As lutas dos estudantes da UFMT

     Em março desse ano, na Universidade Federal do Mato Grosso, em Cuiabá, aconteceu uma manifestação com cerca de sessenta estudantes. Entre eles, moradores da CEU (Casa de Estudantes Universitários) da UFMT, contra o fechamento de cinco casas da moradia estudantil. O governo respondeu a esse ato com uma grande repressão policial: foram mais de dez estudantes agredidos e presos pela ROTAM.  

     Mas o movimento não se rendeu e continuou lutando. No dia seguinte, foram mais de mil pessoas na manifestação, culminando em uma ocupação da reitoria da UFMT, que durou dezessete dias. Essa ocupação tinha como pauta principal maior investimento para as políticas de assistência estudantil – entre elas, a ampliação do número de refeições no Restaurante Universitário – além de exigir que a gestão do restaurante fosse pública (hoje, o RU sofre um processo gradual de privatização, combatido pelos estudantes). Esse ponto é fundamental para que a verba destinada à permanência estudantil sirva de fato para esse fim, e não seja usada para enriquecer donos de uma empresa privada.

     A reitoria não estava disposta a negociar, sendo bastante intransigente. Porém, por pressão da luta, os estudantes conquistaram um acordo que trazia importantes vitórias. Uma delas foi a permanência do RU na gestão pública da universidade.

Entidades do movimento estudantil

     Os estudantes há muito tempo conquistaram direito de se organizar de forma autônoma da reitoria e das diretorias. Isso passa por poder ter CAs e um DCE organizados pelos próprios estudantes, e com fontes de renda própria, para que possam financiar suas atividades sem que precisem passar por nenhum tipo de aprovação que não seja dos próprios estudantes.

     Porém, já há alguns anos, a universidade quer se apropriar das cantinas que servem como financiamento para essa organização autônoma dos estudantes. Além disso, proibiu a realização de festas, outra importante fonte de financiamento.

Reitoria tenta punir aqueles que lutam

     Como protesto, a gestão do DCE realizou três festas, chamadas Clandestinas, que foram realizadas em conjunto com os CAs nos espaços da universidade. Depois de alguns meses, dois estudantes da gestão foram notificados de processos administrativos contra eles. Explicitando o caráter de perseguição política desses processos, a administração superior da universidade chegou a falar que, se não conseguisse expulsá-los, pelo menos levariam uma suspensão de um mês – o que faria com que fossem reprovados.

     Há informações de que outros oito estudantes estão sendo processados por motivos políticos também, mas os processos correm em sigilo.

Reitoria beneficia empresas privadas

     Ao mesmo tempo em que a reitoria processa estudantes que se mobilizam, ela também prepara um esquema com uma empresa para descumprir o acordo feito e privatizar o Restaurante Universitário. A administração colocou a necessidade de uma reforma do restaurante, que serviu como desculpa para abrir um processo licitatório do RU, cumprindo um antigo projeto de privatização que era impedido pela mobilização dos estudantes.

     Como tentativa de desmobilização, a empresa que agora controla o RU começou a distribuir quentinhas na universidade e a Reitoria veiculou através da grande mídia que a universidade atendeu às reivindicações de estudantes de ter café da manhã e opção vegetariana e suco em todas as refeições. Essas bandeiras faziam parte do acordo que foi feito em março, mas o que a reitoria quer é esconder um fato fundamental, de que o mesmo acordo também colocava que a gestão teria que permanecer pública.

     Além de não cumprir o acordo anterior, agora a Reitoria se recusa a dialogar com os estudantes e ataca novamente a autonomia de sua organização, dizendo que não reconhece a gestão do DCE. Isso é só mais um argumento para dificultar o diálogo e implantar os projetos de repressão ao movimento e de privatização.

Agora, os estudantes da UFMT têm três bandeiras principais para conquistar:
• Fim dos processos por perseguição política;
• Não à proibição de festas e à retirada das cantinas das entidades estudantis;
• Por um RU público, gerido pela universidade.

 

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