Preparar outubro – Votar no PSOL e na Frente de Esquerda e construir pela base a jornada unitária de lutas

A tarefa central dos ativistas e militantes dos movimentos sociais e da esquerda é responder à altura os ataques sobre a classe trabalhadora. Para isso é preciso organizar a resistência em cada local de trabalho, estudo e moradia, no campo e na cidade. A organização de base deve servir à luta unitária entre os diferentes setores.

 

Mas, também é preciso reconstruir as ferramentas unitárias de luta dos trabalhadores. O voto no PSOL e na Frente de Esquerda em 5 de outubro serve para repudiar os políticos tradicionais e abrir espaço para uma oposição de esquerda contra Lula e a direita tradicional.

As mobilizações unitárias programadas para culminar no dia 16 de outubro também devem servir para criar as bases para a construção de uma nova Central sindical e popular unitária, combativa, classista e democrática.

 

Várias lideranças, forças políticas e entidades do movimento sindical e popular, vinculadas ao MST, Intersindical, Conlutas e outros movimentos sociais, estão construindo uma jornada de lutas para o período de 12 a 16 de outubro.

Esta jornada será implementada tendo como eixo a luta contra a inflação e a alta dos alimentos, pela redução da jornada de trabalho e pelo fim da criminalização dos movimentos sociais realizada por patrões e governos.

O ponta-pé inicial desta jornada ocorreu com a realização do Grito dos Excluídos em todo o país. Na capital paulista, uma marcha partiu da Catedral da Sé até o Monumento do Ipiranga com mística em defesa dos povos indígenas e da população negra.

Mas para que esta jornada tenha sucesso, é necessário desde já unificar as diversas campanhas salariais e lutas que estão ocorrendo neste segundo semestre como é caso de metalúrgicos, bancários, petroleiros, químicos, correios e a recente ocupação do MTST (Movi­mento dos Trabalhadores Sem Teto) no Embu-SP.

Além da unificação dessas lutas, é fundamental para a esquerda combativa, dar passos no sentido de construir uma nova central unitária com caráter sindical e popular.

Uma das iniciativas em construção, é a tentativa de realização de um grande Seminário da esquerda no fim deste ano que teria como temas fundamentais, um diagnóstico da realidade brasileira e os desafios organizativos que estão colocados para a esquerda socialista.

 

 

Congresso da Conlutas:
Mais um passo na recomposição sindical e popular

 

No período de 3 a 6 de julho deste ano, em Betim, Minas Gerais, foi realizado o Primeiro Congresso da Conlutas.

Este congresso teve a participação de mais de 3.500 pessoas e representou mais um passo importante para as lutas e para o processo de recomposição sindical e popular da esquerda combativa do país.

Além do plano de ação e da reafirmação do caráter sindical e popular da Conlutas, um dos pontos fundamentais deliberados foi a renovação do chamado da Con­lutas para a Intersindical e demais setores da esquerda socialista no movimento sindical e popular para a construção de uma nova central unitária.

A construção dessa nova central é uma necessidade histórica para o combate aos ataques que a classe trabalhadora vem sofrendo no último período.

Esses ataques tem se manifestado de diversas formas: corrosão dos salários devido ao processo inflacionário, criminalização de suas lutas, gangsterismo sindical e da criação de sindicatos atrelados ao governo Lula – patrocinados pela CUT- para acabar com os sindicatos independentes e de luta dirigidos pela esquerda socialista.

 

 

Não à intervenção do governo e ao gangsterismo sindical!

 

O Ministério do Trabalho publicou em abril deste ano, a Portaria 186 que estabeleceu os procedimentos de registros de entidades sindicais.

Com a regulamentação, passa a ser de competência do Minis­tério do Trabalho, o controle do registro sindical, retomando desta forma, a ingerência do Estado sobre a organização dos trabalhadores.

Essa portaria atribuiu ao Ministério do Trabalho, o poder de decidir sobre a criação de sindicatos mesmo em locais onde já há entidades atuantes em favor dos trabalhadores. Com isso, uma série sindicatos pelegos já começam a ser criados na mesma base de sindicatos combativos.

Exemplos não faltam. Só no setor metalúrgico, foram criados sindicatos governistas em São José dos Campos (SP), Volta Redonda (RJ) e Itajubá (MG).

O ataque mais recente envolveu a criação de uma nova entidade sindical patrocinada pela CUT para supostamente representar os professores do ensino superior público federal (Univer­sidades Federais) e se contrapor ao combativo ANDES-SN, que é o Sindicato Nacional de Docen­tes do Ensino Superior.

Entretanto, quando a esquerda tem a iniciativa de se organizar para lutar por uma alternativa sindical para os trabalhadores de uma categoria, os sindicatos governistas da CUT respondem com gangsterismo sindical, como ocorreu no dia 01 de agosto, na sede da Conlutas, em São José dos Campos.

Nesse dia, os trabalhadores terceirizados da Revap (Refinaria da Petrobrás de São José dos Campos) estavam reunidos para fundar a Associação de Trabalhadores da Construção Civil, quando 60 bandidos armados e encapuzados, invadiram a assembléia com o objetivo dissolvê-la.

Destruíram carros e móveis do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e balearam um trabalhador. O Sindicato da Construção Civil que abrange São José dos Campos é, coincidentemente, filiado à CUT.

Essa ação de gangsterismo sindical em São José dos Campos e a criação de uma nova entidade dos docentes do ensino superior para se contrapor ao Andes são pequenas amostras do que a CUT é capaz de realizar. Tudo isso para manter o seu aparato e destruir os sindicatos combativos, dirigidos pela esquerda socialista, que organizam lutas contra os ataques dos patrões e do governo Lula. 

 

 

Combater a criminalização dos movimentos sociais

 

No último período foram várias as ofensivas contra as organizações tanto dos movimentos sociais como das entidades representantes da classe trabalhadora.

No Rio Grande do Sul, o Ministério Público tentou criminalizar e até dissolver o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).

No Pará, a Justiça Federal de Marabá condenou líderes do MST a pagarem R$ 5,2 milhões à Vale, pela interdição da ferrovia de Carajás, em abril passado. 

Em São Paulo, O Sindicato estadual de professores e a Conlutas foram proibidos de fazer uma manifestação no dia 4 de julho.

Em São José dos Campos, os sindicatos e sindicalistas combativos sofrem perseguição pelas empresas, com ajuda da justiça. Os representantes sindicais da GM foram proibidos de circular na fábrica para falar com os trabalhadores.

A Embraer conseguiu a aplicação de uma multa milionária contra o Sindicato dos Metalúr­gicos pela distribuição de panfletos em frente às fábricas.

A necessidade de unir e fortalecer a luta sindical é urgente. Nos últimos anos os lucros dos bancos e das empresas crescerem astronomicamente, em quanto os trabalhadores só receberam migalhas. Agora a inflação está corroendo os salários e a crise econômica mundial chega cada dia mais perto.

Esses ataques e a criminalização dos movimentos mostram que os patrões e seus representantes estão se preparando para duros embates.

Infelizmente os sindicatos ainda não estão preparados para responder à altura. É preciso construir a unidade na lutas, coordenar as campanhas salariais, para assim reverter a atual fragmentação. Fundamental para isso é a defesa de cada sindicato ou movimento social que está sendo atacado.

Ataque contra um sindicato de luta é ataque contra toda a classe trabalhadora.