Jornada de lutas para derrotar Bolsonaro

O governo Bolsonaro apresenta uma agenda regressiva, conservadora, autoritária e profundamente pró-mercado que é apoiada por banqueiros, empresários, militares, fundamentalistas e conservadores. Seus principais alvos são a classe trabalhadora, negras e negros, mulheres, LGBT e povos indígenas. 

Bolsonaro não esconde para quem governa: enquanto perdoa dívidas de empresários, retira direitos sociais da classe trabalhadora. Dentre os mais graves ataques, estão a Contrarreforma da Previdência (EC 103/2019) e os cortes que afetam os serviços públicos nas áreas de saúde, educação, assistência social etc. 

No final de 2019, no contexto de denúncias sobre relações entre milicianos envolvidos no assassinato de Marielle Franco e a família Bolsonaro, foi aprovado um “Pacote Anticrime” que, ao invés de combater o crime organizado, facilita abusos policiais em morros, favelas e periferias.

Pacote de maldades

Mal começou o ano de 2020 e Bolsonaro quer piorar ainda mais as coisas. O Plano “Mais Brasil”, um verdadeiro pacote de maldades, se aprovado, resultará em cortes ainda maiores na educação e na saúde, na retirada de direitos de servidores públicos (com uma assustadora redução salarial de 25%) e na destruição dos serviços públicos. Tudo isso, apenas para garantir que banqueiros e patrões continuem se apropriando do Fundo Público. 

Os ataques de Bolsonaro contra as liberdades democráticas são parte da mesma agenda que ataca direitos sociais e a classe trabalhadora. A extrema-direita sabe que não é possível aprovar medidas que retiram direitos da classe trabalhadora sem, ao mesmo tempo, reprimir duramente qualquer sinal de resistência. O envolvimento da Familícia Bolsonaro com a morte de Marielle Franco e as contrarreformas neoliberais que retiram direitos dos trabalhadores são duas faces da mesma moeda capitalista. 

Por isso, só resta à classe trabalhadora, as mulheres e o povo negro lutar. Começamos este ano com os petroleiros dando o exemplo. Lutando contra o desmonte da Petrobrás, trabalhadoras e trabalhadores realizaram uma das maiores greves da categoria nos últimos anos contra a privatização, demissões massivas, redução de direitos e salários. Infelizmente, a pauta dos petroleiros não foi aprovada – o que mostra que é necessário unificar e generalizar as lutas!

14M: pelo direito de lutar e pelas liberdades democráticas

Em 14 de março de 2018 Marielle Franco e Anderson Gomes foram assassinados em uma ação de milicianos do Escritório do Crime. Este não é um fato menor, já que há inúmeros fatos que vinculam milicianos diretamente envolvidos no assassinato de uma vereadora socialista, negra, da favela e bissexual com o clã Bolsonaro. Assim, mais do que a prisão dos assassinos, lutamos pela responsabilização dos mandantes do crime.

A morte de Marielle Franco não é só mais um episódio do genocídio de negras e negros por forças militares e paramilitares. É, também, uma demonstração cabal do crescente processo de criminalização e eliminação física de lutadoras e lutadores sociais. Desde a eleição de Bolsonaro, o assassinato de lutadores só aumentou, especialmente envolvendo camponeses, indígenas e quilombolas. 

Assim, as lutas em memória da morte de Marielle Franco e Anderson Gomes não são lutas apenas por investigações e punições de todos os envolvidos. São lutas pelo direito de lutar e por liberdades democráticas – que ganham importância nesta conjuntura em que o governo Bolsonaro flerta cada vez mais com os anos de chumbo da ditadura empresarial-militar. 

No dia 14 de março, iremos às ruas em memória de Marielle Franco e Anderson Gomes, para combater a criminalização dos movimentos sociais, defender o direito de lutar e nossas liberdades democráticas. Relações com milícias, ameaças golpistas e defesa da ditadura empresarial-militar são parte do cotidiano do governo Bolsonaro. Por isso, precisamos ir às ruas buscar a responsabilização de quem mandou matar Marielle e para defender todas e todos lutadores sociais que estão sendo mortos por milicianos, jagunços, policiais e outros agentes da burguesia e do latifúndio.

Construir o dia nacional de lutas, rumo à greve geral!

O dia 18 de março é o dia nacional de lutas e paralisações em defesa do serviço público, emprego, direitos e liberdades democráticas. Trata-se da primeira luta decisiva que ocorrerá logo após a heroica greve dos petroleiros. Este dia de luta precisa ser mais do que um dia de greve geral da educação, como vinha sendo construído, e se tornar um dia nacional de lutas generalizadas de todas as categorias de fato. Este dia pode impulsionar uma verdadeira greve de todos os servidores em defesa dos serviços públicos e preparar a greve geral. 

Como sabemos (ver o artigo sobre os ataques contra a educação) não faltam motivos para a educação parar. Porém, não é só a educação que está sob a mira de Bolsonaro. É o conjunto de serviços públicos que está em jogo. Por isso, todas as categorias do funcionalismo público devem se mobilizar, por meio de seus sindicatos e suas frentes unitárias (como o Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos e a Coordenação Nacional das Entidades de Servidores Federais), para somar forças no dia 18 de março.

Greve da educação 

Sabemos que docentes e funcionários técnico-administrativos estão discutindo em suas entidades nacionais (SINASEFE, FASUBRA e ANDES-SN) a possibilidade de uma greve por tempo indeterminado. Este é um avanço na luta, que vai além dos dias pontuais de paralisação. Caso a greve se inicie e ganhe força, trata-se de um salto nas lutas contra Bolsonaro que, certamente, será respondido com muita repressão por Bolsonaro. Por isso, trabalhadoras e trabalhadores em todo o país e espaços como o Fórum Sindical, Popular e de Juventudes por Direitos e Liberdades Democráticas ou a CSP-Conlutas devem desde já se preparar para prestar toda a solidariedade possível às categorias grevistas.

Acima de tudo, a principal demonstração de solidariedade que a classe trabalhadora pode oferecer é se somar à luta. Em cada local de trabalho devemos discutir a importância da greve dos petroleiros, da greve geral da educação que pode estourar a partir do dia 18/03 e a centralidade da construção de uma greve geral na conjuntura atual. 

Através de uma luta consequente e contínua, a classe trabalhadora tem a possibilidade de derrotar Bolsonaro e o seu projeto político. Isso pode criar uma nova correlação de forças favorável à nossa classe, ao povo pobre, às mulheres, LGBT, povo negro e todas e todos aqueles que defendem os direitos e a democracia. Não podemos temer, será a partir da ação da classe trabalhadora nas ruas, fazendo greves e mobilizações, que vamos conseguir sair do péssimo momento no qual vivemos!

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