Ato/debate em São Paulo abre caminho para a unidade dos socialistas
Mais de 200 militantes de esquerda e ativistas de diversos movimentos em luta participaram na noite do dia 19 de maio, no centro de São Paulo, de um Ato/debate por um Bloco da Esquerda Socialista.
O evento foi organizado de forma unificada por várias correntes e organizações políticas preocupadas com a necessidade de uma resposta unitária e consequente da esquerda socialista na etapa atual da luta de classes no país.
Entre os organizadores do Ato/debate estavam os seguintes agrupamentos: Liberdade, Socialismo e Revolução – LSR (PSOL), Nova Organização Socialista – NOS (PSOL), Insurgência (PSOL), Socialismo ou Barbárie – SoB (PSOL), Conspiração Socialista, o Partido Comunista Brasileiro (PCB) e o coletivo de Metroviários “Chega de Sufoco”.
Exposições dos companheiros Plinio de Arruda Sampaio Jr e Virgínia Fontes abriram os debates, que contou também com intervenção das diversas organizações e militantes presentes.
Uma “Carta de São Paulo – Por um Bloco da Esquerda Socialista” foi aprovada ao final do encontro, assim como as propostas de organização de um Seminário para aprofundar os debates.
Encaminhou-se também uma intervenção conjunta nas lutas, em particular no Ato da Frente Povo Sem Medo pelo Fora Temer (domingo, dia 22/05, 14h no Largo da Batata, indo até a casa de Temer) e no Ato unificado em defesa dos serviços públicos estaduais (terça-feira, 24/05, 17h, na Praça Roosevelt).
Uma Coordenação foi formada envolvendo as organizações participantes e os militantes não organizados que estão construindo esse esforço de unidade.
Leia e divulgue a Carta de São Paulo e junte-se a nós!
Carta de São Paulo
Por um Bloco da Esquerda Socialista
19 de maio de 2016
A luta de classes no Brasil entrou em uma nova etapa. Vivemos uma das crises econômicas e sociais mais graves de nossa história. Junto com ela, uma crise política resultante, de um lado, das manobras antidemocráticas da direita e do grande capital e, de outro, da absoluta falência da política de conciliação de classes adotada pelo PT e o modelo lulista.
A ofensiva da direita e as manobras antidemocráticas que resultaram no impeachment de Dilma Rousseff oferecem ao grande capital uma chance para que aprofundem ao máximo sua política de colocar na conta dos trabalhadores e do povo todo o peso da crise. Com Michel Temer buscarão aplicar de maneira mais brutal as contrarreformas estruturais que o débil governo de Dilma vinha aplicando de maneira lenta.
Diante de nós temos a ameaça concreta de uma nova contrarreforma da previdência, o fim da garantia legal dos direitos trabalhistas, a desvinculação permanente dos recursos da saúde e educação no orçamento e uma política radical de privatizações. Já estamos vendo a concretização dessa política de ataques nos cortes do programa Minha Casa Minha Vida – Entidades e o desmonte do Ministério da Cultura. Além disso, existe o risco de um retrocesso histórico nos direitos das mulheres, negros e negras, população LGBT, indígenas, etc.
Sem ter recebido nenhum voto e sem apoio popular, o conglomerado reacionário que usurpou o poder (PSDB, DEM, PMDB, etc), liderado por Michel Temer, terá que recorrer à repressão em níveis qualitativamente superiores para que consiga implementar suas políticas. Para isso, aprofundará a criminalização dos movimentos sociais e a perseguição a quem luta e resiste. Poderá inclusive utilizar-se do aparato repressivo e legal (como a lei antiterrorismo) criados pelo próprio governo Dilma Rousseff.
A luta contra o governo ilegítimo, golpista e antipopular de Michel Temer é a tarefa central de toda a esquerda e dos movimentos da classe trabalhadora, de todos os explorados e oprimidos em nosso País. Lutamos para construir um grande movimento de massas pelo “Fora, Temer” e suas políticas de ataques aos direitos e garantias dos trabalhadores, na perspectiva de construção de um novo rumo para o País. Para isso, é preciso o máximo de combatividade, organização de base, democracia e unidade nas fileiras da classe trabalhadora, da juventude e do povo.
Um exemplo da combatividade e radicalidade necessários é o da juventude estudantil na ocupação de escolas em vários estados e sua disposição de luta conjunta com os trabalhadores da educação, como no caso do Rio de Janeiro.
Porém, além disso, essa nova etapa exige novas respostas e alternativas políticas que a esquerda socialista ainda não foi capaz de apresentar plenamente. Essa alternativa política se mostra ainda mais urgente na medida em que a velha direção lulista e petista coloca a nu todos os seus limites e debilidades.
Um dos principais obstáculos da luta contra a direita no último período, incluindo a luta contra o impeachment, foi o caráter burguês e antipopular do próprio governo Dilma. Esse governo até o último dia insistiu em aplicar políticas típicas da direita como a lei antiterrorismo, o apoio ao projeto de abertura do pré-sal para exploração de empresas estrangeiras, a reforma da previdência, o PL 257 que ataca os servidores e, mesmo com o impeachment já definido, ainda buscava ilusoriamente um pacto nacional com a burguesia.
As direções do PT e do PCdoB, atreladas ao governo como estavam, não foram capazes de levar a luta até as últimas consequências. Da mesma forma, não conseguem apontar uma estratégia de luta contra Temer que vá além da disputa institucional e supere sua velha forma de fazer política, além de procurar desviar a luta das massas contra o impeachment para ilusões em relação à disputa eleitoral de 2018.
Uma nova alternativa de esquerda é urgentemente necessária. Uma alternativa que rejeite o sectarismo estéril – que saiba, portanto, fazer unidade de ação contra o inimigo de classe e ao mesmo tempo saiba construir coletivamente, sem hegemonismos, no campo da esquerda, uma frente de luta anticapitalista, que recuse firmemente o atrelamento à estratégia do lulismo e que aponte uma nova perspectiva para os trabalhadores.
A construção dessa alternativa política passa necessariamente pela unidade das forças políticas e sociais da esquerda socialista sobre uma base programática clara, anticapitalista e socialista. Por isso, defendemos a construção de um Bloco da Esquerda Socialista para lutar em todos os espaços possíveis, unificando partidos como o PSOL, PSTU e PCB, organizações políticas de esquerda não legalizadas e movimentos sociais classistas e combativos, como o MTST, a CSP-Conlutas, Intersindical, além da juventude que enfrenta com bravura a política neoliberal.
Esse bloco político unificado da esquerda socialista poderá representar um grande polo de atração para amplos setores que estão tirando as conclusões sobre os limites do lulismo e do PT e suas organizações aliadas, além de poder atrair as novas gerações que nunca tiveram referência nessas velhas direções.
Na luta por esse Bloco da Esquerda Socialista buscaremos promover a discussão política sobre programa, políticas, táticas e estratégia, além de uma intervenção organizada em todos os espaços de luta da classe trabalhadora. Não somos aqueles que já têm as respostas prontas, mas sim aqueles que querem, a partir do debate franco e aberto e da atuação concreta na luta, ajudar na construção de novas sínteses e alternativas para os trabalhadores e a juventude.
Primeiros signatários
Coletivo “Chega de Sufoco”- Metroviários
Conspiração Socialista – CS
Insurgência (PSOL)
Liberdade, Socialismo e Revolução – LSR (PSOL)
Nova Organização Socialista – NOS (PSOL)
Partido Comunista Brasileiro – PCB
Socialismo ou Barbárie – SoB (PSOL)