A escolha é entre os milhões ou os milionários!

Desde o início do ano até a semana anterior foram cerca de 25 trilhões de dólares que simplesmente desapareceram com o colapso das bolsas de valores por todo o planeta. Somente na semana passada foram 4,7 trilhões. Isso dá uma dimensão do caráter parasitário e fictício do grande cassino global em que se transformou o sistema capitalista.

A falência de alguns dos mais importantes bancos de investimentos do mundo e a iminência de centenas de novas quebras levou os governos dos EUA e Europa a intervir para tentar salvar os capitalistas e o sistema. O pacote de 850 bilhões aprovado pelo Congresso dos EUA, mais os cerca de 2,5 trilhões decorrentes das medidas adotadas pelo governo britânico e dos países da zona do Euro, representam um volume inédito de recursos públicos, mobilizados em regime de urgência, para salvar especuladores.

Os especuladores e sanguessugas comemoram. Como foi noticiado pela imprensa, apenas seis dias depois do pacote do governo dos EUA de 85 bilhões de dólares para evitar a quebra da seguradora AIG, seus executivos comemoraram com uma festa que custou 450 mil dólares!

A pergunta que todo trabalhador consciente se faz nesse momento é: por que é tão fácil levantar esses trilhões de dólares para os banqueiros e especuladores que estão em risco e é tão difícil levantar recursos para melhorar a vida dos dois bilhões de pessoas que vivem abaixo da linha de pobreza em todo o mundo?

Segundo a própria ONU, apenas uma parcela (150 bilhões anuais) dos recursos que hoje estão sendo entregues de mão beijada aos especuladores já seria suficiente para atingir as chamadas ‘metas do milênio’ definidas por esse organismo: acabar com a fome, reduzir a pobreza, as mazelas sociais e a degradação ambiental.

Mas, o que nem a ONU, nem muitos filantropos de ONGs reconhecem ou estão dispostos a admitir, é que não há como convencer governos e capitalistas a serem mais bondosos e razoáveis. A lógica do capitalismo é a lógica do lucro acima de tudo, de tudo mesmo, até das nossas próprias vidas e a do planeta. Os recursos de que precisamos para salvar o planeta e oferecer condições dignas de vida para quem vive nele, terão que ser arrancados com a força organizada dos trabalhadores e de todos que sofrem sob o capitalismo.

A manifestação recente da crise se originou no centro do capitalismo mundial, em primeiro lugar nos EUA, mas também a Europa, onde hoje já se pode falar em recessão. Lula cinicamente nos diz que tudo isso é um problema do Bush. Mas, o fato da crise ter começado nos EUA não é um fator que afasta o Brasil do problema. É exatamente o contrário.

A dependência do Brasil do mercado mundial e a interligação inédita das economias de todo o mundo sob a mundialização do capital e a globalização financeira dos últimos anos nos colocam todos no mesmo barco. Isso inclui a China, fator decisivo na economia e política mundial. Mas, também, o conjunto da América Latina que já vem de um ascenso de lutas de massas e a crise deve abrir uma nova situação ainda mais crítica.

Nos EUA e países europeus, já existem milhões sem casa e desempregados. Os serviços públicos vão sofrer grande deterioração, a vida vai piorar.

No Brasil, apesar dos ritmos diferenciados, a coisa não pode ser diferente. A crise vai bater mais forte sobre os trabalhadores. Desaquecimento econômico, demissões, arrocho salarial e cortes nos gastos públicos para cobrir o esforço de ajuda aos banqueiros. Sem falar na inflação e aumento do custo de vida que já sentimos hoje e podem piorar. Essas serão as conseqüências da crise que os capitalistas querem jogar nas nossas costas.

Vamos aceitar calados? Claro que não. A jornada de lutas que estamos construindo conjuntamente tem que ser vista como um passo muito inicial para um grande movimento unitário envolvendo todas as organizações dos trabalhadores, da cidade e do campo, da juventude e de todos os explorados e oprimidos.

Assim poderemos resistir aos ataques de patrões e governos que querem colocar sobre nossas costas o peso da crise do sistema deles.

Por uma alternativa anti-capitalista e socialista diante da crise

É preciso unificar as lutas e preparar a resistência de massas dos trabalhadores da cidade e do campo contra os ataques que se aprofundarão com o agravamento da crise capitalista. Contra o governo Lula, governos estaduais e municipais, os patrões e o imperialismo, é preciso construir uma nova Central sindical e popular unitária com um programa anti-capitalista e socialista de alternativa à crise, baseado no seguintes pontos:

  • Atendimento imediato às reivindicações dos bancários em greve e de todas as categorias em luta. Dinheiro para os bancários e não para os banqueiros!
  • Reajuste automático de salários de acordo com a inflação. Aumento geral de salários. Congelamento de preços sob controle dos trabalhadores organizados!
  • Resistir aos planos de demissões nas empresas que perderam com a especulação e alegam sofrer as conseqüências da crise. Abertura das contas das empresas para os sindicatos e organizações de trabalhadores! Estatização dessas empresas com controle dos trabalhadores!
  • Redução da jornada de trabalho sem redução de salário. Não ao banco de horas e programas de demissões voluntárias. Não trocamos direitos por emprego, queremos emprego, salários e direitos trabalhistas.
  • Em defesa da aposentaria. Por uma previdência pública garantida a todos os trabalhadores. Contra novas reformas privatistas da previdência. As aposentadorias não podem ficar à mercê do cassino global.
  • Reforma agrária ampla sob controle dos trabalhadores. Garantia de crédito e condições de produção para os assentados. Estatização com controle dos trabalhadores sobre as grandes empresas do agronegócio e reversão de sua produção para atender aos interesses da população como parte de um planejamento elaborado e gerido pelos trabalhadores organizados.
  • Não aos cortes de gastos planejados pelos governos para os serviços públicos e investimentos!
  • Auditoria e não pagamento da dívida pública para os grandes tubarões capitalistas. Reversão desses recursos para o desenvolvimento econômico e serviços públicos. Bloqueio e confisco do capital especulativo e da remessa de lucros ao exterior. Punição exemplar dos especuladores que atentaram contra a economia popular.
  • Estatização dos bancos e de todo o sistema financeiro com controle dos trabalhadores.
  • Por uma Petrobrás 100% estatal e sob controle dos trabalhadores. Monopólio estatal do petróleo, incluindo as novas jazidas do pré-sal, e da exploração de recursos naturais de forma geral. Reestatização da Vale do Rio Doce, e todas as empresas que foram privatizadas pelos governos neoliberais.
  • Todo apoio à luta do povo boliviano contra o imperialismo e as oligarquias locais. Fora as tropas brasileiras e internacionais do Haiti. Unir as lutas na América Latina por uma alternativa anti-capitalista e socialista ao capitalismo neoliberal falido.

Você pode gostar...