A ascensão do Militant: Trinta anos do Militant 1964 – 1994

O tumulto

A demonstração na Escócia se passou pacificamente, que não foi o caso em Londres. A responsabilidade por isso repousa firmemente nos ombros do governo e da polícia. Essa manifestação atraiu todos os que se sentiam vítimas do governo Thatcher. Os sem-teto, jovens desempregados, os oprimidos e destituídos, assim como os gráficos e outros que sentiram o tacão de Thatcher em suas costas – todos estavam sedentos de vingança contra o governo e esta era a ocasião para isso.

Contudo, a marcha foi completamente pacífica, como um carnaval no principio. No tempo em que a frente da marcha alcançou a Trafalgar Square, tinha havido apenas uma prisão. A praça logo foi totalmente lotada em sua capacidade de 70 mil pessoas. E a maior parte da marcha ainda não tinha deixado Kennington Park. Em Whitehall, um grupo se reuniu em torno das barreiras opostas à Downing Street. Cerca de 150 a 200 do que os organizadores acreditavam serem anarquistas e membros do SWP estavam gritando insultos à polícia e também aos organizadores. Alguns dos anarquistas estavam bêbados e ofensivos. Muitos dos organizadores acreditavam que a marcha tinha sido infiltrada por um punhado de agentes provocadores assim como jovens desorganizados que estavam apenas procurando ter sua vingança sobre o símbolo de autoridade mais próxima.

Downing Street

Por quase uma hora, os organizadores tentaram assegurar que o resto da marcha apenas passasse pelos mais ou menos 100 pessoas que estavam sentadas em frente à Downing Street. Algumas pessoas, especialmente aquelas com crianças, decidiram sentar na grama e ter um descanso. Um dos organizadores, Colin Fox, reportou que à medida que os organizadores iam para a Downing Street, cerca de 40 anarquistas estavam sentados na rua e

à medida que seu número crescia eles obviamente pretendiam causar problemas. Eles começaram arremessando cartazes, latas de cerveja e até mesmo cercas de proteção. Eles miravam a polícia mas muitos caiam no povo na marcha. Gritei para eles pararem de arremessar mas não obtive nenhum efeito. Por esta hora eles consideravam os organizadores um alvo. Algum idiota gritou: “Pegue os organizadores primeiro!” Me acertaram na cabeça com uma lata de cerveja, fazendo-me largar meu megafone. Quando me inclinei para pegá-lo fui chutado três vezes nas costas e nas pernas. Então, uma saraivada de projéteis choveu, a polícia irrompeu pela marcha e começou a acertar qualquer um que pudesse alcançar, mesmo os que ficaram parados por uns bons 40 minutos e assistindo… O que diabos estavam os comandantes de polícia pensando, empurrando os 300-400 encrenqueiros em Whitehall para dentro da multidão reunida na praça? Foi como jogar um fósforo aceso num tanque de petróleo. (1)

Chefe de Segurança

De fato, isso foi o início do distúrbio policial. Steve Glennon, da Federação de chief organizador, resume a história:

Nós desviamos a marcha da Praça do Parlamento ao lado da Bridge Street e então para o Embankment ao lado da Northumberland Avenue, como pré-combinado com a Scotland Yard. Mas enquanto isso estava acontecendo, esquadrões de captura vieram de frente para a Downing Street. Foram os espectadores que levaram a maior parte. Então os cavalos da polícia seguiram para o gramado fora do Ministério da Defesa onde famílias estavam sentadas assistindo a manifestação… Organizadores estavam sob um ataque físico organizado. Pessoas com megafones estavam pedindo para os manifestantes atacá-los como ‘colaboradores da polícia’… A polícia parou a marcha entrando na Trafalgar Square, apesar da  pura pressão dos manifestantes ainda estarem no fundo da Northumberland Avenue. O tumulto começou na frente. Isso se tornou uma batalha. A tropa de choque fez então ataques e veículos policiais se dirigiram velozmente para setores pacíficos da multidão… Batalhas contínuas ocorriam… Apelei para um oficial de policial muito velho que estava num sinal de trânsito [em Trafalgar Square] na hora para assumir o controle e retirar os cavalos e a tropa de choque. Até disse que meus organizadores iriam para lá tentar restaurar a ordem. Isso acarretaria num grande risco para nós mesmos. Nesta hora, loucos no andaime estavam jogando objetos em nós indiscriminadamente. (2)

