Por uma Frente de Esquerda em 2014 também no RN – Para derrotar as oligarquias e avançar na luta contra o capital!
Carta do professor Robério Paulino aos companheiros do PSTU, do PCB e a todos os lutadores sociais do Rio Grande do Norte.
Prezados e prezadas companheiros e companheiras,
Venho através desta, mais uma vez, insistir com todos, especialmente com os companheiros/as do PSTU e do PCB, sobre a importância de construirmos uma frente de esquerda também aqui no Rio Grande do Norte para as eleições de 2014. Os motivos que justificam essa unidade são vários.
Primeiramente, as grandes mobilizações de rua ocorridas no ano passado, seguidas neste ano por inúmeras mobilizações de importantes categorias de trabalhadores por salário, moradia e outros direitos, abriu uma nova situação, mais favorável para o movimento social. Ainda que de forma distorcida, essa nova situação tende a se expressar também no campo eleitoral, aumentando nosso espaço. Não acreditamos que vamos mudar o mundo por meio das eleições, mas sim através da mobilização social. Mas a esquerda consequente, que está nas lutas, precisa mostrar-se unida também nas eleições para enfrentar o capital. Eu e minha corrente, a LSR, fizemos tudo que estava ao nosso alcance para viabilizar uma frente de esquerda em nível nacional e em estados importantes, como no Rio de Janeiro, e em São Paulo com Vladimir Safatle. Infelizmente, perdemos a batalha dentro do PSOL, o que lamentamos. Entretanto, isso não inviabiliza a frente nos estados, que são outros campos de batalha.
Em vários estados a Frente de Esquerda se constituiu ou ainda está em discussão como no Rio Grande do Sul, em São Paulo, no Ceará, na Paraíba, entre outros. Acreditamos que aqui Rio Grande do Norte também é possível. E nos perguntamos por que aqui não? No caso dos camaradas do PSTU, já na primeira reunião de negociação nos comunicaram que a Frente só se concretizaria se aceitássemos que a cabeça da chapa majoritária fosse de seu partido, com a justificativa de que o PSTU tem mais entrada nos movimentos sociais. Nós consideramos que o PSOL tem muito mais condições de preencher o espaço que se abre e catalisar o descontentamento da população demonstrado nas ruas no terreno eleitoral; é o que escutamos entre os trabalhadores. Mas não impomos nenhuma condição, a não ser um programa claramente classista e socialista.
Nós nos colocamos, desde o início da discussão, dispostos a aceitar a cabeça de chapa para o PSTU e, no meu caso, abrir mão da cabeça de chapa indicada pelo PSOL, se houvesse alguma forma de ser comprovado quem têm mais aceitação no movimento social e entre os trabalhadores. Para isso propusemos a decisão de constituir a frente aqui no estado também e, a partir disso, uma consulta aos movimentos sociais para ver quem deveria encabeçar a chapa. Isso foi feito, por exemplo, por uma recente frente de esquerda na Espanha, o movimento Podemos. Seria inclusive uma forma muito simpática de demonstração de confiança de nossos partidos nos movimentos sociais e nos trabalhadores. Nossa unidade deve se dar antes de tudo através da construção de um programa classista e socialista para as eleições, e não exclusivamente em torno a nomes. Outra alternativa seria fazer uma pesquisa de intenção de voto com nossos candidatos propostos. Apesar do pouco tempo que nos resta até a convenção, reforçamos aqui a disposição de uma consulta urgente ou de uma rápida pesquisa de intenção de votos. Nós do PSOL RN estamos dispostos a colocar os interesses dos trabalhadores, que é a unidade no terreno eleitoral também, acima dos interesses de nosso partido aqui.
Outra questão é que, como devemos ter diferentes candidatos à presidência da república, podemos também chegar a acordos sobre o chamado de cada partido ao voto diferenciado em nossos distintos candidatos a presidente, mesmo estando numa frente.
Por último, devemos ver que os maiores representantes do capital e das oligarquias locais estarão unidos num grande acordo nesta eleição, enquanto o PT também busca a unidade com outro setor patronal minoritário, em função de seu projeto nacional de governo com a burguesia. Derrotar as velhas oligarquias em nosso estado é uma necessidade urgente. Não pode ser que em um momento no qual a esquerda mais deveria estar unida, ela saia dividida, demonstrando sua incapacidade de chegar a acordos em horas importantes como nestas eleições. Vai ficar incompreensível para a população trabalhadora e a juventude, especialmente depois do exemplo vitorioso da Frente de Esquerda nas eleições municipais de 2012 em Natal. São atitudes como essa que nos descredenciam perante a população, pelo que vamos pagar caro.
Por tudo isso, eu, o PSOL no estado e minha corrente, a LSR, vimos mais uma vez aqui, enquanto há tempo, insistir com todos vocês sobre a importância de constituirmos uma Frente de Esquerda para as eleições aqui também no Rio Grande do Norte. O momento nos exige grandeza, deixar as mesquinharias de lado, e não podemos errar.
Natal, 06/06/2014
Prof. Robério Paulino
Pré-candidato pelo PSOL ao governo do RN em 2014