Um partido para as lutas e pelo socialismo
Realizado cerca de um ano depois da reunião no Rio de Janeiro que lançou a “Esquerda Socialista e Democrática – Movimento por um Novo Partido” e sete meses do seu Encontro de Fundação, o II Encontro Nacional do P-SOL reuniu-se em Porto Alegre com mais de 1,5 mil ativistas de todo o país.
A intervenção do Partido Socialismo e Liberdade (P-SOL) neste início de 2005 tem demonstrado o espaço, o potencial e a necessidade urgente de uma alternativa de esquerda e socialista. Em janeiro, o P-SOL pôde aparecer como uma das principais referências alternativas da esquerda durante o Fórum Social Mundial.
Logo após o Encontro, o P-SOL teve participação importante em momentos dramáticos da luta de classes como a resistência à repressão sobre a ocupação Sonho Real em Goiânia. Também as denúncias dos assassinatos da missionária Dorothy Stang e outras lideranças de sem-terra no Pará foram parte fundamental das ações do partido.
O Encontro de janeiro em Porto Alegre mostrou um partido que, embora esteja dando seus passos iniciais, já se constitui como um movimento amplo, ascendente, presente em todo o país e com claros vínculos com as principais lutas dos trabalhadores e da juventude.
A ruptura de importantes dirigentes petistas, como Plínio de Arruda Sampaio Júnior e Jorge Luis Martins, com o PT, seguidos de centenas de militantes, assim como sua presença no Encontro do P-SOL e disposição de debater sobre seu ingresso, representou um reconhecimento do papel que o partido tem jogado como impulsionador de uma alternativa de esquerda ao PT.
Outros militantes do PT que se declaram publicamente em dissidência, como Plínio Sampaio e Maringoni, também estiveram presentes no Encontro reafirmando a importância do P-SOL e a necessidade de aprender com os erros do PT.
Unidade da esquerda
O Encontro Nacional votou uma resolução proposta pela Executiva Nacional depois de um difícil processo de discussão entre as posições refletidas neste organismo.
A resolução enfatiza a conjuntura de ataques sobre os trabalhadores, aponta os elementos de resistência presentes e insiste no papel do P-SOL como impulsionador da mais ampla unidade da esquerda na luta contra o governo e as políticas neoliberais.
A resolução também reafirma a tarefa de promover um amplo debate nacional sobre o projeto alternativo da esquerda e criar as bases para uma frente social e política que recoloque a esquerda e o movimento dos trabalhadores no centro da disputa dos rumos do país.
A resolução precisa ser entendida como documento de tarefas políticas que é complementar ao programa provisório aprovado no Encontro de fundação do partido em junho de 2004.
Os marcos programáticos classistas, anti-imperialistas, anti-capitalistas e socialistas continuam sendo a referência política fundamental do P-SOL.
Mas, talvez, tão ou mais importante que a resolução política votada é a decisão de convocar um primeiro Congresso do partido para o mês de novembro desse ano.
Os debates pré-congressuais poderão aperfeiçoar o programa e avançar no debate sobre a concepção de partido que queremos.
Para fomentar o debate é preciso estruturar o partido, construir núcleos e coordenações com base num método democrático e inclusivo, mas com critérios claros sobre quem é ou não militante e membro do partido.
Um partido para as lutas da classe e que almeje o socialismo precisa ser um partido com base de massas. Mas, essa base de massas está na classe trabalhadora e demais setores oprimidos da sociedade que precisam ser ganhos para um projeto socialista.
Candidaturas a serviço das lutas
O Encontro do P-SOL também reafirmou a necessidade de garantir a conquista do direito legal do partido concorrer nas eleições de 2006. Ainda é necessário completar o número de assinaturas com uma margem suficiente de segurança e dar seguimento a todos os encaminhamentos junto à justiça eleitoral.
Além disso, o Encontro abriu o processo de discussões sobre nossa política para as eleições de 2006, apresentou para debate no partido e entre as forças de esquerda e dos movimentos sociais o nome da senadora Heloísa Helena como possível candidata a presidência contra Lula e os demais candidatos de direita.
Esse debate precisa ser muito bem feito, envolvendo todo a militância do partido, aqueles que se aproximam e grande parte dos ativistas de outras forcas de esquerda, socialistas e ativistas dos movimentos sociais.
Desafiar a reeleição de Lula pela esquerda, com um programa e uma prática política coerente com as lutas da classe trabalhadora é uma necessidade. Mas, é preciso entender o papel das eleições e das candidaturas no marco da luta por uma alternativa ao capitalismo.
As candidaturas do P-SOL em 2006 e possíveis mandatos conquistados devem ser instrumentos à serviço da luta de massas de caráter anti-capitalista e socialista. Impulsionar, unificar e fazer avançar estas lutas é o sentido da existência do P-SOL.