O Congresso da UNE e a alternativa para o movimento

A última luta importante travada pela UNE foi há mais de 15 anos durante o Fora Collor! Desde então o que assistimos foi uma burocratização ainda maior da entidade promovida pela sua direção majoritária (PCdoB/ UJS), o vergonhoso papel de frear todas as lutas e ainda fazer coro com o governo Lula no maior ataque ao ensino público superior brasileiro.

Hoje a UNE se posiciona ao lado de um governo que aplica reformas neoliberais que atacam a juventude e os trabalhadores.

É evidente a necessidade de modificar o ensino superior no Brasil, no entanto a atual proposta de Reforma Universitária apresentada por Lula e apoiada pela UNE nada mais é do que a precarização e mercantilização das universidades públicas. Esta reforma já teve vários pontos aprovados como o SINAES (que reedita o antigo Provão), a Lei de Inovação Tecnológica etc. Porém a medida da Reforma Universitária mais conhecida por todos é o PROUNI (Programa Universidade Para Todos) que é o financiamento público do ensino privado e a salvação dos tubarões do ensino. O PROUNI não garante assistência estudantil mínima para o estudante concluir seus estudos, além de muitos deles serem jogados em faculdades ou centros de ensino superior sequer reconhecidos pelo MEC.

Impossível recuperar a UNE

O Congresso da UNE é o maior espaço de deliberação da entidade, no entanto ocorre sem qualquer valorização da discussão política. Muita dispersão, festas e pouco debate marcam os fóruns desta entidade. Os delegados levados pela base governista (UJS e PT) vão sem qualquer debate político feito durante o processo de tiragem de delegados, onde a. fraude corre solta. Isso evidencia o papel deprimente que a direção majoritária cumpre visando unicamente a manutenção do aparelhamento desta entidade.

Devido a esse quadro lamentável é impossível a recuperação da UNE, pois nela não há a menor democracia para resgatar a entidade para as lutas.

O papel da esquerda

No 49 CONUNE a esquerda teve uma atuação fragmentada quando os companheiros do PSTU, equivocadamente, romperam de forma unilateral, sem que houvesse uma ruptura de massas com a entidade, colocando como principal foco do debate estar ou não na UNE, desconsiderando que o momento era de unidade para combater os ataques.

Durante o último Congresso da UNE houve uma tentativa de fundação de um bloco de esquerda para travar de forma conseqüente as lutas que a UNE se recusa a fazer. Esse bloco, A UNE Vermelha, foi impulsionado por militantes do PSOL organizados na tese “A Luta é o que nos UNE”.

A UNE Vermelha não avançou, nem funcionou organicamente, apesar da contribuição de alguns setores que construíam o bloco de oposição. Defendíamos que a UNE Vermelha se constituísse enquanto fração pública da entidade, ocupando os espaços que a UNE ‘azul’ e governista não ocupa.

No último CONEB da UNE (abril/2006) foi construída a FOE (Frente de Oposição de Esquerda na UNE) tentativa de unificação dos campos combativos do movimento, que apenas engatinhou no último CONUNE.

A construção da FOE foi importante para unificar os setores combativos que ainda estão na UNE, apresentar uma alternativa de luta para milhares de estudantes. No entanto a FOE deve avançar na sua forma de atuação, deve se organizar para além dos fóruns da UNE.

A FOE deve dialogar com estudantes que estão dentro e fora da UNE, estudantes secundaristas e movimentos sociais. Deve travar todas as lutas, organizar as entidades de base (CA’s e DA’s) potencializando a luta de cada estudante deste país por uma revolução no modelo educacional, ter finanças próprias, organizar-se regionalmente, enfim, a FOE deve ser muitos mais que uma frente de campos do M.E..

Frente de Luta Contra a Reforma Universitária

A Frente de Luta Contra a Reforma Universitária é exemplo de concreto de luta unitária entre setores combativos. Temos exemplos em diversos DCE’s de que a esquerda fragmentada abriu espaço para entidades serem ocupadas pela pelegada.

O Dia 26 de março (Plenária Nacional Contra a Reforma Universitária) foi importante na unidade de setores que defendem uma universidade pública, gratuita e de qualidade e se posicionam contra a reforma universitária do governo Lula.

Construir alternativa

A FOE em conjunto com os companheiros da Conlute, deve potencializar a construção de um Fórum nacional de luta dos estudantes, com todos os setores combativos do movimento, de dentro ou de fora da UNE, a partir da ampliação da Frente Nacional de Luta contra a Reforma Universitária.

É preciso rumar para a construção de uma alternativa conseqüente e de luta para os estudantes, uma alternativa que se dê nas lutas, na construção conjunta com as bases do movimento, pautadas pela democracia interna, construindo as bases para uma nova etapa da luta dos estudantes brasileiros superando o peleguismo e governismo da UNE.

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