PSOL e coligações eleitorais – Passou a boiada!

O Diretório Nacional do PSOL, reunido nos dias 28 e 29 de junho, deliberou sobre as coligações do partido nas eleições municipais desse ano. O PSOL deverá participar do processo eleitoral em mais de 440 municípios em todos os 26 estados onde acontecerão eleições.

Além das coligações em vários municípios com os partidos que em 2006 compuseram com o PSOL a Frente de Esquerda (PSTU e PCB), o DN também aprovou coligações com partidos da base do governo Lula e de base social burguesa ou pequeno-burguesa. É o caso de Porto Alegre (RS), onde o candidato a vice-prefeito será do PV ou, ainda, de Macapá (AP), onde o próprio candidato a prefeito será do PSB e a candidatura a vice fica com o PSOL. Em alguns pequenos municípios, além de outras coligações com PV e PSB, também foram aprovadas coligações com o PDT, PPS e PCdoB.


Existem ainda casos de coligações com pequenos partidos que na maioria das vezes funcionam como legendas de aluguel e nada tem a ver com a luta dos trabalhadores. É o caso do PMN, PTN, PSDC, PSL e PTdoB.

O argumento principal adotado pelo campo majoritário do PSOL para deliberar sobre as coligações com partidos da base do governo ou de base social burguesa foi apresentado nos seguintes termos: “atrair setores sociais e partidários que estejam em contradição com o governo e a velha direita, inclusive com as forças majoritárias nos partidos de que fazem parte”. Mas, ao contrário do que aponta a resolução, não houve nenhum rigor na análise dos casos concretos.

Porém, em muitos casos, o argumento puro e simples adotado na defesa das coligações, como no caso emblemático de Embu das Artes, foi a necessidade de uma manobra eleitoral para garantir condições de eleger vereadores. Mas, a que preço?

Coligação com PV em Porto Alegre abriu a porteira

Como alertamos no Congresso do partido e na Conferência eleitoral, “onde passa boi, passa boiada”. A coligação com o PV em Porto Alegre abriu as porteiras até mesmo para uma coligação numa capital, Macapá, onde o PSOL sequer assume a cabeça de chapa, deixando essa posição para o PSB.

Em todos os fóruns, defendemos que o PSOL impulsionasse uma Frente de Esquerda com um programa anti-capitalista e socialista e baseada no critério da independência de classe.

Infelizmente, mesmo restringindo-se a um número pequeno de municípios, a resolução do Diretório Nacional representa um retrocesso importante para o PSOL e abre um precedente extremamente perigoso.

O papel dos socialistas agora é continuar defendendo suas posições nas campanhas eleitorais impulsionando candidaturas classistas e socialistas do PSOL, mesmo contra as posições majoritárias da direção.