O Rio não está à venda – Avançar na unidade da esquerda dentro e fora do PSOL!

Tese dos militantes da LSR no Rio de Janeiro para as plenárias municipais

Pátria Educadora, Cidade Olímpica, slogans vazios criados pelos Governos federal e municipal do Rio de Janeiro, respectivamente, que não conseguem esconder a realidade de crise e de descontentamento. O ano de 2015 está sendo marcado por cortes de verbas e ataques a direitos. As medidas de reajustes fiscais são aplicadas para manter os lucros do capital fazendo a classe trabalhadora pagar a conta da crise econômica. Vivemos uma inflexão na conjuntura, com o fim do lulismo e a reorganização da luta de classes (da esquerda e da direita).

No Estado do Rio de Janeiro não é diferente, Pezão realizou corte em diversas secretarias, Eduardo Paes, na prefeitura do Rio de Janeiro, também fez o mesmo movimento como na retirada das gratificações de mais de 300 escolas, ambos utilizam a justificativa de amenizar o impacto da diminuição dos royalties.

O resultado do arroxo tem sido a insatisfação, iniciamos 2015 com mobilizações contra o aumento da passagem, com a greve no COMPERJ e a dos Garis, e neste segundo semestre, com os fortes cortes do governo federal vivemos mais uma série de greve dos trabalhadores da educação, previdência e judiciários federais. A falta d’ água, as remoções e sucessivos acidentes do BRT e supervia, principalmente na Zona Oeste do Rio, também inflamam o cenário e podem gerar mobilizações populares, a partir da falácia advinda do ufanismo da Olimpíada.

Na prefeitura Eduardo Paes está em seu segundo mandato servindo aos interesses das empreiteiras e das empresas de ônibus. Na câmara de vereadores a aliança dos 20 partidos lideradas pelo PMDB tornou o legislativo uma extensão dos negócios dos grandes empresários cariocas, o que ficou claro com os escândalos de desvios de dinheiro envolvidos Rodrigo Bethlem, secretário de confiança de Paes, e genro de Jorge Felippe, presidente da câmara.

Eduardo Paes tenta construir Pedro Paulo como seu sucessor nas eleições de 2016, hoje responsável pela Secretaria de Executiva de Coordenação da prefeitura. Apesar do hegemonismo do PMDB no Rio, as insatisfações populares não param de crescer e a instabilidade política e econômica já chegaram no aqui. Deslocamentos na base do PMDB no Rio estão sendo anunciados, como o PT local (impulsionado pela corrente de Tarcio Genro, DS), que tem se articulado para apoiar a campanha do Freixo 2016.

Não à toa que o PT no Rio está procurando o PSOL para se aliar, uma legenda limpa, livre de escândalos e com real possibilidade de enfrentar o PMDB. O PSOL cresce como alternativa de luta e tem ganhado mais espaço a cada eleição. O fenômeno da primavera carioca, no qual milhares de jovens fizeram a campanha do PSOL, com Freixo para prefeito, de forma voluntária, alcançando o segundo lugar nas eleições. Este resultado representou o desejo da juventude e da população por mudanças, uma política radicalmente distinta dos partidos burgueses. Por isso que nós, consignatários desta tese, pontuamos que o PSOL só deve se aliar com os partidos que “não tem rabo preso”, que estão ao nosso lado nas lutas.

Cidade S.A. (Cidade Olímpica):

Desde a escolha do Rio de Janeiro como sede das Olímpiadas de 2016 a cidade virou uma balcão de negócios para os empresários, as empreiteiras, as maiores financiadoras das campanhas do PMDB no Estado foram as mais beneficiadas. Nos dois mandatos de Eduardo Paes a cidade virou um canteiro de obras preparando a cidade não para os jogos olímpicos, mas para instalar no Rio a lógica de cidade negócio.

