Conflito em Odessa coloca Ucrânia mais próxima de uma Guerra Civil

A crise ucraniana teve início em novembro de 2013, quando ocorreu uma onda de protestos que derrubou o governo do presidente Viktor Yanukovych. O motivo principal seria o fato de Yanukovich ter a pretensão de reforçar as relações com a Rússia e, deste modo, não assinar um acordo com a União Europeia.

Os protestos refletiam uma divisão na burguesia ucraniana entre aqueles que, diante a crise econômica profunda do país, buscavam uma aproximação com a União Europeia e aqueles que queriam uma aproximação com Putin na Rússia. O governo que assumiu após a queda de Yanukovich inclui elementos da extrema direita e fascistas, usando o nacionalismo e propaganda anti-Rússia junto com a política neoliberal de ataques aos trabalhadores.

Desde então, uma série de confrontos internos vem acontecendo na região, tendo como conflito central questões étnicas envolvidas. A parte Central e Ocidental possui uma tradição cultural ucraniana; a Ucrânia do Sul e Oriental possui população de maioria russa.

Os conflitos se intensificaram e, no dia 2 de maio, houve um conflito sangrento na cidade de Odessa. O Jornalista Sergiy Dibrov relata que o conflito começou após uma marcha de torcedores de futebol que estavam na cidade para assistir a um jogo entre o Chernomoretz de Odessa e o Metallist de Kharkov. Eles marcharam pela cidade cantando hinos em apoio ao nacionalismo e anti-Putin. Parte da marcha incluiu um grande contingente de “esquadrões da auto-defesa” (remetendo aos grupos fascistas da praça Maidan na capital durante os protestos contra Yanukovich) armados com escudos e capacetes.

Testemunhas afirmam que a marcha atravessou a cidade e encontrou resistência de um grupo a favor da Rússia, onde o conflito teve início. O conflito deixou quatro mortos e mais de cem feridos. Buscando refúgio em um prédio sindical, o grupo pró-Rússia foi encurralado por grupos fascistas – ou do “Setor Direita”, como se denominam.

Coquetéis molotov foram lançados contra a entrada do edifício, dando início ao incêndio que levou a morte de mais de quarenta ativistas, colocando o país mais próximo de uma guerra civil.

Segundo David Stern, correspondente da BBC em Kiev, o número de mortos em Odessa é o maior desde que começaram os conflitos entre manifestantes pró-União Europeia e a polícia na capital em fevereiro.

No dia 11 de maio, grupos separatistas fizeram um referendo nas províncias de Lugansk e Donetsk para tentar seguir o caminho da Crimeia, que foi incorporada à Rússia. A questão é até que ponto Putin está preparado para entrar em conflito com os EUA e a União Europeia. A economia russa está desacelerando rapidamente e depende em muito da exportações de energia para a Europa.

No último domingo, dia 25 de maio, o bilionário Petro Poroshenko foi eleito o novo presidente da Ucrânia, em um pleito boicotado em boa parte do leste do país. Declarou buscar uma maior integração com a Europa, conforme o desejo da maioria de seu eleitorado, além de afirmar que seus primeiros passos serão focados em defender a integridade territorial do país

Luta dos trabalhadores da Ucrânia

No conflito existente na Ucrânia, quem sofre mais é a classe trabalhadora, que consiste em uma maioria que não quer que o conflito seja mais profundo. Uma alternativa para evitar a catástrofe iminente é a classe trabalhadora, de forma unificada, organizando a defesa de todas as etnias existentes na Ucrânia, formar comitês anti-guerra para mobilizar a oposição de direita que está impulsionando o país para a catástrofe.

A luta dos trabalhadores poderia lançar a base para o estabelecimento de um partido operário, com apoio em sindicatos democráticos, garantindo os direitos de todos, independentemente de sua etnia. Isso seria uma mudança da atual situação, onde as eleições são realizadas sem candidatos ou partidos que representam os interesses da classe trabalhadora. Os trabalhadores devem lutar por uma assembleia constituinte, em que sejam representados através de seus sindicatos, partidos políticos e representantes eleitos nos locais de trabalho, decidindo democraticamente como a Ucrânia será governada.

Há uma clara disputa envolvendo Estados Unidos e União Europeia contra Rússia. Os dois lados lutam entre si pelo controle da região, defendendo seus próprios interesses, sem apoiar de fato a classe trabalhadora. A LSR e o CIT não está ao lado do grupo reacionário da Ucrânia, nem ao lado de Putin da Rússia: nós apoiaremos a classe trabalhadora a criar um verdadeiro partido que os represente para uni-los em torno de uma verdadeira alternativa socialista democrática.

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