Não havia dúvida de que pequenos grupos estavam agindo como provocadores, se consciente ou inconscientemente era impossível dizer. Mas a esmagadora maioria queria ter uma manifestação pacífica, como indicado pelo relato de Martin Davis, um organizador que foi enviado para Whitehall quando a manifestação foi desviada:

Nos arranjamos para organizar umas pequenas reuniões em Whitehall, tentando trazer os manifestantes junto e apelando a eles para se moverem, manter a marcha se movendo e se reunir à marcha principal na Embankment. Dissemos que embora as pessoas estivessem com raiva, eles deveriam guardar sua raiva para os oficiais de justiça. A maioria concordou comigo. Tivemos votações em várias reuniões e nos movemos. Obviamente os sectários estavam muito aborrecidos com o que eu estava fazendo mas não estavam preparados para ouvir as pessoas e tomar parte no debate. (3)

Após a manifestação e as cenas de caos e “desordem” que correu pelo mundo, uma colossal campanha de propaganda foi lançada pelos Conservadores e sua imprensa protetora. O propósito era manchar os organizadores da magnífica manifestação. Ainda que 99.9% dos que participaram da marcha aceitassem a decisão da Federação por uma enorme, mas pacífica manifestação em apoio ao não-pagamento em massa. Eles na verdade votaram a favor disso antes da marcha deixar o Kennington Park. Pontuamos que “um minúsculo punhado de anarquistas, incitados, geralmente por trás, por membros de grupos à margem… tentaram provocar um conflito com a polícia em Downing Street. Estes grupos não fizeram nada para construir o movimento anti-poll tax.”(4) A principal responsabilidade pela violência descansa nos ombros de Thatcher e seu governo.

70 mil sem-teto em Londres

Havia por esta época 70 mil sem-teto somente em Londres. Havia um ressentimento ardente pela perseguição sistemática da juventude pela polícia em Londres. “A violência testemunhada no sábado,” nós dissemos, “tem origem na sociedade capitalista e nas brutais medidas de classe do governo Conservador na última década.” Nós dissemos:

Isso então justifica ataques sem provocação à polícia e saques, como os anarquistas e algumas seitas semimarxistas acreditam de verdade? Não! Uma coisa é entender as causas do… comportamento violento de uma grande camada da juventude e outra coisa e justificar, como alguns destes grupos irresponsáveis acreditam. (5)

A manifestação e o “tumulto” de 31 de março foram alguns dos mais importantes eventos na história do movimento trabalhista neste século. Por si mesmo não acabou com o poll tax ou com Thatcher. A honra disso pertence inteiramente ao exército de 18 milhões de não-pagadores e àqueles que os soldaram numa força invencível. Mas estas poderosas manifestações eram uma expressão visível e dramática tanto para a classe dominante britânica e do mundo da escala de oposição ao poll tax e do ódio ardente ao governo Thatcher e do sistema sob o qual ele descansava. Isso marcou o início do fim para Thatcher. Ela mesma atesta isso em suas memórias:

… a mais pública oposição da taxa comunitária não veio das respeitáveis classes médias baixas Conservadores por quem eu sentia tão profundamente, mas da esquerda… Eles encontraram pouca simpatia das massas cumpridoras da lei dos apoiadores do Trabalhismo. Mas havia pessoas suficientes prontas para tomar a iniciativa de organizar a resistência violenta. No sábado, 31 de março, o dia antes da introdução da taxa comunitária na Inglaterra e Gales, uma manifestação contra a taxa degenerou em distúrbios em torno da Trafalgar Square. Houve uma boa evidência de que grupos de encrenqueiros fomentaram deliberadamente a violência. O andaime de um terreno de construção na praça foi desmantelado e usado como mísseis; incêndios foram iniciados e carros destruídos. Quase 400 policiais foram feridos e 339 pessoas foram presas. Foi uma benção de que ninguém foi morto. Eu estava horrorizada com tais perversões.

