A farsa do impeachment só serve ao grande capital!
Fora Temer! Eleições gerais já!
Greve geral em defesa dos direitos!
O salão acarpetado do plenário do Senado Federal foi mais uma vez palco de uma infâmia sem tamanho.
A votação definitiva do impeachment de Dilma Rousseff, nas condições espúrias em que se deu, representa um perigosíssimo precedente que coloca em sério risco os direitos democráticos do povo brasileiro.
As trapaças, fraudes e manobras políticas, jurídicas e midiáticas utilizadas para fazer valer o impeachment nos dão uma dimensão do nível de putrefação do sistema político brasileiro.
Nada se pode esperar desses velhos e notórios corruptos de paletó e gravata que não demonstram nenhum pudor em fazer e desfazer desde que isso atenda aos interesses de seus senhores, o grande capital.
Se essa elite política reacionária foi capaz de fazer isso contra uma presidenta que não representou nenhuma séria ameaça à injusta ordem estabelecida, imagina-se do que serão capazes contra forças políticas de esquerda e da classe trabalhadora que de fato representem mudanças estruturais e radicais no país.
A decisão do Senado reitera uma constatação antiga: nossa “democracia” não é pra valer, ela mantém as aparências apenas quando isso é conveniente aos donos do capital.
A decisão do Senado é parte importante do projeto que aprofunda os ataques e contrarreformas contra os trabalhadores em favor do grande capital em meio a uma das mais graves crises da história do país.
Para garantir os privilégios dos de cima, eles precisam pisar nos direitos dos de baixo. Esse é o vergonhoso papel destinado à deprimente figura de Michel Temer.
O governo de Temer, agora ungido pela decisão do Senado, não poupará esforços em sua cruzada contra os direitos sociais e trabalhistas. Para cumprir seu papel não vacilará no ataque aos direitos democráticos, incluindo o direito de organização e manifestação.
O novo impulso desse governo ilegítimo contra os trabalhadores só poderá ser contido pela luta unificada da classe trabalhadora e do povo.
Quando já não tinha mais como reverter a posição pró impeachment da maioria dos senadores, Dilma Rousseff criticou parte das contrarreformas e ataques de Temer em seu último discurso. Mas, grande parte desses ataques teve início em sua própria gestão e nenhuma autocrítica dela ou do PT foi feita.
Desacreditada e sem apoio popular depois de contrariar seu discurso de campanha e adotar o programa de seu adversário, Aécio Neves, a presidenta Dilma já não tinha força política para levar adiante o projeto de cortes, privatizações e contrarreformas que tentou implementar. Isso levou o núcleo principal da classe capitalista a apostar em um “novo” presidente que, ainda por cima, não se apresentará para a reeleição e não depende da aprovação popular.
As grandes mobilizações contra Temer desde a abertura do processo de impeachment, naquela fatídica sessão da Câmara dos Deputados presidida pelo corrupto Eduardo Cunha, deixaram claro que há disposição de luta e resistência por parte dos trabalhadores e do povo. Mas, essas mobilizações foram direta ou indiretamente sabotadas ou freadas pela direção do PT e seus aliados diretos.
Desde o princípio, Lula e o PT apostaram numa repactuação com as forças políticas no Congresso e com o grande capital. A vocação para a conciliação de classes que é, no limite, a causa fundamental do fracasso do Lulismo, está em seu código genético. Não aprenderam e não aprenderão nada de sua derrota.
O golpe parlamentar denunciado por Dilma na tribuna do Senado não foi confrontado como deveria nem mesmo pelos dirigentes do PT.
A ideia de que a luta contra o impeachment pudesse implicar na volta de Dilma por si só já impedia que essas mobilizações tivessem força suficiente para derrotar as manobras palacianas. Nesse contexto, era fundamental a defesa de uma política em que o povo deveria ter o poder de decidir sobre quem deve governar, ou seja, a convocação de novas eleições com regras realmente democráticas.
Quando a própria Dilma, depois de muita resistência, acaba por aceitar a ideia de novas eleições (achando que isso reverteria o voto de alguns senadores), seu próprio partido, o PT, rechaçou a ideia. A direção petista e o próprio Lula demonstraram acomodação à ideia de que Temer poderia governar até 2018, desgastando-se e criando condições para que Lula pudesse voltar nas mãos do povo.
Terrível ilusão! Se conseguir consolidar-se e governar até 2018, Temer irá promover um histórico retrocesso para a classe trabalhadora brasileira. E a ofensiva contra quem se levantar contra isso não será desprezível. O próprio Lula, por mais que aposte na conciliação, está na mira da Lava Jato e dificilmente chegará intacto a 2018.
Além disso, existe uma forte dose de cinismo nessa política da direção do PT. As próprias medidas duras que Temer venha a adotar não deixam de ser vistas por dirigentes do partido como um mal necessário. Nesse sentido é preferível que Temer promova as contrarreformas e carregue o ônus. Isso livra o PT desse fardo e permite que o partido volte a usar uma retórica crítica, de “esquerda”, como costuma fazer nas vésperas das eleições.
Não se pode mais ter qualquer ilusão no papel da direção do PT tanto no que se refere à luta contra Temer, como em relação à construção de uma alternativa de poder no país pela esquerda.
É preciso que se construa a mais ampla unidade para lutar contra Temer e seus ataques. Essa unidade na luta deve criar as condições para uma greve geral contra os ataques de Temer. Mas, é preciso também que se construa nesse processo uma alternativa política de esquerda e socialista em relação ao próprio PT e seus aliados diretos. É preciso que se construa uma Frente de Esquerda Socialista envolvendo o PSOL, PSTU, PCB, organizações socialistas não legalizadas e também movimentos sociais classistas e combativos como o MTST, a CSP-Conlutas, etc.
Essas são as tarefas da esquerda socialista consequente e de todos os militantes do movimento sindical e popular, da juventude, das mulheres, LGBTs e todos os oprimidos. Não há tempo a perder!
Fora Temer! Eleições Gerais Já! Greve geral em defesa dos direitos!
Comitê Executivo da LSR,
31/08/2016