Só com luta se barram as demissões!

Que os patrões paguem pela crise!
Defender o emprego sem abrir mão do salário e dos direitos!
Construir uma alternativa socialista dos trabalhadores!
 

Depois de acumular muita gordura explorando nosso trabalho, agora os patrões querem jogar o bagaço fora! Mesmo depois dos recordes de lucros nos últimos anos, patrões e governos querem jogar sobre as costas dos trabalhadores o peso da crise que eles mesmos provocaram.

O Brasil perdeu 654 mil empregos com carteira assinada em dezembro. Somente a indústria de São Paulo já demitiu mais de 120 mil trabalhadores no mesmo período. Em todo o país, centenas de milhares estão com a faca no pescoço, em férias coletivas, licença remunerada ou com o contrato de trabalho suspenso. Todos pendurados por um fio, esperando a demissão a qualquer momento.

Depois de ouvir Lula durante todo o ano passado prometer crescimento sem fim, crédito para consumo à vontade, emprego com carteira assinada, enfim, o verdadeiro paraíso na Terra, agora o governo e os patrões mudam o tom. A gravidade da crise econômica capitalista ameaça o futuro de seus lucros e privilégios. Então, passam a usar a crise para arrancar ainda mais o nosso couro.

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Querem nos enfiar goela abaixo a retirada de direitos e o rebaixamento salarial. Aceitam falar de negociação, Câmaras setoriais e pacto social para ver se conseguem nosso acordo para mudar a legislação trabalhista ou passar por cima dela de qualquer jeito e assim poder precarizar ainda mais as relações de trabalho.

Mentem quando dizem que as empresas que fizeram acordo de ‘banco de horas’ conseguem dar garantias aos trabalhadores. O ‘banco de horas’ só serve para que eles usem e abusem da nossa força de trabalho quando precisam de mais produção, tudo isso sem pagar um centavo a mais. Mesmo assim não garante nada contra as demissões.

Os gerentes e supervisores nas empresas e os apresentadores de telejornais apelam para o terrorismo verbal tentando intimidar os trabalhadores. Falam como se não existisse alternativa. É isso ou o desemprego, é pegar ou largar!

Nas propostas de acordos e negociações com os patrões e governo, eles sempre entram com a corda e nós com o pescoço. No caso de repasse de recursos públicos e isenções de impostos para os empresários, são sempre os trabalhadores que pagam. Se já não fosse o pagamento da dívida pública aos banqueiros e especuladores, agora temos mais recursos públicos, que deveriam estar sendo investidos em saúde, educação e serviços públicos, indo parar no bolso dos empresários.

A General Motors de São José dos Campos assumiu a liderança na temporada de massacre de empregos. As mais de 800 demissões na GM em São José dos Campos não se justificam diante dos mais enormes lucros que a empresa obteve no Brasil no ano passado. Onde foi parar todo esse dinheiro? Se não bastasse isso, o que a empresa fez com o crédito barato (mais de 8 bilhões de reais para as montadoras) e as isenções de impostos concedidos à empresa?

No primeiro semestre do ano passado as montadoras instaladas no Brasil, incluindo a GM, mandaram para suas matrizes mais de 4 bilhões de dólares. Arrancam nosso sangue aqui e depois mandam tudo para fora, descartando os trabalhadores como se fosse lixo.

Os trabalhadores não podem acreditar no que dizem os patrões sobre a crise. É preciso exigir a abertura das contas de todas as empresas que ameaçam demitir em razão da crise. Ao mesmo tempo, ao invés de repassar recursos públicos para as empresas privadas sem exigir nada em troca, o governo deveria encampar as empresas que demitem, estatizando-as e colocando-as sob controle dos trabalhadores.

Não é verdade que não existe alternativa! É possível defender o emprego sem abrir mão de direitos e do salário. Existe uma saída que não passe por mais ataques aos trabalhadores. Tudo depende da nossa força organizada, da nossa capacidade de luta e resistência.

Não existe nenhuma garantia de vitória se partimos para a luta. Mas, com certeza, existe a garantia de derrota se nos ajoelhamos para os patrões.

As direções de sindicatos e Centrais Sindicais que estão aceitando trocar direitos por emprego vão acabar levando os trabalhadores a perder ambos. O acordo inicial que a Força Sindical fechou com a FIESP é uma grande armadilha contra os trabalhadores. Os empresários exigem redução de salários e nem mesmo garantem emprego. Mas, a proposta de Câmaras Setoriais feita pela direção da CUT também não aponta para uma saída onde os trabalhadores deixem de pagar o preço da crise.

A resposta dos metalúrgicos de São José dos Campos recusando-se a aceitar a chantagem da GM e convocando a luta mostra o único caminho para resistir às demissões. Agora é preciso avançar.

Não podemos ter ilusões em governos e acordos de cúpula com patrões. A única saída do ponto de vista dos trabalhadores é a luta unificada, de massas, organizada na base, com um programa anticapitalista e socialista para a crise.

 

Uma resposta internacional e socialista dos trabalhadores

A crise que estamos vivendo não é coisa à toa ou passageira. Trata-se da mais grave crise do sistema capitalista desde a grande depressão dos anos 30. É uma crise mundial do capitalismo, mostra a falência desse sistema e não tem como algum país ficar de fora.

Se depender da lógica do capitalismo, o resultado inevitável desse processo é a miséria, opressão, guerra e destruição do meio ambiente. A guerra de Israel sobre Gaza, na Palestina, é apenas um exemplo da barbárie que se avizinha se não derrotarmos o imperialismo.

Se a crise é internacional e é do próprio sistema capitalista, a resposta dos trabalhadores também tem que ser internacional e de caráter anticapitalista. Construir a unidade dos trabalhadores de todo o mundo contra o sistema dos patrões e do imperialismo deve ser parte fundamental da luta dos trabalhadores brasileiros. A crise abre espaço para a construção de uma alternativa socialista internacional da classe trabalhadora.

