Barrar o aumento das passagens do transporte em São Paulo
No último dia 16 de novembro, os paulistanos receberam a péssima notícia, anunciada pelo prefeito de São Paulo Gilberto Kassab (PFL), de que a tarifa irá aumentar no dia 28 de novembro, passando dos atuais R$ 2,00 para R$ 2,30.
Este aumento é tão descabido que supera o dobro da inflação medida desde o último reajuste, em março de 2005. Enquanto o aumento da inflação, segundo o IPCA, foi de 6,9%, a passagem subiu 15%. Caso a tarifa tivesse aumentado de acordo com a variação do IPCA desde julho de 1994, ela custaria R$ 1,52 hoje.
Sucateamento do transporte público
A prefeitura de São Paulo argumenta que, mesmo com o reajuste da tarifa, a SPTrans – órgão municipal que gerencia o sistema de transporte coletivo da cidade – arrecadará menos do que gasta para operar o sistema, tendo um déficit mensal próximo a R$ 17 milhões. Esta é a desculpa para dar prosseguimento ao sucateamento do transporte público, com corte de linhas, diminuição da frota, e outras formas esdrúxulas de diminuição de gastos, porém sem fechar a torneira de lucros dos empresários do setor, verdadeira causa do “rombo” no nosso sistema municipal de transporte.
Outro grave problema do aumento da passagem de ônibus é que ela traz consigo o aumento da passagem de trens e do metrô, hoje interligados pelo bilhete único.
O tucanato gostaria que o governador de São Paulo, Cláudio Lembo (PFL), elevasse a tarifa para R$ 2,60, evitando assim um desgaste do futuro governador José Serra (PSDB) no início de seu mandato. Este plano faria com que a população pagasse desde já por um aumento que os próprios técnicos capitalistas avaliam ser necessário apenas para o meio do ano seguinte! Pode ser, também, que esta seja uma estratégia para assustar a população e depois “aliviá-la” com um aumento de R$ 2,40.
Atualmente a integração do bilhete único (que permite até três viagens de ônibus e uma de metrô ou trem) custa R$ 3. No dia 28 passará a R$ 3,30 e, com o aumento do metrô, deverá chegar a R$ 3,50.
A tendência é que os aumentos continuem, pois a linha 4 do metrô vive um processo de semi-privatização por parte do governo de São Paulo, através das PPPs (parcerias público-privadas). Estas parcerias são um verdadeiro saque aos cofres públicos: primeiro o governo concede a exploração da linha à iniciativa privada por cerca de trinta anos, depois ele financia os gastos destas empresas via BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e, por último, garante que, caso o número de passageiros seja menor do que o esperado no contrato, o governo paga a diferença aos empresários.
Grosso modo, as PPPs ‘estatizam’ as despesas e ‘privatizam’ os lucros. Sem falar, é claro, na perda de qualidade do sistema e das condições de trabalho dos metroviários, bem como a diminuição dos salários destes trabalhadores, visto que a prioridade absoluta será o lucro.
É necessário que os trabalhadores, estudantes e os setores mais pobres da população organizem-se e impulsionem uma mobilização para barrar este aumento absurdo. Para isso, precisamos ter clareza sobre onde está a raiz do problema.
O transporte público já é pago indiretamente através de impostos, assim como saúde e educação. Impedir que a tarifa aumente deve ser apenas um passo rumo à gratuidade da mesma. Devemos inverter a concepção mercadológica do sistema de transporte atual, tornando-o público de verdade, para garantir o direito de ir e vir da população. Entretanto, isso não será possível enquanto o lucro das empresas estiver acima das necessidades da população. É preciso lutar incessantemente pela municipalização dos transportes em São Paulo e em todo o Brasil!
Pelo passe livre!
De imediato, é preciso unir a luta pelo passe-livre para estudantes, jovens e desempregados com a luta para barrar o aumento atual. Temos de aproveitar este momento de sensibilidade e indignação da população para garantir que o aumento não entre em vigor. Assim mostraremos que o povo unido é forte e capaz de muito mais, desde que se organize e resista!
Muitas cidades importantes conseguiram barrar o aumento através da luta, sendo a mais famosa a Revolta da Catraca, na cidade de Florianópolis, que barrou o aumento em 2004 e em 2005. Com estes triunfos em vista, diversos movimentos sociais estão se organizando de forma conjunta em plenárias e comissões para promover atos e panfletagens com o lema: ”Se a tarifa aumentar a cidade vai parar!”. É com esta convicção que chamamos a todos os companheiros e companheiras para a luta contra esta medida abusiva da prefeitura de São Paulo!