Voto “Não” na Irlanda sacode União Européia

Com uma participação maior do que o normal para um referendo, 53,1%, o Tratado de Lis­boa (a renomeada constituição da União Européia) foi claramente rejeitada na Irlanda. Por 53,4% a 46,6%. Isso foi uma grande derrota para a elite política e empresarial na Irlanda.

O governo, a maioria da oposição no parlamento, as organizações empresariais e agricultores, a maioria das direções sindicais, as igrejas, a mídia, todos se juntaram para chamar o voto no “sim”.

Isso foi um importante retrocesso nos interesses das grandes empresas e da elite política que controla a UE. Alguns comentaristas afirmam que a Irlanda, um país com menos de 1% da população da UE, não pode “segurar” a Europa toda. Mas na realidade se a UE fosse democrática, o Tratado teria se submetido ao voto em todos os países, e com base no que ocorreu na Irlanda e na votação anterior na França e Holanda, os trabalhadores iriam rejeitar o Tratado em vários países.

O Partido Socialista (CIO na Irlanda) foi uma parte importante na campanha do “não”. Nós combinamos atividades independentes com  a participação numa comitê amplo que reuniu outros 13 partidos, grupos e ativistas que defenderam posições progressivas e de esquerda.

Não é exagero dizer que o representante do PS, Joe Higgins, jogou um crucial na campanha. No jornal Evening Herald, o analista Terry Prone citou as 10 razões para o fato do Tratato ter sido rejeitado, e listou Joe Higgins como um dessas dez. “Joe Higgins é uma instituição. Ele é mais que uma curiosidade. Pessoas que não tem o sangue da esquerda no corpo se identificam com ele por o acharem correto, passional e espirituoso. Se ele diz que a saúde será privatizada, elas se juntam a ele.”

Contra a privatização dos serviços públicos

Durante a campanha, o lado do “sim” argumentou que o Tratado se referia à modernização da UE. Eles tentaram diminuir os aspectos econômico, militar e político do documento. O PS concentrou sua campanha em como o Tratado facilitaria a privatização dos serviços públicos, com saúde e educação, e como significaria ataques aos salários e aos direitos dos trabalhadores.

O que acontecerá agora? Essa votação não significa que o Tratado de Lisboa está derrotado. Provavelmente os dirigentes da UE não sabem ainda o que farão. Para eles preparar a Europa para competir com EUA e China é vital. Eles deverão pressionar a Irlanda a votar novamente ou ameaçarão dizendo que os irlandeses serão deixados para trás!

O melhor jeito de dar seguimento à essa vitória seria uma resposta ativa do povo trabalhador, ativando as pessoas nos locais de trabalho, nas comunidades, nas escolas e universidades, construindo uma oposição à política capitalista neoliberal. O Partido Socialista vai fazer tudo em seu poder para auxiliar na construção desse tipo de campanhas e movimentos.

 

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