Pela primeira vez um governo declarou que ninguém que pudesse razoavelmente fornecer algo o fizesse para pelo menos pagar pela manutenção das facilidades e provisão dos serviços de que eles se beneficiavam. Toda uma classe de pessoas – uma ‘subclasse’ se preferir – tinha sido arrastada para as fileiras da sociedade responsável e pedia para não serem apenas dependentes mas cidadãos. Os distúrbios violentos de 31 de março em torno da Trafalgar Square foram a resposta deles e da esquerda. Um eventual abandono da taxa representava uma das maiores vitórias para essas pessoas já concedidas por um governo Conservador.(6)

Ameaça verdadeira à democracia

Thatcher pintou os organizadores da campanha como uma “ameaça à democracia”. Isso de um governo que procurava debilitar os sindicatos, incluindo o direito de pertencer a um sindicato para os trabalhadores do GCHQ, atacando os jornalistas na imprensa e mídia, e lançando 17 milhões de pessoas na pobreza.Os líderes Trabalhistas reagiram à manifestação do poll tax e ao tumulto com um chamado, nas palavras de Roy Hattersley, por uma “punição exemplar” para os julgados e condenados por participar em desordens. Nós respondemos:

Á luz da armação dos Quatro de Guildford, dos seis de Birmingham e muitos outros… não compartilhamos com a fé comovedora de Hattersley na justiça capitalista… É inadmissível colaborar com o estado capitalista, mesmo contra aqueles cujos métodos discordamos implacavelmente. Os perturbadores e desorganizadores da manifestação de sábado precisam ser tratados pelas forças do movimento trabalhista, e não pelo estado capitalista. (7)

Era necessário fazer esta declaração porque, muito vergonhosamente, Steve Nally e Tommy Sheridan foram acusados depois da manifestação por alguns pequenos grupos de ameaçar ‘dar nomes’ daqueles que deliberadamente pretendiam perturbar a manifestação.A acusação, repetida à exaustão nos meses que se seguiram, era de que os apoiadores do Militant colaborariam com a polícia e forneceriam ao Estado nomes de seus oponentes que eles acreditavam estarem envolvidos em ‘violência’.” Isso era totalmente falso. Steve Nally e Tommy Sheridan foram ambos esmagadoramente reeleitos como diretores nacionais do Fed apesar destas alegações inescrupulosas.

Numa manifestação separada em Cheltenham, antigamente um local muito tranqüilo, 48 manifestantes foram presos ao mesmo tempo dos eventos em Londres.

As conseqüências

Nas conseqüências da manifestação, o Militant estava repleto de cartas daqueles que culpavam esmagadoramente a polícia. Um relato mostra que em Strand, dois policiais, quando viram os veículos policiais e a polícia montada sendo empregada, disseram: “Ah, não. Eles estão enviando os tanques!” (8)

Um veículo deu marcha à ré a 50 milhas por hora pela rua à medida que as pessoas se dispersavam e como uma mulher com uma criança de colo num carrinho saiu correndo para a estação Charing Cross declarando que ela nunca esteve tão assustada em sua vida. Em Trafalgar Square os organizadores apelaram à multidão para se dispersar. Contudo, muitas pessoas, especialmente jovens se reuniram fora da Casa da África do Sul. Mas ao invés de esperar para eles se dispersarem, como já estavam fazendo, um comandante de polícia deu ordens para vans atravessarem a multidão. Jovens despossuidos com nada a perder, muitos deles sem-teto, não estavam preparados para aceitar isso. Decidiram então enviar a polícia montada, muitos deles com sorrisos nas faces à medida que atacavam a multidão. Esta atacou de volta e forçou os cavalos a se retirarem. Mas então a polícia chamou os reservas. A conclusão esmagadora era de que a polícia provocou deliberadamente o confronto, aumentando as ações de grupos irresponsáveis sem representatividade que estavam apenas procurando por distúrbios.

Viva a Fed!

Contudo, nada disso esfriou o sentimento de exaltação e o senso de vitória iminente que a grande maioria dos manifestantes anti-poll tax sentiam ao se preparar para continuar a batalha. Ironicamente, um policial convocado sul-africano temporariamente estabelecido na Grã-Bretanha, estava na manifestação da Trafalgar Square e afirmou que ele tinha

aprendido uma importante lição. Eu estava sob a ingênua impressão que os policiais britânicos eram um pouco diferentes de seus colegas sul-africanos. Como estava enganado. Parece que a polícia de todo o mundo é instrumento (em muitos casos de boa vontade) da classe dominante. Certamente, na minha parte da multidão a polícia estava invariavelmente provocativa. Passaram pela multidão com seus veículos de controle de tumulto com nenhuma consideração para os menos ágeis ou para os que simplesmente não podiam se mover por causa do tamanho da multidão… Como o orador da Romênia [Radu Stephanescu, que foi trazido da Romênia pelo Militant] pontuou, e como temos aprendido em países de todo o mundo, o poder popular é uma realidade que pode ser obtida pela ação unida das massas mesmo quando a classe dominante e seus bate-paus atacam os movimentos da classe trabalhadora. Viva a Federação Anti-Poll Tax de Toda Grã-Bretanha! Viva! (9)

