A educação do Rio de Janeiro parou!
A greve unificada das redes estadual e municipal de educação do Rio de Janeiro começou no último dia 12 de maio e cada vez mais profissionais se somam à luta. Afinal, a realidade educacional é alarmante.
Os investimentos em educação do município e do estado do Rio de Janeiro cresceram, mas sem melhora da situação das redes públicas. Mais de 150 escolas já foram fechadas, funcionários terceirizados, cozinhas e salas de aula têm condições físicas precárias, professoras se desdobram entre duas ou mais escolas com turmas de mais de quarenta alunos e perdemos horas com deslocamento em transportes caros e lotados.
Isso sem falar no esvaziamento pedagógico da escola, com o saber docente substituído por apostilas e testes prontos, impostos pelas secretarias de educação. Nem ao menos os direitos já conquistados por nós, garantidos em lei, são respeitados, como o 1⁄3 de carga horária extraclasse e climatização das escolas.
Então para onde vai esse dinheiro? Para contratar serviços do Unibanco, Oi, Fundação Roberto Marinho, Itaú Social, Gerdau, Instituto Ayrton Senna e outros. Esses mesmos bancos e empresas são responsáveis pelo desmonte da educação pública em todo país. Unidos no “Movimento Todos Pela Educação” eles são os formuladores do Plano Nacional de Educação privatizante que está sendo aprovado esse ano!
A greve unificada das redes estadual e municipal de educação demonstrou o seu potencial ao fazer o Ministro Fux do STF convocar imediatamente o sindicato dos profissionais da educação, SEPE-RJ, e governos para uma audiência com objetivo de parar nossa mobilização. Acertadamente, não participamos de tal reunião, pois entendemos que esse espaço é inócuo e não resolveu nossos problemas antes – não será agora que resolverá.
Ataque judiciário
A decisão do ministro conciliador de autorizar o “Estado a aplicar as sanções administrativas cabíveis, tais como: código 30 (falta) e desconto salarial dos dias paralisados” evidencia que o poder judiciário não será um aliado.
A tarefa fundamental dos educadores do Rio de Janeiro está colocada: combater a política educacional dos governos municipal e estadual na rua conjuntamente. Somente a organização de comandos de greve eleitos em assembleias fará o movimento seguir o termômetro da mobilização de dentro das escolas.
A greve unificada organizada por cada profissional da educação é a ferramenta capaz de conquistar o Plano de carreira unificado, reajuste linear de 20% com paridade para os aposentados, fim da terceirização, cumprimento de 1/3 de carga horária extraclasse imediatamente, 30 horas para os funcionários administrativos, eleição direta para diretores, uma matrícula uma escola, equiparação salarial entre professores de todos os níveis da educação básica e reconhecimento do cargo de Cozinheira (o) Escolar.
Nossa luta está em sintonia com enfrentamentos travados por educadores de outros municípios como Caxias, Nilópolis, Niterói, São Gonçalo e Itaboraí, e de outros estados. Em todos esses lugares o que se quer é o mesmo: derrotar o modelo que privilegia transferências de dinheiro público para o setor privado e garantir dignidade a quem educa e aos estudantes. É preciso que tenhamos a perspectiva de articular a luta nacionalmente.