Sri Lanka: Vitorioso Congresso do Partido Socialista Unido
O Partido Socialista Unido (USP) realizou seu 11º Congresso Nacional de 31 de outubro a 1º de novembro de 2009, no Auditório de Camaradagem dos Trabalhadores em Ratmalana, Colombo. Ele foi composto de representantes de todas as províncias, incluindo o Norte e o Leste, e trabalhadores tamis da área central de plantações de chá.
Um documento de perspectivas nacionais foi apresentado pelo comitê central e um programa de construção do partido foi discutido durante os dois dias.
As discussões concentraram-se principalmente em torno dos novos acontecimentos políticos que ocorrem depois da guerra. Por mais de 30 anos, a política no Sri Lanka esteve diretamente ligada à guerra entre o exército do Sri Lanka e os Tigres de Libertação de Tamil Eelam (LTTE).
Depois da derrota militar dos LTTE, os acontecimentos políticos deram um giro agudo, principalmente no sul do país. O governo capitalista, liderado por Mahinda Rajapakse, usou uma campanha ideológica budista cingalesa para estabelecer sua autoridade entre o povo cingalês no sul.
Durante a guerra, a supressão da liberdade de imprensa alcançou proporções alarmantes. Todas as lutas da classe trabalhadora que se apresentavam com demandas cotidianas também foram suprimidas, acusadas de serem pró-LTTE .
Outros partidos de esquerda, incluindo o PC (Partido Comunista) e o LSSP (Lanka Sama Samajistas), apoiaram essa supressão, publicamente. E em particular, o pseudo-partido de esquerda – o JVP – apoiou totalmente o regime de Mahinda Rajapakse, na aprovação da ‘Lei de Emergência’, que está sendo usada contra as lutas da classe trabalhadora.
Durante esse congresso, apontamos a possibilidade do desdobramento de futuras lutas da classe trabalhadora, dos jovens e dos estudantes no próximo período. Com o volta à ação destas forças, a suposta popularidade do regime de Mahinda Rajapakse terá que enfrentar um tsunami político no próximo período.
Nesta situação, o USP tem feito campanha para criar um Congresso Nacional Independente dos Trabalhadores, para discutir as demandas e problemas enfrentados pela classe trabalhadora e tomar decisões democráticas.
Para superar as rivalidades sectárias no movimento sindical, o USP tem estado na linha de frente fazendo a campanha por delegados eleitos a nível das fábricas, de todo o país, para reunir um congresso nacional em bases genuinamente democráticas.
Outras discussões fundamentais centraram-se nos futuros acontecimentos da questão nacional tamil no período pós-guerra. Ela se manifesta novamente com a classe dominante cingalesa e sua incapacidade de apresentar qualquer solução política à questão nacional, mesmo depois da derrota do LTTE.
O USP sempre apoiou a luta do povo de língua tâmil contra sua opressão e defendeu firmemente seu direito à autodeterminação. Mas vemos o LTTE como parcialmente responsável por sua própria derrota, ao adotar algumas políticas errôneas e não se basearem entre o povo tâmil oprimido ou colaborar com as lutas da classe trabalhadora no sul do país contra o capitalismo.
Na atual situação, os marxistas têm uma tarefa dura, apelar aos trabalhadores, camponeses pobres e jovens tâmeis, se unir às massas oprimidas e à classe trabalhadora no sul do país, para conquistar suas aspirações e demandas nacionais.
O USP é a única força no país que tem uma posição principista que exige a aceitação do direito à autodeterminação para o povo tâmil. Baseado nisso, temos que construir uma luta conjunta no Norte, Leste e Sul para derrubar o capitalismo.
Também tivemos uma discussão focada nas próximas eleições gerais e presidenciais no país. O congresso endossou com unanimidade a apresentação de um programa da classe trabalhadora como uma alternativa às políticas neoliberais e às forças comunalistas (que promovem conflito baseado em etnia/religião).
Nos orgulhamos dos camaradas que, em face de circunstâncias muito difíceis, compareceram a esse congresso crucial – especialmente os delegados que vieram de Jaffna, da área de plantação de chá e do Leste. Tivemos visitantes da Índia e Caxemira, apesar das dificuldades de viagem e segurança. Todos nós apreciamos a calorosa e otimista saudação em nome do Comitê por uma Internacional dos Trabalhadores de Peter Taaffe, mostrada em vídeo no Congresso. Apreciamos o enorme apoio dado ao USP por membros do CIT em todo o mundo, e especialmente a Campanha de Solidariedade Tâmil.
Havia uma moral alta entre os delegados que participaram dos dois dias de discussão em nosso congresso. Isso se refletiu na excelente coleta de 40.050 rúpias para nosso fundo de luta.