Não morreremos de fome nem de vírus – que os super-ricos paguem pela crise!
O capitalismo ficou exposto nesse contexto do coronavírus e revelou como a pandemia não é nada democrática. Não estamos no mesmo barco que os ricos!
Em São Paulo, estado com maior número de contaminações, vemos a situação real. No Morumbi, bairro rico da Zona Sul, houve mais registros de contaminação, mas o maior número de mortes encontra-se na Brasilândia, bairro periférico na Zona Norte de São Paulo. Essa situação se repete pelo país.
É fato que todos estão propensos a serem contaminados pelo vírus, mas nesse sistema, uns tem chances de viver, enquanto outros estão fadados à morte.
É importante demarcar que não é apenas o vírus em si que coloca as vidas em risco. Nesse contexto, mulheres, negras, LGBTs, estão mais expostas e vulneráveis à violência. O ambiente doméstico, que deveria ser de segurança, muitas vezes é onde também elas estão sujeitas a sofrerem agressões, sobretudo com confinamento e sem condições financeiras para sair dessa situação.
O desemprego, a fome, o aumento dos índices de suicídio, a dificuldade de atendimento para outras doenças em um cenário de superlotação dos hospitais… são inúmeros os desafios que a classe trabalhadora enfrentará.
Em uma de suas lives, Bolsonaro chegou a afirmar que a troca de ministro se deu porque o anterior era “voltado quase só para a questão da vida” e que era preciso se preocupar também com a economia, como se houvesse economia sem vida! A economia não deveria ser tratada como uma entidade autônoma da sociedade, mas sim à serviço dela.
Nesse sistema, a economia é vista pela lente do lucro, e não da humanidade. Isso faz com que faça sentido colocar em risco e/ou sacrificar mais e mais vidas em nome da preservação da “economia”.
As pessoas mais pobres veem os números de casos e mortes se convertendo em rostos, de seus vizinhos, colegas de trabalho, parentes, amigos. Muitos perdem o sono pensando na próxima semana, como lidar com a fome, a sua e de sua família. Enquanto isso acontece, vemos também uma verdadeira corrida da indústria farmacêutica buscando meios de obter ainda mais lucros em cima do nosso sofrimento.
Nesse contexto crítico, o “mercado” e o sistema capitalista se mostra, inúteis. A única possibilidade de obtermos algum avanço é quando rompemos com a lógica do mercado. É quando os recursos são usados em solidariedade e em colaboração.
Quando o mercado prevalece, as coisas não andam e ele mostra sua face cada vez mais perversa sob a forma de aumento dos preços de máscaras, ventiladores, etc. seguindo a lei da “oferta e procura” desumana.
A necessidade de usar os recursos da sociedade de forma coordenada, com um planejamento democrático, para suprir as necessidades da população e não a busca pelo lucro, é o que se mostra necessário nessa crise. Essa é a base fundamental de um sociedade socialista.
São duas necessidades que precisam estar no primeiro plano nesse momento: garantir que toda a população tenha comida e garantir que o sistema de saúde tenha todos os recursos necessários.
Na questão da alimentação, já se produz o suficiente para que todo mundo tenha o que comer. Trata-se agora de garantir a distribuição e o sustento de quem produz.
Para garantir os recursos necessários à saúde, é necessário reconverter a indústria para produção de equipamentos de proteção e prevenção do coronavírus e insumos como respiradores e medicamentos para o tratamento das pessoas contaminadas. É preciso garantir a livre produção da tecnologia e, para isso, que se quebre as patentes.
Hoje o Brasil é um dos países que menos realiza testes, o que demonstra que qualquer decisão de afrouxamento da quarentena não passa de uma medida imprudente baseada em mero achismo, sucumbindo à pressão do mercado.
A saúde precisa ser 100% pública, com uma fila única de acesso. Hoje há mais leitos privados que leitos públicos, enquanto a demanda é maior no SUS. Nenhuma vida vale mais que outra.
É preciso acomodar as pessoas em locais seguros – se não for possível que permaneçam em suas casas é preciso garantir abrigos provisórios em escolas e outros equipamentos, hotéis etc. A garantia de confinamento com segurança é um direito. Privilégio é ir para um bunker privado, como alguns super-ricos estão fazendo.
Para não morrer de fome, nem de vírus, é preciso um giro de 180° nas medidas do último período, como a Reforma Trabalhista e Reforma da Previdência, e mais recentemente o pacote de R$ 1,2 trilhões para salvar os bancos em meio a essa crise. É preciso defender uma economia à serviço da vida, e não às custas da mesma.
O Brasil é um paraíso para os ricos, bancos e grandes empresas. Os cinco maiores bancos lucraram 108 bilhões de reais no ano passado. Os cinco bilionários mais ricos do país tem uma riqueza acumulada maior que a dos cem milhões mais pobres.
Na lógica do sistema, cinco pessoas “valem” mais que cem milhões. Ao mesmo tempo, a carga tributária para quem ganha um ou dois salários mínimos é muito maior do que para quem ganha 20 salários mínimos ou mais.
Esses super-ricos acumularam sua riqueza em cima dos baixos salários da maioria da população e da política neoliberal que sucateou o SUS em prol do setor privado e deixou o país despreparado para a atual crise. O sistema da dívida pública desvia centenas de bilhões dos orçamentos públicos, enriquecendo os bancos e um punhado de ricos.
“Super-ricos” e “superpobres” são faces de uma mesma moeda – expressões do mesmo sistema capitalista. Os lucros desse 1% da população mundial foi acumulado através da apropriação do trabalho de todos nós. Chegou a hora de tomarmos o que é nosso de volta. Que os super-ricos paguem por essa crise. Não somos nós que devemos pagar com nossas vidas.Para isso, o controle dessas riquezas precisa estar nas mãos do povo, da maioria, daqueles interessados em garantir a vida e a saúde. Defendemos:
- Fora Bolsonaro, Mourão e a agenda neoliberal!
- Fim das isenções fiscais para as grandes empresas.
- Suspensão do pagamento da dívida pública para grandes capitalistas e especuladores, pelo desmonte do sistema da dívida que tem consumido centenas de bilhões sem sequer passar por auditoria. Estatização dos bancos e do sistema financeiro sob controle e gestão democrática dos trabalhadores(as).
- Taxação das grandes fortunas, lucros e dividendos das grandes empresas.
- Anulação da Emenda Constitucional do Teto de Gastos e da Lei de Responsabilidade Fiscal, que limita investimentos públicos. Pela recuperação e melhora de serviços públicos como o SUS.
- Preservar vidas não é “gasto”: garantia de renda e emprego, distribuição de cestas básicas, renda emergencial e equipamentos de proteção.
- Direito a equipamentos de segurança e salário digno para quem tem trabalho essencial. Direito de ficar em casa, com manutenção da renda, para quem não tem trabalho essencial e para quem faz parte dos grupos de risco.
- Testes em massa para controle epidemiológico, garantir medidas de saúde, incluindo ampliação de leitos, para possibilitar a avaliação sobre futuro afrouxamento da quarentena.
- Reconversão da produção sob o controle dos trabalhadores para garantir a produção necessária de equipamentos médicos e de proteção para combater a pandemia.