Mulheres em luta: Nós não vamos pagar pela crise!
O ‘8 de março’ historicamente é um dia de luta para as mulheres em todo mundo. É um dia em que saímos às ruas para denunciar as barbaridades sofridas por nós mulheres trabalhadoras.
Em tempos de crise fica ainda mais evidente o ataque da sociedade capitalista contra nós e mais claro também a necessidade de construção da luta pelo socialismo, uma vez que o capitalismo deixa em evidência a impossibilidade de garantirmos justiça e direitos nesta sociedade que utiliza a nós mulheres como mercadoria e mão de obra barata.
Segundo dados da OIT, 2,4 milhões de empregos serão perdidos na America Latina, neste momento seríamos cerca de 15,7 milhões de desempregados na região. As mulheres e a juventude seguem sendo os mais atingidos, sendo as trabalhadoras 1,6 vezes mais desempregadas se comparadas aos homens.
O New York Times (06/02) fez uma avaliação sobre o emprego das mulheres na crise nos EUA. O jornal avalia que a maior parte dos empregos perdidos recentemente em áreas como manufatura e construção, cerca de 80%, são postos de trabalho masculinos. Com isso, são as mulheres, que ganham menos e são maioria nos empregos precarizados e informais, que agora assumiriam mais responsabilidades de sustentar a família.
As mulheres são as mais atingidas pela crise, seja por terem que chefiar as famílias em condições mais precárias ou mesmo arcar com o desemprego e com a ausência de renda, um retrocesso que condena a mulher à esfera da vida privada.
O numero de postos de trabalho perdidos no Brasil desde novembro do ano passado já chegou a 800 mil. A Folha de S. Paulo (01/02) nos revela que 58,1% dos postos de trabalho perdidos até agora são postos femininos. Entre os desempregados, cerca de 52% são negros e pardos ou ainda negras e pardas. Com a escassez de emprego, a exigência aumenta, mesmo com valores de mão-de-obra mais baixa, contratam em grande maioria homens brancos com o valor menor de salário no final do mês.
Lais Abramo, a diretora da OIT no Brasil, avalia que os principais postos de trabalhos que sofrerão com a crise serão os ligados a exportação de roupas, calçados e a construção civil. Ela por outro lado, aponta que os primeiros a perderem os postos de trabalho aqui serão as mulheres, jovens e negros, pela vulnerabilidade no mercado de trabalho.
No Brasil, além das demissões, vemos o quanto perdemos com a flexibilização dos direitos trabalhistas, flexibilizações estas que estão sendo implementadas como um mal menor diante do enorme mal do desemprego. O governo Lula, conjuntamente com seus representantes regionais, como Eduardo Paes e Cabral no Rio de Janeiro, são responsáveis pela política estatal que retira estes direitos.
Licença maternidade a mercê do patrão
A licença maternidade foi aumentada para seis meses, mas fica a mercê de negociações de patrão empregada. Nas pequenas e medidas empresas isso acaba sendo um direito não garantido. A nova reforma da previdência que o governo vinha tentando impor propõe a equiparação do tempo de trabalho entre homens e mulheres ignorando a dupla jornada de trabalho. A alta dos preços dos alimentos atinge principalmente as mulheres que hoje são parte considerável da chefia das famílias brasileiras.
Não podemos esquecer os pacotes do governo Lula de ajuda financeira aos banqueiros que chega a 160 bilhões de reais. Esses recursos deveriam ser destinados para os serviços públicos, como saúde e educação e para políticas públicas como a implementação real da lei Maria da Penha, por exemplo. Vale lembrar que a barbárie gerada pela crise, com o grande número de desempregados, é elemento combustível para o crescimento de ações violentas, ocasionado um aumento de vítimas de violência sexista. As conseqüências da crise são imediatamente transportadas para as relações cotidianas e nós mulheres não podemos subestimar os seus efeitos.
Para que não sejamos obrigadas a pagar pela crise, cabe a nós irmos para as ruas, nos organizarmos e resistir em defesa de nossos direitos.
Construir a luta socialista
Identificar e denunciar os culpados e cúmplices desta política econômica, como o governo Lula, também é nossa responsabilidade. Denunciar a crise e apontar como nós mulheres seremos atingidas não é suficiente se, junto com isso, não apontamos os responsáveis por implementar esta política econômica, ou ainda, este projeto de sociedade.
Cabe a nós socialistas a dupla tarefa, organizar a luta imediata contra a crise, por melhores condições de trabalho, ao mesmo tempo em que construímos a luta socialista. Para nós a única possibilidade de garantirmos a liberdade plena das mulheres e do conjunto da classe trabalhadora é com o fim desta sociedade opressora e injusta.
- Não às demissões! Não à retirada de direitos!
- Trabalho igual salário igual! Contra a dupla jornada de trabalho!
- A favor da licença maternidade de 6 meses como direito para todas as mulheres
- Contra a reforma da previdência que equipara tempo de trabalho e contribuição entre homens e mulheres ignorando a dupla jornada de trabalho
- Contra dinheiro para banqueiros! Dinheiro para a implementação de mais escolas, hospitais, creches públicas
- Pela concretização efetiva da lei Maria da Penha, por verbas públicas! Contra a violência contra as mulheres!