A reorganização dos movimentos sociais de juventude

A necessidade de organizar a luta da juventude é cada vez mais urgente. A crise do capitalismo tende a aumentar os ataques contra a juventude, precarizando a vida com menores salários, demissões, condições mais difíceis de trabalho, educação pública sucateada e instituições educacionais privadas de péssima qualidade.

Enquanto isso, como anda a organização da juventude?

Muito se discute sobre a necessidade de aprofundar as formas de organização política da juventude, mas ainda estamos diante de uma grande coleção de siglas, de frentes, coletivos, entidades, que parecem mais nos confundir do que realmente servir de ferramenta para a conquista de direitos.

Não podemos nos furtar deste debate, pois temos que fortalecer as iniciativas que expressam a rebeldia da juventude, garantindo uma conseqüência maior, pois a resposta dada pelos movimentos sociais ainda é limitada, fruto da desunião e da ausência de um programa mais estratégico para as lutas.

Congresso dos Estudantes

Este ano será de grandes debates para a juventude. Entre os dias 11 e 14 de junho, na UERJ (Rio de Janeiro) acontecerá o Con­gresso Nacional de Estudan­tes. Trata-se de uma iniciativa puxada por alguns DCE’s, CA’s, DA’s e a Conlute e que foi debatida no Encontro Nacional de Estudantes em 2008 e reafirmada durante a ocupação da UERJ em setembro do mesmo ano.

Tal iniciativa se apresenta como uma resposta à urgência de organização da juventude diante do adesismo da UNE (União Nacional dos Estudantes) ao governo Lula e suas políticas neoliberais.

Ainda que com sérias limitações, pois possui pouca representatividade diante do que é o movimento estudantil nacionalmente, reunindo pouco mais de 50 entidades (sendo que algumas, como é o caso da Executiva Na­cional dos estudantes de Letras, retiraram-se do processo), a juventude do SR acredita que é de muito importante a participação neste espaço.

Ocupar qualquer espaço onde seja possível promover uma ampla discussão e construir uma agenda de unificação para as lutas, é uma necessidade.

É provável que haja a discussão sobre a formação de uma nova entidade de estudantes alternativa à UNE. Entendemos que esta demanda deve surgir de um amplo movimento da juventude, o que não vem acontecendo. Se observarmos as ocupações nas universidades federais na luta contra o REUNI, veremos que este debate nem foi feito pela massa de estudantes durante as lutas.

Nossa postura é reivindicar o espaço como uma possibilidade de discussão e unificação da agenda de lutas dos estudantes, mas que não se forje uma nova entidade estudantil sem real inserção entre os estudantes. Deve­mos participar deste debate e fortalecer os espaços de mobilização que priorizem a unidade dos lutadores.

O Congresso da UNE

Outro espaço de grande importância é o próprio Congresso da UNE (CONUNE), que provavelmente acontecerá em agosto deste ano. Apesar das limitações quanto ao espaço de discussão, já que a UJS (PC do B) os esvazia deliberadamente, há cerca de 8 mil estudantes e mais de mil entidades de juventude que devem participar do seu congresso bianual.

Apesar do método antidemocrático da entidade com tiragens de delegados duvidosas e uma proporção pouco representativa, aponta as possibilidades de fazermos um diálogo com um grande número de estudantes, principalmente aqueles das universidades privadas, que sofrem com as piores condições de ensino.

Devemos considerar ambos os espaços como limitados em vários aspectos, mas importantes para fomentarmos ações conjuntas para lutarmos por mais direitos para a juventude. A tiragem de delegados não pode ser uma corrida por crachás, mas uma forma de aprofundar os debates e aglutinar mais estudantes para a agenda de luta do próximo período contra os ataques do governo Lula que encaminha a precarização das universidades públicas, flexibiliza regras e cede verba pública para os grandes empresários da educação.

Juventude não-universitária

Além do movimento estudantil, a juventude se organiza em diversos movimentos populares como cursinhos pré-vestibulares populares, associações de moradores, grupos culturais, movimento de sem-terra, de sem-teto e direitos humanos que são de suma importância.

Estes movimentos ainda se encontram espalhados de forma ainda pouco interligada e sem uma plataforma comum. Os espaços de debate comum entre estes movimentos devem ser fomentados como acontece nas plenárias de movimentos sociais e na Conlutas, de modo que possamos atuar conjuntamente nas diversas frentes de militância da juventude.

O ano que se inicia promete uma realidade cada vez mais dura em função da precarização da vida. A juventude tem a tarefa de responder a altura como já aconteceu na Grécia no último período. Esta luta é nossa.