Um resgate dos debates do Bloco da Esquerda Socialista (SP) sobre o papel do MTST

Circula nas redes sociais um artigo assinado pelo companheiro Vinicius Almeida, militante do Comunismo e Liberdade, sobre a experiência da Frente de Esquerda Socialista e, no caso de São Paulo, Bloco da Esquerda Socialista.

No artigo, o companheiro realça a importância desta iniciativa no combate à fragmentação da esquerda socialista que não se rendeu à política de conciliação de classes do Lulismo. Concordamos plenamente com essa avaliação.

Concordamos também com o destaque dado ao papel do companheiro Plínio Jr nos nossos debates, nas “conversas boas”, como Plininho gosta de chamá-las. Plínio Jr sempre foi e continua sendo uma referência para todos nós por sua história dedicada à luta em defesa dos explorados e oprimidos e pela inestimável contribuição nos debates programáticos da esquerda.

Porém, na condição de militantes que ajudaram a dar os primeiros passos da iniciativa do Bloco da Esquerda Socialista em São Paulo, gostaríamos de divergir respeitosamente do camarada Vinicius Almeida quando ele separa e contrapõe de forma categórica as iniciativas da FES/BES da trajetória do MTST.

Para justificar essa diferenciação e contraposição, o companheiro faz uma caracterização de que “…alguns setores, sob a liderança do MTST, interpretaram a conjuntura como um momento para uma aproximação política e programática com setores do antigo campo lulista”.

Registramos que esta interpretação política do papel do MTST de forma alguma foi ou é consenso no Bloco da Esquerda Socialista. Não é segredo para ninguém que diversos coletivos que impulsionaram o BES consideram que a aliança com o MTST é parte da reorganização da esquerda socialista. Essa foi, aliás, a posição refletida em muitos dos documentos adotados pelo BES em São Paulo.

Em nossa opinião, mantém-se atual a tarefa proposta pela Carta de São Paulo, documento inaugural do Bloco da Esquerda Socialista adotada em um Ato/debate em 19/05/2016 e que aponta o que segue:

“Uma nova alternativa de esquerda é urgentemente necessária. Uma alternativa que rejeite o sectarismo estéril – que saiba, portanto, fazer unidade de ação contra o inimigo de classe e ao mesmo tempo saiba construir coletivamente, sem hegemonismos, no campo da esquerda, uma frente de luta anticapitalista, que recuse firmemente o atrelamento à estratégia do lulismo e que aponte uma nova perspectiva para os trabalhadores.

A construção dessa alternativa política passa necessariamente pela unidade das forças políticas e sociais da esquerda socialista sobre uma base programática clara, anticapitalista e socialista. Por isso, defendemos a construção de um Bloco da Esquerda Socialista para lutar em todos os espaços possíveis, unificando partidos como o PSOL, PSTU e PCB, organizações políticas de esquerda não legalizadas e movimentos sociais classistas e combativos, como o MTST, a CSP-Conlutas, Intersindical, além da juventude que enfrenta com bravura a política neoliberal”.

Continuamos entendendo que uma aliança política de esquerda, baseada na luta da classe trabalhadora, da juventude e do povo, distinta do campo lulista, e que envolva o PSOL, o PCB, o MTST e outras organizações e movimentos, representa um passo adiante. Nesses marcos manteremos a luta para que se avance na direção de uma programa e estratégia anticapitalistas e socialistas.

A continuidade e reconstrução de iniciativas tão positivas quanto as da FES/BES e outras Brasil afora não devem exigir acordo pleno entre seus componentes. Mas, devem sim exigir de nós um cuidado especial para que a legítima disputa interna do PSOL não se transforme em um obstáculo intransponível.

André Ferrari
Carmen Ortiz
Célia Regina B. Ramos
Márcio Alves
Paulo Pasin

(veja a íntegra da Carta de São Paulo do BES)

(veja o artigo de Vinicius Almeida)