Vitória da esquerda no DCE da USP
A eleições que aconteceram nos dias 16, 17 e 18 de novembro para o DCE Livre da USP, o maior DCE do Brasil, marcaram uma vitória importante para o Movimento estudantil combativo, de esquerda, e um recado claro dos estudantes da USP contra a Reforma Universitária! Venceu a chapa “Educação pela Pedra”, na qual o Socialismo Revolucionário participou.
Resultado da eleição:
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votos | |
Educação pela Pedra (PSOL + indep) Adeus Lênin (direita) Lado B – oposição (PSTU + indep) Primavera nos dentes (DS + indep) Refazendo (PCdoB, MR8 + indep) Território Livre (Neg da neg + indep) Rompamos as velhas engrenagens (LER)
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2731 1309 884 404 356 316 101 |
42,4% 20,3% 13,7% 6,2% 5,5% 4,9% 1,5% |
Total:
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6440 |
Instinto Coletivo
A chapa “Educação pela Pedra” representa, por sua composição e linha política, uma continuidade da gestão “Instinto Coletivo” 2004-2005. Porém ela se apresenta como um avanço em relação à antecessora. A própria Instinto fez um balanço crítico a sua atuação. Essas dificuldades se devem tanto à própria dinâmica do movimento estudantil que esteve em refluxo durante o primeiro semestre de 2005, quanto ao esvaziamento que a diretoria do DCE sofreu.
Vemos como pontos positivos as posições tiradas em relação à reforma universitária e conjuntura e à participação e organização ativa durante a greve contra o veto de Alckmin ao aumento de verbas para educação no segundo semestre. Devido às posições contra essa reforma universitária e uma postura de oposição de esquerda ao governo Lula, a Kizomba (campo do movimento estudantil ligado a Democracia Socialista – PT) rompeu com a “Instinto Coletivo”. Se essa ruptura no meio da gestão significou por um lado uma irresponsabilidade com o movimento, por outro a saída desse setor moderado significou um avanço na constituição política do DCE.
Educação pela Pedra
O resultado vitorioso da “Educação pela Pedra” vem do nosso diferencial em relação as outras chapas: programa e trabalho de base. Nosso programa é fruto de um longo acúmulo do movimento estudantil. Versa sobre os principais temas da conjuntura, universidade, movimento estudantil. Para além desses pontos já tradicionais, nossa chapa tem acúmulo sobre discussões que dificilmente são vistas no movimento, como opressões (racismo, machismo, homofobia) propriedade intelectual, saúde, cultura, esporte, meio ambiente.
Junto com este programa, uma grande força nossa é a inserção nos cursos. Praticamente todos os componentes da nossa chapa têm um trabalho próximo, fazem ou já fizeram parte de algum CA. Isso se reflete nos mais de 300 apoiadores que conseguimos nessas eleições. Nossa presença nos campi do interior e na EACH (campus Leste) também se fizeram sentir. Resumindo, fomos a única chapa com projetos e pessoas para implementar esses projetos.
A “Adeus Lênin” teve o papel mais reacionário nessa eleição. Donos de um discurso anti-esquerda e anti-partidário, (inclusive com um nome anti-comunista), conseguem aproximar os setores de estudantes da USP mais conservadores. Sua prática cotidiana não é de participação nas atividades do ME, como assembléias, debates, GTs, etc. Pelo contrário, deslegitimam estes fóruns e suas decisões. Colocam a participação por dentro da burocracia universitária, através da representação discente como seu foco de atuação. Boicotam as lutas do movimento e seus instrumentos, como a greve.
A chapa “Lado B – oposição” foi a chapa do PSTU. Apesar de contar com estudantes independentes, toda a política e formulação era do PSTU, como as propostas de ruptura com a UNE e filiação do DCE à Conlute, pseudo alternativa a UNE governista, isolada dos estudantes e aparelhada pelo partido. Toda a campanha dessa chapa foi montada em torno de um eixo: ser oposição. Programa e políticas para o DCE passaram longe. Sobraram calúnias e acusações despropositadas.
As chapas “Primavera nos Dentes” (DS/PT) e “Refazendo” (PCdoB e MR-8) sofreram um grande rechaço por parte dos estudantes. A reduzida votação que tiveram demonstra a pouca penetração nos cursos, um distanciamento do cotidiano dos estudantes. Com graus de diferença, ambas as chapas reivindicam a reforma universitária do governo Lula. Seus programas tiveram uma moderação acentuada. Como exemplo, a chapa “Refazendo” não é contra as fundações (como é historicamente o movimento estudantil da USP, inclusive com resoluções congressuais), defende um “controle” dessas empresas que usam a USP para seus próprios benefícios.
Temos pela nossa frente um ano de muitas lutas. A campanha por democracia na USP, mesmo após a eleição do novo reitor, deve continuar. A reforma universitária privatizante do ensino superior promovida pelo governo federal continua em tramitação no Congresso Nacional.
Luta contra a reforma universitária
A luta em curso contra esse projeto e pela elaboração de uma reforma que garanta à juventude o direito de entrar na universidade deve continuar. No âmbito estadual, temos que nos preparar para travar novamente a luta por mais verbas para a educação.
A conscientização dos estudantes sobre a importância da luta por mais verba deve ser nossa tarefa. Superar os problemas de relacionamento e comunicação com os Centros Acadêmicos e com os estudantes da USP é fundamental. Achamos que só com a participação ativa dos estudantes é possível fazer movimento e construir uma nova universidade. É por essas propostas e por esse trabalho que o Socialismo Revolucionário se pautará nessa gestão do DCE.