Nenhum passo atrás na construção da nova Central!

O Congresso da Classe Trabalhadora será realizado nos dias 5 e 6 de junho em Santos (SP). Ele reunirá milhares de delegados de todo o país eleitos por sindicatos, oposições sindicais e movimentos populares da cidade e do campo.

Este Congresso tem tudo para ser histórico, pois deve marcar a unificação de entidades sindicais e populares combativas como a Conlutas e a Intersindical, além de movimentos sociais como o MTST, MTL, Terra Livre e Pastoral Operária dentro de uma mesma Central. 

A construção de uma nova central independente de patrões e governos é uma necessidade histórica da classe trabalhadora para acabarmos com a atual fragmentação da esquerda e para que os trabalhadores possam retomar a ofensiva.

A crise do capitalismo trará mais ataques

Vivemos uma situação internacional marcada pela crise econômica. Apesar da ofensiva de propaganda da burguesia de que o pior da crise já teria passado, a falência da Grécia e as dificuldades econômicas de países como Espanha, Portugal, Itália e Irlanda mostram exatamente o contrário. 

FMI e a União Européia têm exigido que o governo grego tome medidas de ataques à população, o que tem provocado a revolta dos trabalhadores através de diversas greves gerais.      

No Brasil, o governo Lula jogou bilhões de reais no sistema financeiro e concedeu reduções tributárias para a indústria a fim de minimizar os efeitos da crise econômica em 2010 que poderia atrapalhar a candidatura de Dilma Rousseff.

Há uma bomba relógio que poderá estourar logo depois das eleições. Independente de quem ganhe as eleições, Serra ou Dilma, mais ataques virão contra os trabalhadores brasileiros. 

Num provável governo Dilma, as direções governistas dos grandes centrais continuarão com as suas políticas de colaboração de classe e de afinidade com as políticas neoliberais que vem sendo implementadas. A tarefa de organizar a resistência passará necessariamente pela nova Central.

Que Central precisamos?

Defendemos uma Central sindical e popular, com a participação dos movimentos estudantis e de luta contra as opressões de raça, gênero, etc, que adotem uma orientação classista.

Uma das tarefas dessa nossa ferramenta é a de conseguir organizar todos os explorados e oprimidos que não estão organizados na estrutura sindical, mas que continuam lutando por seus direitos nos mais diversos movimentos sociais.

Esta central poderá unificar de forma democrática e conjunta os milhões de trabalhadores registrados, precarizados, desempregados, sem-terra, sem-teto, jovens, negros, mulheres, homossexuais, comunidades indígenas, enfim todo o conjunto da nossa classe que sofre com as consequências do capitalismo.

Entretanto, a tarefa da Nova Central não será apenas a de incorporar esses movimentos sociais, mas participar de suas elaborações políticas e organização.

É preciso resgatar as melhores tradições do movimento social e do sindicalismo combativo, democrático e organizado pela base contra a estrutura sindical burocrática e cupulista existente no país.

Defendemos uma Central radicalmente democrática, com uma estrutura baseada na participação direta das entidades. Uma Coordenação Nacional formada por representantes das entidades que se reúna periodicamente é uma necessidade para evitar a verticalização e a concentração de poderes numa cúpula restrita.

Ao mesmo tempo, é preciso garantir o direito à pluralidade interna, sem a ditadura da maioria, mas sem também o despotismo de uma minoria. Queremos uma Central que tome decisões e funcione de forma democrática e efetiva.

Construir essa Central se fará cometendo erros e aprendendo com a experiência. Mas, é preciso começar já.

O papel da Conlutas na formação da nova Central

A Coordenação por uma nova Central criada no Seminário Nacional realizado em novembro do ano passado vem se reunindo periodicamente e tem aprofundado o debate sobre os mais variados temas.

Apesar de muitos consensos estabelecidos entre os diversos setores, como o de se votar a natureza da nova Central, há muitos outros pontos importantes onde há divergência, como a forma de eleição e a composição da direção executiva e o nome da nova Central. 

