Juventude e a crise econômica: 40% dos desempregados são jovens

A juventude trabalhadora é aquela que luta contra o tempo, busca conciliar, quando pode, o trabalho e o estudo. É aquela que está nas universidades, mas também fora dela, está na cidade e no campo, é também trabalhador, funcionário, empregado, aluno, ou aquele que está fora da escola e desempregado.

Todos estes jovens tem algo em comum: sofrem com a privatização do ensino, com a baixa qualidade de ensino, com a peneira social que é o vestibular, com a falta de vagas nas universidades públicas, etc. São os mesmos que sofrem com o emprego precarizado, com os estágios não remunerados, com a falta de perspectivas sociais e econômicas.

20,6% dos jovens estão sem emprego

Segundo o IBGE, a juventude brasileira representa cerca de 20% da população economicamente ativa, que é composta por pessoas ocupadas e desocupadas procurando por trabalho. Dentre estes, o índice de desemprego atingiu neste mês de janeiro, com a crise, a marca de 20,6%, sendo que, deste percentual, cerca de 40% são jovens, ou seja, quase a metade dos desempregados é composta por jovens de até 24 anos.

Para muitos só resta a informalidade

Com as demissões em massa e a precarização do trabalho, o que resta a estes jovens é cair na informalidade, trabalhar em dois empregos, realizar estágios em troca da famosa ajuda de custo, que muitas vezes não dá nem pra cobrir os gastos com transporte, etc. São jovens que aprendem, desde cedo, a contribuir com a renda familiar e são obrigados a se tornarem adultos tanto mais cedo isto for possível. Isto implica, em muitos casos, em abandonar os estudos, não priorizar a escola ou a universidade.

Não é a toa que os índices de defasagem idade/série, por exemplo, são mais altos nas escolas públicas onde estudam os filhos dos trabalhadores, aqueles mesmos que nascem para trabalhar até morrer. São jovens que não conseguem, na maioria das vezes, concluir o ensino médio, tampouco ingressar em uma instituição de ensino superior. Neste sentido, os dados do IBGE dão conta do funil social que são as universidades, onde apenas 11% da população tem acesso, sendo ainda menor o percentual dos que concluem esta etapa de ensino.

É muito difícil para o jovem trabalhador garantir um estudo decente, quanto menos um salário. Assim se acirra, ainda mais, o clico da pobreza e da miséria.

Não queremos, com isso, afirmar que a saída para esta crise estaria em adotar medidas para que os jovens pudessem ingressar de uma forma ou de outra, no mercado de trabalho. O que podemos afirmar com toda clareza é que o capitalismo é ele mesmo o responsável por criar as duras condições de vida, de estudo e de trabalho para estes jovens, situação que só se agrava com a crise.

Organize-se!

Superar a crise é superar as condições sociais e econômicas que o capitalismo impõe, desde seu primórdio, aos trabalhadores, que já sofreram outras tantas crises em diferentes momentos de sua existência. Por isso, a juventude trabalhadora tem de se organizar em torno de melhores condições de emprego e estudo, reivindicar escola e universidade para todos, não de modo privatizante e demagogo como faz o governo federal.

É preciso refletir sobre os pilares que sustentam o ensino neste país, lutar por uma nova concepção de educação que não se paute pelo mercado de trabalho, que não seja um fator que aprofunda ainda mais as desigualdades. Que a luta por uma educação de qualidade esteja articulada, nas universidades e fora dela, com a construção de outra sociedade mais justa, socialista!