BOLÍVIA: Pronunciamento sobre a ocupação de terras e fábricas
Companheiras e companheiros,
Na última semana, devido ao massacre em Pando e a tomada violenta das instituições estatais por parte da ‘meia lua’, notamos uma radicalização importante nos movimentos sociais, na sociedade em geral e na Coordinadora Antifascista.
Agora, o chamado à ocupação de terras dos latifundiários, a ocupação de fábricas dos grandes empresários e a formação de brigadas de defesa estão sendo promovidas não apenas pelos Ponchos Rojos e as organizações tradicionalmente ‘revolucionárias’ com tendência marxista, mas também por todas as organizações de massas dos movimentos sociais: as federações de camponeses, as organizações indígenas, a COB e alguns dos setores de base do MAS.
Como jovens revolucionários que pretendem dar uma direção a essa luta, que muitas vezes se caracteriza pela espontaneidade, temos que analisar com muita seriedade o caráter das ocupações com a intenção de orientar nossas bases e evitar erros.
Temos que insistir que as ocupações não sejam apenas medidas defensivas contra o fascismo da direita, mas também o início de um verdadeiro movimento revolucionário que possa nos levar a uma sociedade socialista onde os camponeses, operários, indígenas e pobres controlem democraticamente as terras, os recursos naturais, as forças produtivas e a distribuição da riqueza.
Primeiramente é preciso enfatizar que a Alternativa Socialista Revolucionária (ASR) apóia completamente qualquer decisão dos movimentos sociais de tomar a terra dos latifundiários e as empresas e fábricas dos empresários e transnacionais. No entanto,…
Qual parece ser o caráter das ocupações agora?
Parece que as metas das ocupações são: 1) castigar a oposição direitista pelo massacre de Pando, a tomada violenta das instituições estatais e os bloqueios; 2) atacar as forças econômicas da direita para debilitá-la e forçá-la a se retirar e 3) fortalecer os movimentos sociais e expandir nossa força no ponto em que estamos mais débeis, a ‘meia lua’.
A ASR apóia completamente todas estas metas porque são avanços muito importantes na luta. No entanto, são metas principalmente defensivas e radicais. Não colocam de forma clara e direta, a derrubada do nosso principal inimigo – o sistema capitalista – e a construção do socialismo.
Parece que as ocupações são dirigidas de cima para baixo pelas principais organizações dos movimentos sociais: as federações de camponeses, as organizações indígenas e a COB.
A ASR aplaude a radicalização na direção dessas organizações, mas a ocupação de terras e empresas desta maneira dificilmente resultará no controle democrático dos camponeses, indígenas e operários. O mais provável é que resultará no controle burocrático dos dirigentes destas organizações e/ou o MAS.
Que devemos propor em relação às ocupações? Qual deve ser o caráter das ocupações?
- Reconhecendo o valor das metas defensivas e radicais, devemos enfatizar que: 1) as ocupações de terras e empresas são uma RECUPERAÇÃO JUSTA de nossa terra, recursos naturais e forças produtivas depois de séculos de roubos, exploração e matança.
- A ocupação de terras e empresas é a única forma de retirar a base social da direita e acabar com sua oposição.
- A ocupação das terras e empresas e o controle democrático e igualitário de nossa riqueza (socialismo) é a única forma de erradicar a pobreza e a desigualdade em nosso país.
- Para que haja controle democrático dos camponeses e indígenas sobre a terra e para que os operários e comunidades pobres controlem democraticamente as empresas e a distribuição da riqueza, a ocupação de terras e empresas tem que ser dirigida democraticamente de baixo para cima pelos operários, camponeses, indígenas e pobres.
- Para chegar a esse objetivo, nos locais de trabalho, nos bairros pobres, no campo, nas comunidades indígenas e nas universidades é preciso organizar “Comitês de Defesa e Luta” com a participação orgânica das organizações dos movimentos sociais e com estruturas democráticas.
- Cada “Comitê de Defesa e Luta” deve eleger representantes em nível local, departamental e nacional para que se reúnam e coordenem entre si as análises e ações em todo o país.
- Os “Comitês de Defesa e Luta” devem formar Milícias de Defesa e Luta controladas democraticamente.
- Depois da ocupação de terras e empresas e a democratização da produção e distribuição de nossa riqueza, os “Comitês de Defesa e Luta” devem converter-se em Estado Socialista da Bolívia, sob controle democrático dos camponeses, operários, indígenas e pobres.
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