Para nós da LSR, estas diferenças, apesar de importantes não podem colocar em risco o projeto de construirmos uma nova Central em junho deste ano.

O II Congresso da Conlutas, que acontece nos dias 3 e 4 de junho, imediatamente antes do Congresso da Classe Trabalhadora, deve jogar um papel de armar a Conlutas como força de impulsione a nova Central e impeça qualquer recuo na perspectiva de sua formação.

A Conlutas, que foi um dos pólos principais a impulsionar o processo que está culminando com formação da nova Central e deve continuar jogando esse papel. Nossa entidade não pode se transformar num obstáculo à unificação do movimento sindical e popular combativo e independente.

Defendemos que muito da experiência construída pela Conlutas deve ser resgatado na nova Central. Ao mesmo tempo, a nova Central deve resultar numa síntese superior às organizações preexistentes.

Os limites e erros cometidos pela Conlutas, embora menores do que os identificados na experiência da Intersindical, também não podem ser ignorados. Na Conlutas, nem sempre, a retórica em defesa da democracia e pluralidade interna transformou-se em prática coerente por parte do setor majoritário da Conlutas. Um exemplo marcante foi a composição da Secretaria Executiva Nacional logo depois do I Congresso da entidade, quando o PSTU tentou impor os nomes do organismo usando sua posição hegemônica.

Os interesses da classe em primeiro lugar

A nova Central não pode ser palco de uma disputa nociva pela hegemonia interna a qualquer preço. A esquerda socialista não tem o direito de priorizar a construção individual de suas correntes ou partidos em detrimento dos interesses históricos da classe trabalhadora brasileira.

Por isso, é preciso garantir um processo negociado de construção das bases políticas e organizativas para a nova Central. Não é possível admitir que temas como o nome da nova Central transforme-se em justificativa para a divisão entre os setores envolvidos no Congresso.

Qualquer sectarismo, vindo de onde vier, neste momento, representará um grande atraso no processo de organização e tomada de consciência dos trabalhadores brasileiros.

Manifesto do Bloco de Resistência Socialista ao Congresso da Classe Trabalhadora

O Bloco de Resistência Socialista na Conlutas, que inclui os dirigentes e ativistas sindicais vinculados à corrente LSR, apresentou um Manifesto dirigido a todos os trabalhadores nas assembléias que elegerão delegados ao Congresso da Classe Trabalhadora.

Os dirigentes e ativistas das seis correntes que compõe o Bloco (ARS, AS, GAS, LSR, MNS, Reage Socialista) com participação em entidades como: CPERS, Terra Livre, Oposição Apeoesp (SP), SEPE-RJ, Sindicatos de Gráficos de MG e DF, Oposição Sintaema (SP), Oposição Sind. Alimentação SJC e região (SP), Oposição Educação do PA, Sindsaúde do Rio Grande do Norte, e muitas entidades estudantis de universidades como USP, Unicamp, PUCCamp, UFF, UFRJ, UERJ, UFC(Ceará), UFS (Sergipe), etc.

O Manifesto do BRS chama à construção de uma Central sindical, popular e estudantil, classista, socialista e radicalmente democrática e resume suas principais posições em 7 pontos:

1. Por uma nova central para responder á crise internacional do capitalismo com uma saída socialista;

2. Oposição de esquerda ao governo Lula e à direita tradicional – ela unidade da esquerda socialista nas eleições;

3. Reivindicar a herança da Conlutas e superar suas limitações;

4. Construir uma central sindical, popular e estudantil;

5. Construir uma plataforma de lutas e um plano de ação para o próximo período;

6. Organização pela base e radicalização da democracia no movimento sindical, popular e estudantil;

7. Respeito às diferenças e à pluralidade política em todos os níveis.

Você poderá ter acesso à integra do Manifesto aqui >>>

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