Alerta sobre alianças do PSOL
O potencial do PSOL nessas eleições foi reafirmado pelas pesquisas das últimas semanas. Ocupamos uma posição destacada em capitais como São Paulo, Natal, Rio de Janeiro, Porto Alegre e temos possibilidade de eleger prefeituras no interior. Esse cenário ocorre diante de uma grande insatisfação da população com os partidos tradicionais e o destaque que o PSOL ocupa, se apresentando como uma alternativa real de esquerda.
O escândalo da Lava-Jato envolve quase todos os partidos. Das 32 legendas hoje existentes, somente quatro não tiveram envolvimento com empreiteiras hoje investigadas na Lava Jato: PSOL, PSTU, PCB e PCO. A insatisfação e desconfiança da população em relação à política em geral é algo dado. Por isso, mais do que nunca, precisamos ter uma política clara e não podemos, de forma alguma, nos confundir com os partidos da ordem política, tão odiados pela população.
Usando o argumento da sensibilidade diante de questões locais, diversas alianças que rompem com a coerência da trajetória de nosso partido tem sido discutidas no PSOL. Para fazer coligações com o PT, PCdoB ou falsas novas alternativas, como é o caso da Rede e PPL, usa-se o argumento da necessidade do enfrentamento com velhas oligarquias locais ou a direita “mais dura”. Em alguns casos, esse mesmo argumento é usado na tentativa de alianças com pequenos partidos de aluguel ou mesmo da direita tradicional, algo extremamente grave.
O caso ocorrido em Bauru/SP, por exemplo, é bastante ilustrativo. Setores do PT local anunciaram publicamente disposição de unidade com o PSOL em nome da “unidade da esquerda”. A resposta pública da direção do PSOL local, incluindo militantes da LSR, foi de colocar explicitamente nossas diferenças com esse partido e chamar a construção de uma verdadeira alternativa de esquerda. Poucos dias depois, o PT mostra sua verdadeira face e anuncia uma coligação com o PRB, partido da Igreja Universal, abrindo mão de candidatura própria.
Precisamos nos posicionar frontalmente contra qualquer dessas alianças que geram confusão sobre o real caráter do PSOL. Não devemos fazer parte desse jogo eleitoral de acordões, aluguéis de legenda. Nessas eleições os temas nacionais repercutirão nos debates locais e não podemos colocar particularidades locais acima de uma conjuntural nacional. Também não podemos personalizar a discussão em torno “bons candidatos” abrindo mão de debater projeto de partido, e que programa que defendemos.
A LSR tem, em todos os Estados, se colocado contrária ao que parte considerável da direção do PSOL e outras correntes estão tentando fazer em muitos municípios. É lamentável que, no momento em que parte importante da população passa a ver no PSOL uma alternativa consequente e coerente diante de tantas decepções políticas, o partido acabe rebaixando seu programa ou se misturando com falsas alternativas ou, ainda pior, com partidos que nossos parlamentares e militância enfrentam diariamente.
Temos uma situação gravíssima na importante cidade de Mossoró, no Rio Grande do Norte, município em que o PSOL ficou em terceiro lugar, com quase 5% dos votos válidos, nas eleições suplementares de 2014. Nessa cidade, setores do partido estão costurando uma aliança com o PSDC encabeçando a chapa e o PSOL com a candidatura a vice-prefeito. Temos uma militância viva e ativa em Mossoró que repudiou essa decisão de parte da direção. Apesar disso, seguem os trâmites para que essa coligação espúria seja encaminhada.
A situação se agrava quando, na reunião da Executiva Estadual do RN em que discutiu-se as coligações no interior, a maior parte da direção (MES e Unidade Socialista) se absteve de se posicionar, encaminhando para que o Diretório Nacional resolva. Qualquer omissão diante dessa barbaridade significa conivência. Avaliamos que foi um erro grande da Executiva Estadual não se posicionar diante dessa e de outras coligações inaceitáveis que ocorrem no interior.
Chamamos todas as correntes a se posicionarem desde já, antes do Diretório Nacional, por uma política de alianças que esteja a altura do momento histórico. Essas eleições serão decisivas para o PSOL. É tempo de fortalecer a unidade da esquerda para construção de um polo socialista, e por isso estamos em vários Estados participando de iniciativas pela construção da Frente de Esquerda Socialista, para as eleições e para as lutas. É o legado da coerência que tem feito o PSOL crescer. Podemos colocar tudo a perder se recorrermos às velhas práticas que a experiência do PT já nos mostrou serem caminho certo para o fracasso.