A luta contra o machismo é todo dia!
O Brasil e o mundo passam por um processo histórico no qual o debate das opressões ganha um maior espaço na luta da classe trabalhadora. As mulheres foram protagonista de diversas lutas no último período e este progresso está bastante presente na juventude.
As ocupações das escolas protagonizadas por uma nova camada de lutadores também pautou a luta das mulheres. Os atos do Fora Cunha tiveram grande participação das secundaristas, assim como as diversas mobilizações por direito ao corpo e ao uso de shorts dentro das escolas.
Em junho deste ano, um caso de estupro cometido por trinta homens contra uma adolescente no Rio de Janeiro chocou muita gente. Enquanto isso, a divulgação da filmagem mostrou a contradição entre repúdios e denuncias do caso até sua exaltação e naturalização. Os atos de rua que seguiram em repúdio tiveram uma maior participação de jovens estudantes revoltada com a situação de violência a que estamos expostas. Só no ano de 2015, foram 51.090 ocorrências de violência sexual contra a mulher registradas na polícia. Mas a realidade do país é de que mais de 500 mil pessoas sofrem violência sexual por ano, segundo o IPEA. Ou seja, uma mulher sofre um estupro a cada 11 minutos.
Mesmo assim, o que certamente denunciamos como cultura do estupro, no sentido da existência e naturalização de valores e práticas na sociedade de depreciação e violação dos corpos femininos e infantis pelos homens é, na forma mais ampla, uma das superfícies e consequências do machismo presente na sociedade.
Manutenção do sistema
O machismo nos coloca em desigualdade de poder diante dos homens e uma de suas consequências é a objetificação e dominação de nossos corpos por eles. É uma opressão que mantém uma das desigualdades entre trabalhadores tão fundamental para o fracionamento da classe e a manutenção do sistema capitalista. Assim, a violência doméstica, psíquica, simbólica e sexual contra a mulher e também o feminicídio são facetas desta mesma opressão.
Somos mais da metade da população mundial e ainda somos assassinadas, mutiladas, estupradas e violentadas diariamente.
O Brasil ocupa os maiores índices de feminicídio do mundo, com aproximadamente 13 casos por dia. Isso revela a ausência de investimento em políticas efetivas de combate ao machismo. Ainda enfrentamos um maior descaso com as mulheres negras, que são o principal alvo desses assassinatos: um aumento de 54% de casos nos últimos dez anos.
São nos momentos de crise econômica do capitalismo que esta desigualdade aumenta: as nossas demandas são as primeiras a sofrerem com ajustes e cortes dados pelo Estado.
Para nós, feministas e lutadoras contra as opressões, não é possível rompermos com a estrutura machista dentro do capitalismo e não há como lutar nesta causa sem unir o fim da opressão do machismo, LGBTfobia e racismo com o fim do capitalismo. Também lutar pela garantia deste debate nas escolas é nossa tarefa. O assassinato brutal de Luana B. Reis em Ribeirão Preto, o assassinato pela polícia militar contra uma mulher pobre da periferia, lésbica e negra, revela a violência institucionalizada pelo Estado e a necessidade de unificarmos as lutas contra as opressões.
Só a luta muda a vida!
Por isso, unificarmos essas lutas por mais investimento que previna a opressão machista, racista e LGBT-fóbica é uma importante tarefa para a luta das mulheres trabalhadoras, negras e lésbicas/bissexuais!
As denúncias de violências que costumam ganhar espaço nos meios de comunicação virtual chegam a muitas pessoas que não teriam acesso a este debate. Porém, o que existe de mais marcante no período são as crescentes lutas concretas das mulheres contra o machismo. A primavera feminista colocaram nas ruas e na ordem do dia a resposta coletiva contra esta violência e são capazes de expressar a verdadeira força que esta radicalidade pode alcançar.
O exemplo da primavera carioca Contra o Cunha e as mobilizações “Por todas elas” são respostas importantes para tomar o espaço público com as nossas pautas. Também indicam um potencial de lutas explosivas, com o protagonismo de uma nova leva de lutadoras feministas que podem construir novos processos para a pauta das mulheres. É preciso unificar ainda mais as lutas e travar uma batalha maior.
- Contra os ajustes e cortes de direitos
- Por 1% do PIB para combater a violência contra a mulher
- Pela legalização do aborto
- Pelo debate de gênero nas escolas e no PNE. Inclusão do kit contra a LGBTfobia