Apesar da extensa propaganda sobre o legado olímpico, a maior parte da população recebeu o lado negativo deste legado. A cidade que já era partida ficou ainda mais dividia, apesar do prefeito defender que a cidade ficou mais integrada com as obras, milhares de famílias foram removidas para a construção de novas vias e instalações para os jogos, estas pessoas foram levadas para conjuntos habitacionais em bairros da Zona Oeste ou receberam indenizações que as forçam a ir para as regiões periféricas por causa do baixo valor.

Ainda sobre moradia, os megaeventos fomentaram uma grande especulação imobiliária na cidade. Utilizando como argumento os investimentos para a Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos, além das instalações das UPP’s, o preço dos imóveis na cidade dispararam, forçando um movimento da população em busca de alugueis e de imóveis mais baratos. Os mais afetados são os mais pobres que possuem menos margem para o aumento.

Educação:

Nos anos de 2013 e 2014 a rede municipal de ensino realizou dois movimentos grevistas contra a política educacional de Eduardo Paes, foram levante contra uma série de ataques a educação pública implementados no governo do PMDB. A rede municipal vem sendo um importante laboratório da ofensiva empresarial, que avança dentro das unidades escolares com uma privatização velada.

A Secretaria Municipal de Educação não foi diferente das outras pastas e também se tornou um balcão de negócios, onde empresas e ONGs disputam a venda de seus projetos lucrando milhões de reais. A penúltima secretária de educação, a economista Claudia Costin, intelectual com renomada experiência na formulação da agenda neoliberal, à frente da SME garantiu o trânsito livre do empresariado nos corredores da secretaria, transformando escolas e creches numa grande fonte de renda para banqueiros e empresários.

Precisamos impedir este avanço do empresariado dentro das unidades escolares, defender uma escola pública é fundamental para levar uma educação de qualidade para a população. E para isso é necessário garantir o investimento público, a autonomia pedagógica dos profissionais, concurso público, e a integração da comunidade escolar. As escolas devem ser um espaço de aprendizagem para toda a comunidade em sua volta. Este é o caminho para uma educação de qualidade!

No entanto a prefeitura segue o caminho contrário do defendido pelos educadores, além da entrada de ONG’s e Fundações a SME na gestão do PMDB vem realizando uma série de mudanças que fere a autonomia e precariza os educadores em prol da implantação de uma educação pensada pelo Banco Mundial baseada na meritocracia e na privatização do ensino.

O PSOL deve estar ao lado dos educadores, apresentando-se como mais um instrumento de luta em defesa da educação pública e da autonomia dos docentes. O PSOL deve auxiliar os educadores e seu sindicato, o SEPE que é um dos maiores sindicatos do Estado que possuem uma pauta de esquerda e de luta. Essa ponte deve ser construída de modo que os mandatos na câmara de vereadores reflitam a pauta defendida pelo SEPE, os vereadores do PSOL não podem pensar política e PL’s para educação sem consultar os educadores através do SEPE como ocorrido no caso do PL que regulamenta o quantitativo de alunos em sala e na Educação Inclusiva, este princípio deve valer também para a ALERJ.

Educação Inclusiva – inclusão pedagógica é possível!

Pela permanência das escolas especiais e das salas especiais dentro de escolas regulares!

A rede municipal do rio apresenta duas modalidades para os alunos com deficiência, as escolas especiais e as salas especiais. No entanto, neste último período a prefeitura do Rio de Janeiro através da Secretaria Municipal de Educação vem acabando com estas opções para as crianças com deficiência e optando pelas escolas regulares.

Tanto nas escolas especiais quanto nas salas especiais as escolas contam com um professor especializado e uma sala com 10 alunos no máximo. As escolas especiais contam também com transporte adaptado e mães voluntárias para auxiliarem os professores com a alimentação e a higiene desses alunos. “O correto para esses alunos são os mediadores para auxiliar o professor” e não voluntários.

