Não ao rompimento dos patrões – apoio aos trabalhadores da planta de Kholodmash!
O artigo seguinte sobre a recente ocupação da fábrica de Kholodmash é uma tradução de um artigo originalmente publicado no ‘socialism.ru’, website do Resistência Socialista (CIO na Rússia).
Ele dá uma testemunha viva e gráfica de como os trabalhadores da fábrica de Kholodmash sairam de sua cautela inicial para uma ação militante, ocupando o escritório da direitoria e ganhando suas exigências pelos salários não pagos e pela manutenção da planta da fábrica.
O artigo termina com um apelo aos leitores do socialistworld.net a apoiar os trabalhadores de Kholodmash e para enviar mensagens para a diretoria da fábrica, exigindo nenhum rompimento dos acordos feitos com os trabalhadores.
Ocupação dos trabalhadores de uma fábrica em Yaraslavl termina em vitória
‘Kholodmash’ é uma planta industrial em Yaraslval, Rússia (uma grande cidade a três horas de carro de Moscou). Na segunda, 20 de março, negociações entre Olga Boiko, líder do sindicato de Kholodmash, e os diretores da companhia, Mikhailov e Kalinkin, junto com o deputado do governo regional, Federov, terminou em uma vitória aos trabalhadores.
O governo regional foi forçado a sair contra a tentativa de declarar a planta de Kholodmash em ‘bancarrota’ e à gerência foi dado uma semana para encontrar o dinheiro para pagar os salários atrasados. Em troca, à ela foi prometido um prazo para pagar o gás e eletricidade.
O governo regional argumentou que poderia assegurar negociações assim que a fábrica seja comprada de volta para a posse estatal. Foram dadas garantias de que nenhuma ação seria tomada contra os que participaram da ação. Estes resultados indicam que apenas medidas radicais podem forçar uma mudança, e embora uma vitória total ainda esteja longe, concessões consideráveis foram obtidas.
Ivan Ovsyanikov, um membro do Resistência Socialista (CIO) em Yaraslavl, e um ativo participante da ocupação de Kholodmash, explica o que aconteceu:
Os trabalhadores chamaram o que aconteceu na fábrica “um levante”, e não estão longe da verdade. Embora os eventos pareçam ter se desenvolvido espontaneamente, foram o resultado de uma massiva agitação e trabalho preparatório conduzido pelo sindicato ‘Zashita’ na planta.
Dois ou três dias antes da ocupação dos trabalhadores, parecia que eles tinham sucumbido à apatia. Mesmo o ‘ Instrument Shop ‘, o mais organizado setor operário, se posicionou contra qualquer ‘ação radical’. Isso foi deixado para um pequeno grupo de mulheres ativistas que decidiram que deveriam agir de qualquer maneira, tendo o apoio do resto dos trabalhadores, ou não. Sem dúvida, sua decisão puxou o restante dos trabalhadores a uma tomada de decisão.
A paciência dos trabalhadores se esgotou
Na manhã de 15 de março, uma centena ou mais de trabalhadores se reuniram fora do escritório do diretor. Quando eles disseram suas exigência, Mikhailov, que não é apenas o Diretor Geral, mas, de fato, também dono da fábrica, se recusou, de um modo rude e cínico, até mesmo ouvir as demandas. Esta provou ser a última tentativa dos trabalhadores a um “diálogo”. Para eles, foi a última gota, e na manhã seguinte sua paciência se esgotou.
Na manhã de 17 de março, logo que o turno da manhã começou, uma reunião espontânea começou nos quartos de roupa dos trabalhadores. A gerência, com medo do que poderia acontecer, ordenou a Olga Boiko, a líder sindical da fábrica, a ficar fora dela. Mas alguns dos seguranças, que simpatizavam com o sindicato porque eles também enfrentavam demissões, se recusaram a obedecer as ordens da gerência. “Nós defendemos a fábrica, não o proprietário” eles comentaram.