Expressando o respeito pelo tamanho da manifestação, onde havia pessoas com 19 anos que estiveram numa manifestação pela primeira vez em 31 de março:

Espero que em 20 anos eu possa olhar para trás e me orgulhar de ter sido a criança da revolução mundial e dizer às minhas crianças: ‘Eu estava lá, vi tudo que aconteceu, vi Thatcher cair!’ O final da minha infância, todos os meus anos de adolescência foram intimidados pelo thatcherismo. Espero que os anos 90 e meus 20 estejam livres dele, como muitos deste país querem. Então talvez possam ser justos. Eu não sei o que os próximos 10 anos aguardam mas sei que é melhor morrer em pé do que viver de joelhos. (10)

Enquanto isso no TUC

Essa não era, contudo, a visão do grupo direitista dominando o conselho geral do TUC. Eles passaram tanto tempo de joelhos que não sabiam mais a diferença. Quatro dias após esta manifestação de massas épica, fora do Central Hall, Westminster, um velho trabalhador comentou para os que tinham participado:

Seu povo pode se orgulhar dele mesmo, organizando uma marcha de um quarto de milhão. O que esta pessoas organizaram hoje é patético. (11)

“Estas pessoas” eram o TUC, cujo comício contra o poll tax estava para começar. Num salão com capacidade para 3.000 pessoas, 800 foram admitidos, a maioria diretores sindicais. Este era o protesto do TUC tanto tempo aguardado que supostamente começaria às 10.30 da manhã daquele dia com uma marcha de Euston organizada pela Câmara de Comércio de Camden e apoiada pela Grande Associação Londrina de Câmaras de comércio.  A polícia estava preocupada. Se a marcha não-oficial da Federação pôde colocar 200.000 nas ruas, quantas viriam para esta ocasião “oficial”? A resposta logo ficou clara – cerca de dez: Tony Benn (o orador), uns poucos diretores sindicais e 4 pela Federação.A marcha foi portanto cancelada. O fiasco foi produto da atitude pueril e silenciosa do TUC sobre a luta. No comício de Central Hall, Norman Willis argumentou que o melhor meio de combater o poll tax era esperar pela eleição geral de1992.Ele então atacou as “violentas cenas” de Trafalgar Square. Isso era demais para os trabalhadores dos correios que vieram com seus pés denunciar a violência policial. Um disse: “Eu não posso pagar o meu poll tax,” ao que Norman Willis berrou: “Vocês são os melhores aliados do governo!” Ele terminou sua contribuição com uma arenga de denúncias do não pagamento.Um diretor do USDAW tentou o mesmo curso, querendo assustar os trabalhadores com terríveis alertas do que poderia acontecer se eles não pagassem. (12)

Campbell Christie, líder escocês do TUC, contrastou a violência em Londres com a marcha pacífica em Glasgow no mesmo dia – esquecendo de dizer que a Federação organizou as duas. A diferença entre as duas manifestações era que a polícia procurou por um tumulto em Londres, o que não ocorreu em Glasgow. Após a manifestação a polícia fez uma batida nas sedes da Islington Contra o Poll Tax “e a perseguição teve lugar entre os ativistas anti-poll tax em Norwich e outras áreas”. Um juiz de Old Bailey de fato ordenou que 25 jornais e emissoras de TV entregassem filmes e fotografias da manifestação para ajudar na “investigação” policial sobre o tumulto. Isso foi um sinal verde para o alvoroço policial nas próximas semanas.

As eleições locais em maio representaram uma severa derrota para os Conservadores. Eles tentaram encobrir isto, com a ajuda da imprensa à sua disposição, realçando as “vitórias” em Wandsworth e Westminster. Revelamos que: “Em Wandsworth e Westminster houve uma aberta e legal compra de votos.” (13)