Esses alunos tem a pedagogia diferencia até entre eles, mas em todas as atividades sociais da escola os alunos são incluídos. Neste sistema geralmente o aluno que consegue se alfabetizar e é gradativamente incluído em turmas regulares. Sempre realizado conforme a necessidade de cada educando, identificada por meio de avaliação, ouvindo a família e o aluno.  

Já o processo de inclusão em classe regular de um aluno com deficiência, precisa ser mais cautelosa, pois o aluno precisa de um laudo relatando a sua deficiência e sua capacidade para ser considerado incluído. Seus direitos como aluno incluído são um “estagiário” de qualquer curso do ensino superior contratado pela SME, acesso a sala de recurso no contra turno por uma hora, duas vezes na semana, currículo adaptado e redução do número de alunos na turma regular. Na falta de estagiários (o que é frequente), o horário do aluno é reduzido para 3h no máximo.

 Precisamos também da capacitação em Educação Especial (inclusive em libras) dos professores de turmas regulares. A capacitação não é apenas um curso, e sim um processo constante e permanente de orientação sobre as diversas e complexas deficiências e suas possibilidades, criando processos pedagógicos específicos. Hoje o IHA oferece apenas palestras para os professores, que acontecem geralmente nos fins de semana sem nenhum atrativo para este profissional. 

Existe uma proposta, inclusive num projeto de Lei Municipal, a ser votado, que orienta que os alunos maiores de 17 anos que estejam em classes especiais sejam remanejados para o PEJA, um sistema criado para jovens e adultos não deficientes e que ainda não se alfabetizaram.  Não existe um currículo destinado a pessoa com deficiência e essa constatação caracteriza a total exclusão do sistema de ensino, ratificando um olhar cronológico para com o indivíduo e não paras as suas capacidades individuais. Além do PEJA ser noturno.

Para esses alunos é necessário um projeto diferente, que respeite o processo de aprendizagem e não catalogue os alunos por faixa etária. Cada um, a seu tempo, desenvolvendo suas potencialidades, em todas as áreas de aprendizagem!

É fundamental que antes do aluno deficiente ser incluído na rede regular de ensino que isso seja feita mediante a um laudo do profissional de saúde que acompanhe o aluno, de avaliação feita pelo órgão competente da Secretaria Municipal de Educação responsável pela educação especial e de anuência expressa dos pais ou responsáveis, em conjunto. E que o responsável a qualquer momento do ano letivo possa mudar a sua opinião de atendimento ao aluno deficiente, escolhendo o que for melhor para o desenvolvimento do mesmo. Está claro que o município não está preocupado em desenvolver uma real inclusão, que respeite a singularidade de cada pessoa, mas sim em melhor estatísticas de formação das pessoas com deficiência.

Transporte:

Com uma das passagens mais caras do pais, a cidade carioca segue com um sistema de transporte rodoviário que não consegue atender a demanda local. Apesar da implantação dos consórcios as linhas ainda são maus divididas, com a maioria das linhas na zona sul e com poucas na zona oeste, fora que esta região ainda tem os piores ônibus e horários. Além disto, apesar da promessa de transparência as contas das empresas de ônibus ainda são obscuras.

O último aumento de 13,3% na tarifa que passou de R$ 3,00 para R$ 3,40, este percentual foi o maior concedido pelo município nos últimos dez anos, foi justificado pela instalação de ar-condicionado em toda frota de ônibus da cidade o que não vem ocorrendo no prazo determinado, além disto, esta justificativa não foi aceita pela sociedade civil. O próprio TCE-RJ recomendou a redução deste aumento e o Ministério Público estadual tentou suspendê-lo na Justiça, contudo não conseguiu obter êxito.