Os seguranças também permitiram que ativistas do Resistência Socialista (CIO) e uma equipe de TV de uma estação local de Yaraslavl entrassem. Quando entramos, havia apenas 50 trabalhadores em reunião. Mas dentro de meia hora, o resto da força de trabalho chegou. Foi uma viva discussão. Embora houvesse algumas vozes céticas entre os trabalhadores, eles eram a minoria. Estava claro para a maioria deles que não havia mais lugar para compromissos e que o tempo para meias medidas ao lidar com a gerência terminou.
Às 9.30, 17 de março, os trabalhadores foram para o escritório do Diretor. Nós estávamos entre os primeiros a entrar no quarto. Uma vez lá, vimos os diretores Mikhailov e Kalinkin numa reunião com o chefe da segurança. Por vários minutos, alguns dos trabalhadores exitaram na área de recepção – isso deu à gerência a chance para um insulto final. Kalinkin atacou os jornalistas presentes: “Fora do meu escritório, quem lhes deu permissão para filmar aqui?” ele berrou. Mas, quando ele tentou botar o câmeraman para fora do prédio, os trabalhadores o detiveram. Em segundos, o escritório estava cheio de trabalhadores. A sala parecia um ônibus lotado. E os diretores se colocaram atrás de suas grandes mesas.
Ignorando seus apelos preocupados, Olga Boiko uma vez mais listou as demandas dos trabalhadores. Ela exigiu o pagamento imediato e integral de quatro meses de salários atrasados, a manutenção da produção nos niveis atuais, e garantias contra o desemprego na eventualidade de uma bancarrota. Olga Boiko então declarou que não havia mais possibilidade de de negociações com a gerência, e que os trabalhadores ficariam no escritório até que o governador regional e o promotor geral aparecessem. Ela foi aplaudida.
Questões desconfortáveis para os patrões
A ocupação dos trabalhadores durou quatro horas. A discussão com o diretor foi muito complexo. Até a ocupação, as chamadas ‘discussões’ entre a força de trabalho e a gerência foram unilaterais. Esta apresentava ordens e promessas e esperava que os trabalhadores ficassem em silêncio. Agora era a diretoria que tinha que ouvir. Todos queriam discutir com os responsáveis por dilapidar a planta – e todos tiveram sua chace. A maioria das perguntas provou serem desconfortáveis para os diretores. Por exemplo, porque dois terços do equipamento foi transferido para outra fábrica?
Que a gerência não gostava de ser questionada desta maneira foi demonstrado pela face pálida do diretor Mikhailov durante as discussões, e pelo fato de que o chefe de segurança enxugava sua testa.
Se revelou que havia muitos oradores de talento e perguntadores entre os trabalhadores. Sergei Nikolaevich, do almoxarifado da fábrica, estando a pouca distância de Mikhailov, fez muitas perguntas embaraçosas – por isso ele foi chamado de “provocador” pela diretoria. Para esta calúnia – lembrança do velho sistema stalinista – outros trabalhadores responderam: “Então somos todos provocadores”!
Sergei continuou: “Eu não quero aborrecer ninguém, não sou deste tipo. Mas penso que é hora de chutar estes layabouts gordos para fora, os botar num carro, e mandá-los para fora dos portões. O que vcs pensam rapazes?” “Está certo”, responderam os trabalhadores.
O diretor não tinha muita vontade de ser mandado embora da fábrica de tal maneira, como sugerido por Sergei. Mas ele estava desesperado para sair do seu escritório!
Às 11 horas, uma multidão de jornalista se amontoava fora da entrada da fábrica. Mas Mikhailov ordenou a eles para ficarem fora. Quando os trabalhadores exigiram que eles entrassem, Mikhailov decidiu ser astuto. “Claro, claro, estou justamente descendo para deixá-los entrar. Mas os trabalhadores sabiam que Mikhailov apenas se ofereceu para tentar se assegurar que os jornalistas não chegassem perto da ocupação. Então, um grupo de 20 trabalhadores e ativistas desceram e pararam Mikhailov antes dos portões. Não demorou para os manifestantes dominassem o resto dos seguranças, e então abriram os portões para deixar a imprensa entrar. Os portões também foram abertos quando outra equipe de TV apareceu.