Poucos anos depois, o Auditor Distrital chegou à mesma conclusão. Mas na época ele já não era capaz de agir com o mesmo “vigor” como seu colega em Liverpool e Lambeth fez ao interditar os vereadores nestas áreas. Nacionalmente, houve uma virada de 11% contra os Conservadores, suficiente, se uma eleição geral fosse chamada naquele momento, para uma maioria parlamentar de 80 para o Trabalhismo. Bradford, a “jóia” do norte na coroa municipal de Thatcher, foi ganha de volta para o Trabalhismo. Em Liverpool, inteiramente devido à magnífica luta dos anos 80 e ao legado dos 49, os Conservadores foram reduzidos virtualmente a uma seita política, com apenas 7% dos votos e 2 vereadores. Na Escócia, eles ficaram em 3º, atrás do Trabalhismo e do SNP e houve uma virada massiva para o Trabalhismo nas Midlands. Sua única migalha de conforto foi em Londres, e mesmo lá houve uma virada de 6.5% para o Trabalhismo. Foi sem dúvida o poll tax e a oposição de massas que construiu este benefício ao Trabalhismo. Apesar da inquietação e ódio franco sentido por muitos trabalhadores pela posição vergonhosa da direção sobre a questão de combater o poll tax, o partido não obstante foi visto pela massa da classe trabalhadora como a única alternativa viável na frente eleitoral.

Significativamente, destacados lutadores anti-poll tax, como Anne Hollifield em Lambeth e Wally Kennedy em Hillingdon, foram eleitos para as câmaras locais. Em Tower Hamlets, de outro lado, os Liberais foram ajudados de volta para o poder apelando para o recurso de uma podre propaganda racista. Apenas depois, quando não podiam mais evitá-lo, Paddy Ashdown e os Liberais em nivel nacional se distanciaram dos racistas que infestavam o partido de Tower Hamlets. Após estas eleições, a direita encenou um golpe em Liverpool contra Keva Coombes, líder do grupo Trabalhista, da ala esquerda não-Militant. Eles apenas foram capazes disto porque o comitê executivo nacional Trabalhista suspendeu 15 vereadores de esquerda que votaram contra a implementação do poll tax. Isso apenas 2 semanas depois que o Trabalhismo tomou 10 cadeiras dos Liberais.

Os eventos em fevereiro e março abalaram o governo Conservador, especialmente a marcha de 31 de março. Mas Thatcher estava determinada a não retroceder. Em maio ela até mesmo citou mal Heseltine e declarou que ele estava: “certo quando disse esta manhã que seu governo Conservador irá lutar e ganhar a próxima eleição geral com a Taxa Comunitária em curso.” (14)

Estava claro que Thatcher se retirou para seu bunker e estava determinada a não ceder uma polegada. Chris Patten, o Ministro do Meio Ambiente, de fato reduziu a verba de 21 autoridades locais – todas Trabalhistas. Animado pela massiva resposta dos dois meses anteriores, o exército do não-pagamento era, contudo realista o suficiente para entender que poderia tomar qualquer ação, possivelmente a demissão da própria Thatcher, antes que a taxa pudesse ser quebrada. Portanto, uma estratégia e programa foram delineados para os meses seguintes. Várias novas iniciativas foram lançadas em maio, incluindo uma reunião dos vereadores Trabalhistas em junho, que prometeriam não-pagar o poll tax. Eles planejariam como pressionar as câmaras locais a não implementar a taxa. Também foi acordado realizar uma conferência sindical em 23 de junho para construir o apoio ao não-pagamento nos locais de trabalho. Também foi proposto organizar uma “longa marcha” de Glasgow a Londres no começo de setembro na tentativa de publicizar a campanha de não-pagamento.

Em maio, Tommy Sheridan viajou para Londres para discursar numa conferência de imprensa na Câmara dos Comuns. Ele deu os números do não-pagamento na Inglaterra e Gales, que aumentavam dramaticamente. Até a Associação de Autoridades Metropolitanas (AMA) disse que havia “um nivel de não-pagamento massivo em torno de 50%”.(15) De outro lado, chamadas massivas de não-pagadores estavam sendo preparadas por algumas câmaras. O primeiro provavelmente seria a Câmara de Medina na Ilha de Wight. Militant deu, junto com a Federação, avisos muito efetivos, de caráter tanto legal e não-legal, de como combater o poll tax.

1 Militant 987 6.4.90

2 ibid

3 ibid

4 ibid

5 ibid

6 Margaret Thatcher, “The Downing Street Years” P661

7 Militant 987 6.4.90

8 ibid

9 Militant 988 13.4.90

10 ibid

11 Militant 987 6.4.90

12 ibid

13 Militant 992 11.5.90

14 Militant 994 25.5.90

15 ibid