A questão do transporte ainda é o maior catalizador de lutas na cidade do Rio de Janeiro, os aumentos abusivos das passagens se seguiram nos outros modais de transporte da cidade, como nos trens, barcas e metrô ao mesmo tempo que os serviços oferecidos se mantem péssimos. A Supervia é um exemplo a se registrar, os atrasos e quebras são recorrentes, e mesmo assim a empresa ganhou a renovação da concessão, além de que todos os novos trens são dados pelo Governo e não são custeados pela empresa ou até mesmo pela passagem. Da mesma forma, as barcas tem apresentado sucessivos acidentes e panes, além dos atrasos constantes.

O BRT também acumula acidentes pela cidade, as reclamações pelo atraso, pelos ônibus lotados e pelo aumento do tempo e distância para algumas viagens, são as grandes reclamações dos usuários. As obras de implementação do BRT-Transbrasil vem infernizando a vida da população com o fechamento parcial da principal via da cidade, além disto esta obra deve seguir o modelo das outras, pagando indenizações irrisórias pelas desapropriações.

A solução para a cidade passa pelos transporte de massa, trens e metrô são a saída mais eficiente para transportar uma população do tamanho da nossa. Os projetos das antigas linhas de metrô junto com a modernização dos trens cortariam toda a cidade em uma verdadeira teia, integrando todas as zonas da cidade e da região metropolitana. Este é um projeto a longo prazo, mas que deve ser defendido pelo PSOL.

A cidade que se perde mais tempo em trânsito, 33 dias por ano, tempo este que deveria ser destinado ao lazer, descanso, etc.. Esta realidade sacrifica ainda mais as mulheres, que possuem dupla jornada de trabalho, tendo que desenvolver os serviços domésticos quando voltam para casa, após o dia de trabalho e transtornos com o transporte. O direito a um transporte digno, acessível, que ligue toda a cidade, em um tempo menor, se trata do direito a população de usufruir da cidade.

Zona Oeste:

A Zona Oeste do Rio de Janeiro tem sido um território constantemente impactado pelos projetos ligados à consecução dos megaeventos esportivos, bem como seu entorno (municípios de Itaguaí, Seropédica e Mangaratiba), sendo acionados como estratégicos na manutenção do crescimento econômico nacional. A cidade do Rio de Janeiro possui cerca de 1.225 km² em extensão territorial, sendo a Zona Oeste detentora de 832 km² (RIO DE JANEIRO, 2010). Ou seja, a Zona Oeste detém cerca de 67% do território carioca, com uma população aproximada de 2,3 milhões de habitantes (37% da população municipal), num contexto em que para cada km² há 2.851 hab., o que torna a região a menos povoada da cidade. Esses dados apontam que, diante do crescimento da cidade do Rio de Janeiro, a região que mais tenderá a receber o quantitativo de habitantes é a Zona Oeste carioca. Nesse contexto, a região apresenta apenas 6% dos empregos formais da cidade (dados do Ministério do Trabalho e Rio Como Vamos), o que sinaliza que o morador da Zona Oeste ou tem de se deslocar para outras regiões da cidade para trabalhar, ou ocupa posições informais de trabalho.

Além disso uma das marcas indeléveis da região é a sua desigualdade social, pois o coeficiente de Gini demonstra que é a região com maior concentração de renda (0,637, segundo o IBGE, 2010). Uma das explicações para isso seria o fato de a região conter bairros como Joá, Barra da Tijuca, Freguesia e Recreio dos Bandeirantes, bem como Santa Cruz, Inhoaíba, Pedra de Guaratiba e Sepetiba. Hoje, a extensa urbanização levada a cabo na região transformou áreas que há 20 anos eram rurais em urbanas, fato que mudou a realidade do Parque Estadual da Pedra Branca, atual maior floresta urbana do mundo. É esse parque que hoje vive dilemas como a priorização da ocupação por condomínios de luxo, em detrimento da agricultura e pecuária que eram exercidas sem grandes fiscalizações.

