Telemarketing: Alerta, o trabalho é tóxico!
Em 14 de agosto, os operadores da empresa de telemarketing Atento do bairro do Belém, em São Paulo, tiveram que evacuar o prédio às pressas, pois havia suspeita de vazamento de gás. Esta possibilidade acabou sendo descartada pelo Corpo de Bombeiros e pela Comgás. Mesmo assim, muitos trabalhadores com sintomas de intoxicação foram levados para o hospital.
Descobriu-se depois que a causa do odor que impregnava todo o prédio originava-se de panos molhados com solvente que foram encontrados no lixo. Mas, o fato de 30 pessoas acabarem no Hospital mostra o estado alarmante de stress em que vivem estes trabalhadores.
A história se repete
Em 25 de agosto, foi a vez dos operadores da empresa G&P no centro de São Paulo sofrerem com intoxicação. A empresa estava efetuando trabalho de pintura durante o expediente de atendimento no interior do prédio, local onde não há janelas e a ventilação do ambiente conta apenas com o ar condicionado. Muitos trabalhadores começaram a sentir fortes dores de cabeça, ardência nos olhos, enjôo e fraqueza.
Mesmo com os trabalhadores reclamando do forte cheiro de tinta e apresentando sintomas de intoxicação, a empresa se negou a liberar os funcionários alegando que poderia fechar o atendimento.
Revoltados com a decisão da empresa, alguns trabalhadores se ‘deslogaram’ de seus postos de atendimento e foram sozinhos, sem respaldo e sem autorização da G&P para o Hospital, correndo o risco de desmaiarem no caminho e até de levarem advertência por terem infringido as regras impostas pelos patrões.
Conquistas da greve 2005 não são garantidas
Em agosto de 2005, 220 operadores da Atento, em São Paulo, entraram em greve reivindicando vale refeição, reajuste salarial e melhorias nas condições de trabalho. A greve foi considerada abusiva pela empresa e os tele-operadores grevistas foram demitidos.
Indignados com as demissões, os 220 funcionários entraram com uma ação coletiva contra a empresa, pois todo trabalhador tem direito a greve. A Justiça decidiu que a greve não foi abusiva e a decisão também reconhece várias melhorias reivindicadas pelos operadores, como vale refeição de oito reais, piso salarial de 505 reais, o estabelecimento do dia do tele-operador (04 de julho), etc. A decisão foi publicada no dia 20 de agosto, mas não entrou em vigor, já que o sindicato patronal recorreu e o processo ainda pode demorar.
Isso mostra que vale a pena lutar. Uma pequena greve teve tamanho impacto. Por outro lado, não foi suficiente para garantir a implementação das melhorias, que se perderam em anos de processos judiciais. Com uma greve com dois mil ou vinte mil trabalhadores seria mais difícil para os patrões manobrarem desse jeito.
NR-17 amplia o direito de intervalo
Em 02 de abril foi publicado no Diário Oficial da União, a Norma Regulamentadora 17. Esta Norma define regras para um bom ambiente de trabalho e proteção à saúde dos trabalhadores das empresas prestadoras de serviços de Telemarketing eTeleatendimento.
Entre os direitos, que já existem, por exemplo, na CLT, mas que agora foram concretizados, está o direito de que todos que trabalham 06 horas tenham, além da pausa para descanso e refeição, mais 20 minutos de pausa, em dois blocos de 10, não podendo ser nem na primeira e nem na última hora de trabalho.
Várias empresas, como a Atento, exigem que seus funcionários trabalhem 20 minutos extras (em total 06 horas e 20 minutos por dia), alegando que precisam cumprir a Norma. Mas estes 20 minutos devem ser feitos dentro do horário de trabalho, ou seja, dentro das 06 horas. Segundo a CLT, quem trabalha por mais de 06 horas/dia, tem direito à uma hora de almoço ininterrupta.
Sim, você pode ir ao banheiro
Conforme o Artigo 71 da CLT, pausas não prejudicam o direito de intervalo para repouso e refeição. A pausa banheiro, que se limita a 5 minutos, será extinta, o que significa que o operador poderá levantar-se de seu posto de atendimento (PA) todas as vezes que tiver necessidades fisiológicas.
Até quando os trabalhadores serão super-explorados desta forma? Mais do que nunca os trabalhadores precisam se organizar e tomar consciência de que somente conseguirão combater tanta exploração com a união de todos e travando uma luta contra o sistema capitalista.
Por isso, estamos construindo o Movimento da Juventude Trabalhadora e organizaremos uma grande campanha pela imediata implementação de todos os pontos da NR 17. Junte-se a nós!
Para entrar em contato com o Movimento da Juventude Trabalhadora, mande um e-mail para: juv-trab@yahoo.com.br