Unificação SR-CLS – está nascendo uma nova corrente socialista

Com um programa revolucionário, uma prática militante, um projeto internacionalista e uma nova cultura política, de tolerância e respeito às diferenças políticas, à diversidade do movimento socialista e à autonomia das organizações sociais.

O Coletivo Liberdade Socialista (CLS) e o Socialismo Revolucionário (SR) anunciam aos trabalhadores, jovens e ao movimento socialista brasileiro que iniciaram um processo de discussão e trabalho comum no rumo da constituição de uma única e nova corrente política.

O SR é uma organização militante com 12 anos de existência no movimento socialista brasileiro. Foi uma das correntes fundadoras do PSOL e está integrada na construção da CONLUTAS. É também a seção brasileira do Comitê por uma Internacional Operária (CIO), uma organização socialista internacional presente em mais de 40 países de todos os continentes.

O CLS é um agrupamento militante que hoje participa do MTL-DI (Movimento Terra, Trabalho e Liberdade – Democrático e Independente), depois da ruptura do MTL nacional. Vários de seus quadros participaram das primeiras articulações do PSOL e são fundadores e militantes desse partido. Alguns destes provêm da antiga Convergência Socialista e do PSTU, outros de rupturas com o PT. É um coletivo que também está integrado desde o início na construção da CONLUTAS.

No momento em que o sistema capitalista no Brasil e no mundo mostra todo o seu caráter destrutivo e a esquerda socialista enfrenta enormes desafios em seu processo de reorganização e recomposição, esse processo de unificação pretende contribuir para a renovação do projeto socialista revolucionário.

Em um quadro marcado por constantes rupturas e fragmentação da esquerda, nossos agrupamentos consideram que esta unificação é uma vitória dos socialistas brasileiros e pode abrir espaço para novas unificações no Brasil.

O processo de unificação vem sendo discutido de forma paciente e democrática por toda a militância dos coletivos, a quem caberá a decisão final sobre a unidade orgânica em um congresso ou conferência conjunta.

Os acordos discutidos até aqui propõem o seguinte perfil para a organização unificada:

a) Defendemos um programa revolucionário anticapitalista para o país, no sentido de construir uma nova sociedade socialista no Brasil e no mundo. Isso implica estar na oposição de esquerda a qualquer governo capitalista, como é hoje o governo Lula, e contra seus ataques aos trabalhadores e ao povo.

b) A nova organização será uma corrente militante, presente e voltada para a intervenção nas lutas dos trabalhadores e jovens, no campo e na cidade. Por isso, neste momento, nos somamos à CONLUTAS, por considerar que esta organização é atualmente o que existe de mais avançado no enfrentamento do governo Lula e na reorganização dos trabalhadores no país, frente à falência e esgotamento da CUT como frente de luta.

c) Nos guiaremos pelo internacionalismo proletário e militante, entendendo, como já mostrou a experiência soviética, que não há possibilidade de construção do socialismo em um único país ou região. O socialismo será mundial ou não haverá socialismo. Isso implica construir a solidariedade militante às lutas dos trabalhadores em todo o globo e também lutar por superar a dispersão dos revolucionários internacionalmente e reconstruir uma organização socialista e revolucionária internacional. Parte fundamental do processo de unificação envolve a discussão sobre a construção do Comitê por uma Internacional Operária (CIO) como parte dessa luta. A militância da nova organização unificada decidirá soberanamente acerca da filiação ao CIO.

Mas algumas outras características serão para nós elementos diferenciais para a nova organização.

d) Nossa concepção de socialismo rejeita o modelo de partido único e pressupõe democracia e a mais ampla liberdade para todos aqueles que constroem a nova sociedade, ao contrário de muitas correntes que continuam defendendo modelos como o regime político cubano, que repete o modelo soviético e que pôs a perder as conquistas do socialismo no século XX. O socialismo deve ser superior ao capitalismo quanto à liberdade para o povo e os trabalhadores.

e) Contra o sectarismo, a intolerância e a fragmentação da esquerda causada por políticas sectárias de autoconstrução, defendemos uma nova cultura política e uma moral e ética revolucionárias no relacionamento entre os socialistas. Contra uma prática de calúnias, manobras, intimidação e grosserias, tudo em nome de se ganhar uma discussão, uma entidade ou um militante a mais, defendemos reconstruir uma cultura de tolerância e flexibilidade para com as divergências dentro do movimento socialista. O socialismo não é apenas uma construção econômica, política e social, é também uma nova dimensão moral de relacionamento entre os homens e essa nova moral deve ser construída desde já.

f) Contra o aparelhamento das organizações sociais pelos partidos e correntes em função de suas políticas de autoconstrução. Defendemos o mais absoluto respeito à autonomia dos organismos dos trabalhadores e da juventude em relação aos partidos e correntes políticas. Devemos evitar a substituição dos órgãos de decisão do movimento pelas instâncias partidárias, o que leva ao esvaziamento daqueles primeiros. Um real poder operário, uma futura sociedade realmente auto-organizada, devem se basear antes de tudo no poder efetivo dos próprios organismos dos trabalhadores, o que devemos fortalecer e praticar desde hoje.  

 

Convidamos todos os militantes socialistas honestos e que concordam com as definições acima a se integrarem conosco na construção dessa nova organização socialista, revolucionária, militante e internacionalista, e assim ajudar na reorganização dos socialistas brasileiros sobre novas bases.


 

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