Rio 2016: legado olímpico ou exclusão?
Em 2009, o Rio de Janeiro foi escolhido pelo Comitê Olímpico Internacional como cidade-sede dos jogos de 2016. O presidente Lula foi rápido em falar da importância do “legado olímpico” – ou seja, o conjunto de obras e melhorias a serem feitas para os jogos e que, depois, seriam aproveitadas pelos moradores da cidade.
Nós já vimos esse filme: o discurso do “legado olímpico” é muito parecido com o “legado da Copa” – termo utilizado por Lula e Dilma para se referirem aos benefícios que o Brasil ganharia por conta da Copa de 2014. O tal “legado”, entretanto, acabou virando uma combinação de gastos absurdos, estádios sem uso, remoções forçadas de comunidades, obras inacabadas e superfaturadas, além de repressão às manifestações.
Os gastos para a realização das Olimpíadas no Rio foram anunciados, inicialmente, em 28 bilhões de reais. Hoje, esse valor já ultrapassou os 39 bilhões. Segundo a Autoridade Pública Olímpica, órgão responsável pela gestão financeira dos jogos, mais de 15 bilhões de reais vêm dos cofres públicos.
Enriquece empreiteiras da Lava Jato
E para onde vai esse dinheiro? Várias das empreiteiras citadas na Operação Lava Jato são responsáveis por projetos cruciais para as Olimpíadas, como o Parque Olímpico da Barra e a Vila dos Atletas.
Mesmo com todo esse gasto, algumas das obras prometidas foram abandonadas. É o caso da despoluição da Baía de Guanabara, a recuperação das lagoas de Jacarepaguá. Até a linha 4 do metrô, que liga Ipanema à zona oeste, correu o risco de não ficar pronta a tempo das Olimpíadas – a obra só foi salva graças a um repasse de emergência do governo federal, de 350 milhões de reais.
As remoções forçadas também causaram um grande impacto: mais de 67 mil pessoas foram expulsas de suas casas desde 2009 por conta das obras das Olimpíadas. Várias dessas obras, como o complexo Porto Maravilha, beneficiam apenas grandes empresários.
Segundo o coletivo Comitê Popular das Olimpíadas, os jogos de 2016 são “os jogos da exclusão”: “Remoções, trabalho escravo, destruição de espaços públicos, superfaturamentos de obras… A lista de violações ligadas à realização dos Jogos Rio 2016 é grande”, diz o grupo.