 

Construir uma nova Central dos trabalhadores e superar os erros do passado

A atual crise demonstra a incapacidade do sistema capitalista de conduzir o desenvolvimento humano de acordo com o interesse da maioria. Diante desse cenário, é urgente a superação desse sistema e da construção de uma sociedade socialista, realmente democrática.

Tanto no Brasil como no mundo, os trabalhadores procuram retomar as lutas de massas contra as políticas econômicas capitalistas. Logo, o desafio para as organizações dos trabalhadores do campo da esquerda é o de acelerar esse processo de lutas com o objetivo de arrancar dos patrões e de seus governos melhores condições de vida e de trabalho.

Contudo, para obter sucesso nessa empreitada, todos os setores combativos dos movimentos sociais precisam avançar na unidade e construir uma nova Central dos trabalhadores. Para enfrentar o capitalismo com mais força é necessário uma organização dos trabalhadores do campo, da cidade, do movimento sindical e popular. Todos juntos em uma central unificada.

Construir a unidade é um desafio estratégico para a classe trabalhadora uma vez que até agora as esquerdas mais se fragmentaram do que se unificaram.  Diversos são os setores combativos que discursam sobre a importância da unidade. Entretanto, as experiências de um passado muito recente revelam que a esquerda tem muito que repensar sobre suas práticas e suas concepções de como conduzir a organização dos trabalhadores.

Nas últimas décadas, setores que se diziam de esquerda foram cooptados pelos capitalistas. Outros tantos do campo da esquerda não mudaram de lado, contudo, reproduzem os medíocres procedimentos de uma sociedade capitalista decadente em nosso meio. São intolerantes. Sabem tudo. Só eles são revolucionários. São burocratas. Enfim, reproduzem as piores práticas stalinistas. Além disso, esses setores quase sempre colocam seus interesses a frente dos interesses da classe trabalhadora, do movimento social.   

Nesse sentido, a natureza das tarefas colocadas para os trabalhadores é múltipla. Isso significa lutar para obter imediatamente melhores condições de vida e de trabalho.  Estrategicamente significa, contudo, que as esquerdas, junto com todos que vivem de seu próprio trabalho, precisam construir uma organização unitária de massas, combativa, classista, com respeito às diferenças e à pluralidade das opiniões, socialista e realmente democrática. Do contrário, viveremos outros momentos como este: o capitalismo agoniza, mas as esquerdas não têm condição de enterrá-lo de vez.

 

Programa socialista para a crise

 

• Nenhuma demissão, estabilidade no emprego e imediata reintegração de todos os demitidos!

• Não à armadilha de trocar direitos e salários por emprego! Não à contra-reforma da legislação trabalhista e aos acordos de cúpula que aceitam a retirada de direitos!

• Redução da jornada de trabalho sem redução de salário! Trabalhar menos para que todos trabalhem!

• Abertura das contas das empresas que ameaçam demitir! Que o governo estatize essas empresas e passe seu controle e gestão para os próprios trabalhadores ao invés de repassar recursos públicos aos patrões!

• Reestatização com controle dos trabalhadores da Vale do Rio Doce e de todas as empresas estratégicas que foram privatizadas! Estatização plena do setor petrolífero!

• Por um Plano estatal de obras públicas e investimentos sociais, em infra-estrutura e moradia popular (como parte de um reforma urbana global) para gerar emprego e garantir desenvolvimento econômico social e ecologicamente sustentável.

• Auditoria e suspensão do pagamento da dívida interna e externa aos grandes capitalistas! Bloqueio e confisco do capital especulativo e da remessa de lucros ao exterior. Punição exemplar dos especuladores que atentaram contra a economia popular!

• Mais verbas para educação, saúde e os serviços públicos! Não aos cortes de gastos planejados pelos governos para os serviços públicos e investimentos! Cumpri mento dos acordos salariais e trabalhistas em geral feitos com o funcionalismo!

• Seguro-desemprego ampliado para 2 anos, passe-livre de transporte, distribuição de cestas-básicas, anistia das dívidas, proibição de despejos para inadimplentes e isenção de tarifas, taxas e impostos a todos os desempregados!

• Em defesa da aposentaria. Por uma previdência pública garantida a todos os trabalhadores. Estatização da aposentadoria privada beneficiando os trabalhadores e punindo os especuladores. Contra novas reformas privatistas da previdência. As aposentadorias não podem ficar à mercê do cassino global.

• Reforma agrária ampla sob controle dos trabalhadores. Garan tia de crédito e condições de produção para os assentados. Estatiza ção com controle dos trabalhadores sobre as grandes empresas do agronegócio e reversão de sua produção para atender aos interesses da população como parte de um planejamento elaborado e gerido pelos trabalhadores organizados.

• Não à criminalização dos movimentos sociais e da luta dos trabalhadores! Readmissão de todos os ativistas perseguidos e garantia de organização sindical e popular.

 

Construir a resposta dos trabalhadores aos ataques de patrões e governo:

• Organizar Comitês de Ação unitários e democráticos na base das categorias, nos bairros, escolas e universidades.

• Atrair para a luta a base das centrais sindicais que estão aceitando os acordos com patrões e governo.

• Construir um dia nacional de lutas unitário com grandes manifestações, greves, ocupações, bloqueio de estradas em todos os estados.

• Convocar uma grande manifestação unitária em Brasília.

• Construir vínculos e ações internacionais para a resistência contra os efeitos da crise e por uma alternativa dos trabalhadores.

• Construir um grande Encontro Nacional da Classe Trabalhadora para fundar uma nova Central sindical e popular democrática, classista, de luta e socialista.