Outro fator que chama atenção é a Baía de Sepetiba, a qual engloba os municípios de Itaguaí e Mangaratiba, também. Esse território passou a ser altamente degradado após receber os dejetos da mineradora Ingá, bem como atualmente ter o Porto de Itaguaí como responsável por um intenso fluxo de mercadorias, incluindo o minério de ferro vindo de Minas Gerais. É também ali que o Ministério da Defesa em parceria com a França, constrói o submarino nuclear. Para brindar o avanço capitalista na região, fora instalada sem as devidas licenças ambientais a TKCSA, siderúrgica proibida de funcionar na Alemanha e na cidade de Fortaleza/CE, a qual tem sido responsável não apenas pelo aumento considerável na emissão de gases do Estado do Rio (cerca de 15%), mas também por poluir o ar de Santa Cruz a ponto dos moradores desenvolverem uma série de doenças respiratórias e cutâneas.

De todos esses problemas, há ainda a grande concentração de milicianos e traficantes em favelas da Zona Oeste, a fomentar medo e tensão à classe trabalhadora que resiste diante o fato de ter de se deslocar diariamente aos seus locais de trabalho, bem como ter seu ar poluído, falta d’água, Falta de energia, de escolas e universidades de qualidade.

Os bairros da Zona Oeste sofrem com o total descaso da prefeitura e do governo do estadual. Bairros como Santa Cruz, Sepetiba, Campo Grande, Paciência, Realengo e Bangu convivem com transporte público precário, escolas públicas insuficientes e de qualidade bastante discutível, uma saúde pública caótica e a famigerada presença de grupos criminosos como a conhecida milícia que atua na região. Localidades como Cesarão, Aço, Rolas e Antares sofrem com conflitos rotineiros entre traficantes e milicianos.

Criminalização da pobreza e a o extermínio da juventude negra:

A política de segurança do Rio de Janeiro é a que mais mata no mundo, os números das suas vítimas são maiores que a de alguns conflitos entre países. A maioria dessas mortes são dos moradores das comunidades cariocas, em sua maioria jovens pobres, negros e favelados. Nesta quase uma década de governo do PMDB a violência policial aumentou significativamente, suas vítimas mortas todos os dias oficializam a criminalização da pobreza através de uma política de segurança pública que prioriza o extermínio. Nessa Falsa Guerra às Drogas só pobre morre, seja o pobre descalço, seja o pobre fardado. E o único que sai ileso dessa guerra, é o estado, em seus palácios, coberturas, mansões, ilhas, helicópteros e fazendas.

A Unidades de Polícia Pacificadora, política de ocupações policiais nas comunidades é questionada por vários moradores que tiveram suas casas destruídas e invadidas, e sofrem com a truculência das abordagens policiais. Na Maré a ocupação das forças armadas gerou uma série de relatos da retirada de direitos, os moradores vivem um verdadeiro estado de exceção. Se antes o terro era praticado pelos traficantes em guerra entre si, hoje o terror vem do Estado.

O PSOL precisa ter uma postura clara e dizer NÃO às UPP, as comunidades precisam de segurança, mas está não pode ser construída em cima de remoções, torturas e morte dos moradores das comunidades. Precisamos defender uma outra política de segurança aplicada pelo Estado, com a desmilitarização da polícia como carro chefe. A Prefeitura também precisa mudar de postura em relação as comunidades cariocas, precisamos defender que a atuação dentro das favelas não se resuma a UPP’s e Ongs, todos os cariocas precisam de saúde, educação, saneamento, transporte e lazer. As comunidades precisam ser restruturadas com a urbanização e instalação de serviços e cabe a prefeitura executar estas obras.

Criminalização dos movimentos sociais:

A resposta do governador as lutas é aumentar a repressão para intimidar os lutadores e impedir a organização da juventude. Esta é a solução encontrada pelos governos do Rio de Janeiro desde junho de 2013, nesses anos passamos pelas violências nas manifestações, o cerco da câmara dos vereadores na votação do Plano de Carreira dos educadores da rede municipal, e as prisões da copa. Isso é criminalização dos movimentos sociais, que visam coagir a população à não irem mais para as ruas.

