Metalúrgicos da Baixada Santista enfrentam o patrão e a polícia

Em novembro de 1993, a Companhia Siderúrgica Paulista (Cosipa) também foi atingida pelo plano neoliberal do então ministro Fernando Henrique Car­doso e do presidente Itamar Fran­co. A empresa foi privatizada e entregue para o grupo Usiminas que trouxe para o pólo industrial de Cubatão a mesma política empresarial de repressão às lutas e aumento da produção que desenvolve em Ipatinga, no Vale do Aço de Minas Gerais.

Após a privatização, os traba­lhadores da Cosipa haviam recuado nas lutas em razão da postura truculenta da direção do grupo Usiminas. Visando apenas os lucros, a empresa acabou reduzindo o efetivo, terceirizando serviços e aumentando a produção com ritmos alucinantes. A execução de tarefas perigosas que antes exigiam a presença de dois ou mais funcionários, passou a ser realizada por apenas um trabalhador. Equipa­men­tos que paravam de funcionar para a execução de manutenção, tem agora a manutenção feita com o equipamento em movimento.

38 trabalhadores mortos desde a privatização

Tudo isso criou um clima de insegurança que se concretiza nas estatísticas de 38 trabalhadores mortos desde a privatização, sendo que dois óbitos foram só no mês de julho desse ano e quatro acidentes graves aconteceram em uma única semana (de 30/07/07 a 05/08/07).

Apesar dos trabalhadores da Cosipa terem aprovado em Assembléia os termos de um acordo com a empresa, a patronal alterou clausulas desse acordo que acabou não sendo assinado pela representação dos trabalhadores.

A empresa não respeita a legislação, obrigando os traba­lhadores a executar oito horas diárias em turno fixo (quando a lei manda trabalhar seis horas diárias), afetando a integridade física e mental e até a vida dos trabalhadores.

Sabemos que a greve é um passo a ser dado quando não há outra forma de resolver as questões em discussão. Porém é uma ferramenta legitima da classe operaria que deve ser usada quando o capital não deixa outra alternativa para os trabalhadores. Assim aconteceu em Cubatão, na Baixada Santista neste mês de agosto.

Foram várias as tentativas frustradas do sindicato para negociar com a empresa as questões do acordo coletivo bem como a criação de uma comissão tripartite (empresa/sindicatos/ governo) e a busca por soluções para os problemas de segurança na empresa.

Diante da negativa da empresa não sobrou outra alternativa para os trabalhadores a não ser parar a produção, cruzar os braços. Essa decisão corajosa foi violentamente respondida pela policia militar do estado de São Paulo, de forma covarde e desequilibrada na tentativa de defender o capital e aceitando as pressões da direção da Cosipa.

Agressão da PM

Deve ficar claro para toda a sociedade brasileira que o Estado, com suas instituições, não respeita os direitos dos trabalhadores. São inúmeras as atuações da policia militar agredindo e até matando trabalhadores quando estes se organizam nos movimentos sociais. Esta constatação faz ressurgir uma pergunta que não quer calar. Até quando o fetiche do Estado democrático de direito vai ser capaz de esconder a verdadeira face do projeto neoliberal neste sistema capitalista tão desumano?