Na tarde de 17 de março, ‘big wigs ‘ locais , e, claro, a polícia apareceram. Entre os primeiros a chegar estava o deputado presidente do sindicato regional, Batov, junto com uma colega, Grosse, que era desconhecida dos trabalhadores de Kholodmash. Estes dois diretores ‘oficiais’ passaram seu tempo tentando convencer os trabalhadores a deixar o escritório dos diretores e sentar para negociar. Seus argumentos tiveram pouco eco entre os trabalhadores. Então a polícia entrou na fábrica tentando “proteger” os diretores. Os trabalhadores fizeram a polícia se retorcer. Eles disseram aos oficiais, “O que estão fazendo, vão procurar alguma coisa melhor para fazer!”
Então o procurador da justiça, um jóvem carreirista, também apareceu. Ele passou um longo tempo tentando convencer os trabalhadores que sua auditoria oficial anterior não revelou qualquer coisa errada feita pela gerência. O colapso da fábrica, ele disse, “era uma necessidade objetiva”. Mas esta explicação não foi aceita. No fim, o procurador teve que prometer que a próxima auditoria terá que examinar a fábrica muito mais detalhadamente.
Oradores de assessores dos chefes e big wigs ainda deixaram os trabalhadores insatisfeitos. Estes exigiam que o governador regional, Lisitsyn, que estava envolvido no fechamento da fábrica, e um dos governadores favoritos do presidente Putin, viesse à planta de Kholodmash. Mas, é claro, foi-lhes dito que o governador estava “fora da cidade”. O deputado de Lisitsyn prometeu trazer uma delegação à planta na próxima segunda e pediu aos trabalhadores a enviar uma delegação para encontrá-lo naquele dia. Depois de alguma discussão, os trabalhadores concordaram, nomeando dois ou três de cada oficina da fábrica. Mas, como a líder sindical Olga Boika explicou, qualquer que fosse o resultado das negociações, a força de trabalho agiria agora como um ‘comitê de greve permanente’.
Vendo a resolução dos trabalhadores em 17 de março, a gerência não teve outra escolha a não ser concordar com muitas das exigência. O diretor foi libertado de seu escritório às 13.30.
Tão preocupadas estavam as autoridades municipais de Yaraslavl, que fizeram promessas e concessões significativas nas negociações com os trabalhadores. Mesmo que ativistas chave, incluindo membros do Resistência Socialista (CIO), tenham sido interrogados pela FSB (polícia política), mais nenhuma ação foi tomada. Sem dúvida, as autoridades decidiram esperar, até que a raiva se acalme antes de tentar tomar ‘contra-medidas’. Mas os trabalhadores estão determinados a se manterem vigilantes!
Apoio aos trabalhadores da planta de Kholodmash – Envie mensagens às autoridades
Para ajudar a consolidar a vitória dos trabalhadores da fábrica de Kholodmash, e para manter a pressão sobre a gerência e as autoridades municipais manter o acordo com os trabalhadores, por favor envie mensagens à gerência.
As cartas devem protestar sa baixa renda dos trabalhadores de Kholodmash, que os salários não tem sido pagos por meses, e que os trabalhadores estão preocupados de que em breve serão demitidos.
Depois, devem ser mostrados protestos com as tentativas de usar medidas repressivas contra a líder sindical da fábrica, Olga Boiko. Isso é inaceitável. Por favor indique seu apoio total aos trabalhadores, à sua luta para salvar seus salários e empregos.
O povo trabalhadore e a juventude internacionalmente devem deixar claro à diretoria de Kholodmash que se as demandas dos trabalhadores não forem atendidas, ações de solidariedade serão organizadas ao redor do mundo. Isso inclui piquetes e protestos nas embaixadas e consulados russos para atrair a opinião pública do que está sendo feito na planta de Kholodmash, em Yaroslavl.
• Todas as medidas repressivas contra Olga Boiko, e outros ativistas, devem cessar imediatamente
• Todas as demandas dos trabalhadores devem ser atendidas
Por favor envie cartas de protestos a:
• Diretor de Kholodmash, Valerii Kalinkin
• Email: holod@median.ru.
• Fax: +7 4852 552204(espere pela mensagem e pelo bip, então pressione o botão de enviar)
• Por favor também envie cópias à bezduhovnost@list.ru.