas.
Uma nova entidade deve ser fruto de um acúmulo de lutas unificadas, não da vontade de um grupo ou outro. É preciso lembrar que a esquerda combativa do movimento estudantil ainda hoje está fragmentada e encontra sérias dificuldades para atuar de maneira conjunta.
O CNE acabou aprovando a criação imediata de uma entidade estudantil, a chamada Assembléia Nacional dos Estudantes – Livre (ANEL). O Congresso aprovou que a nova entidade está formalmente aberta aos que participam dos fóruns da UNE. Mas, a postura geral adotada não é muito diferente da antiga Conlute (Coordenação Nacional de Luta dos Estudantes), também patrocinada pelo PSTU, que enfatizava a separação entre quem participa, mesmo que fazendo oposição, em algum fórum da UNE e os que constroem uma nova entidade.
Nossa proposta no Congresso, unificando outros setores, foi a da criação de um Fórum Nacional de Estudantes a ser construído localmente, com comitês locais, e nacionalmente, de modo a possibilitar que as entidades de base do movimento estudantil, como CAs, DAs, DCEs e Executivas de Curso pudessem decidir de forma direta os rumos do movimento.
Isto possibilitaria a criação de um calendário de lutas unificado. Isso sim seria um passo sólido na reorganização do Movimento Estudantil.
Das 14 teses que foram apresentadas no CNE, apenas duas se posicionavam pela criação da ANEL.
Acreditamos que a ANEL pode servir, na prática, para confundir ainda mais os estudantes e a forma como ela foi criada é um exemplo típico das dificuldades que encontramos atualmente no processo de reorganização do movimento estudantil: cada um por si na construção dos espaços próprios, buscando se diferenciar dos outros grupos.
Conseguimos aprovar no CNE a construção de uma plenária do movimento estudantil combativo para o final do ano. A idéia é trabalhar essa plenária durante o ano para que de fato estejam lá todos os setores que vêm lutando pela educação pública e de qualidade para todos.
Estudantes do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, São Paulo e Minas Gerais, reunidos no CNE, decidiram pelo início de um processo de formação de um coletivo nacional para atuação no movimento estudantil.
Este coletivo, em construção, luta pela unidade da esquerda combativa. Luta por bandeiras como a assistência estudantil e a instauração da democracia nas universidades particulares.
Buscamos construir uma nova concepção de movimento estudantil com autonomia frente a partidos, classista, amplamente democrático, que seja capaz de superar as disputas fratricidas da esquerda na recomposição da unidade das lutas estudantis!
Está nascendo um coletivo nacional de estudantes que trabalhará para unir os lutadores… Esta é nossa aposta: unir para lutar!