No último caso, o processo dos 23 ativistas da Copa, apesar da recente vitória que concedeu a liberdade provisória para a Sininho e outros, o empasse ainda não está resolvido. É de suma importância a mobilização da sociedade e dos lutadores para impedir que seja aberto o precedente que impeça as manifestações e mobilização dos trabalhadores. O PSOL teve um papel muito importante na defesa e campanha de libertação e de extinção do processo, mas precisamos atuar mais e garantir que os nossos parlamentares e figuras públicas participem deste movimento.

Por um PSOL Radicalmente Necessário e por uma Frente de Esquerda Coerente!

Passamos por um momento dentro do PSOL em que o debate sobre concepção partidária e linha política se fazem bastante necessários. Temos uma divisão clara no PSOL, o lado da esquerda revolucionária que estiveram reunidos no Bloco de Esquerda e que acredita que as mudanças sempre vieram e sempre virão das e nas ruas e que o Psol precisa estar nas lutas e fortalecendo os movimentos sociais, onde as eleições sejam apenas uma das ferramentas de luta. E o lado com menos expressão política e militância, porém com muitas filiações e que acredita que a mudança venha da institucionalidade, que as eleições sejam meios e até mesmo fim e por isso está disposto a se adequar às regras eleitorais como aceitar financiamento de empresas ou coligações eleitoreiras. Estes últimos, novamente tentarão manter a maioria artificial da unidade Socialisa (US) no Congresso.

Tivemos aqui no Rio um exemplo de suas táticas, foram várias plenárias de Janira e do Cabo Daciolo em uma tentativa de conseguir filiações que não possuíam critério algum no intuito de derrubar a esquerda do partido, que aqui no nosso Estado é a maioria. Nos outros Congressos o grupo da Janira, o MTL era conhecido pelas “plenárias-churrasco”, onde reuniam uma grande quantidade de filiados que a única ligação com o partido eram estas “plenárias-churrascos”.

Para mantermos um PSOL com a nossa cara, que defenda a classe trabalhadora e o Socialismo, é fundamental que novamente a esquerda do partido esteja junto do Bloco de Esquerda em todas as instâncias do Congresso deste ano. No entanto, vimos no último período que o Bloco foi meramente uma frente congressual, não mantendo a unidade da esquerda após o último Congresso. É fundamental que esta unidade não seja fictícia ou pontual, precisamos estar juntos no dia a dia do PSOL.

Defendemos que o Bloco de Esquerda tenha um caráter permanente e que tenha como bandeira a defesa e construção de uma Frente de Esquerda Social e Política com os partidos revolucionários PSTU e PCB e os movimentos socais como o MTST. Entendemos que só assim será possível construir uma alternativa de esquerda ao PT/PSDB.

A experiência do CZOII e Coletivo Ilha do Governador – COLIG são exemplos de como esta unidade entre partidos e movimentos sociais pode se dá na prática. O CZOII desde 2013 construiu importantes lutas na zona oeste, como por exemplo o movimento Golfe Para Quem, que contou com participação de militantes e parlamentares do Psol, além de ativistas de fora do partido. O COLIG vem desde 2013 na Ilha participando de muitas lutas e neste ano de 2015, o COLIG consegue construir um espaço onde militantes do Psol, Pstu, independentes e anarquistas possam dialogar e construir coletivamente, e como resultado foi construído o Festival Contra Redução da Maioridade Penal que reuniu mais de 300 pessoas ao longo do dia. E nesse momento vem participando da resistência e luta contra o PEU da Especulação de Paes/Pedro Paulo e PMDB.

Nesse sentido, é fundamental que o Psol esteja disposto a incentivar a construção de espaços amplos onde partidos de esquerda (PSOL, PSTU e PCB) e movimentos sociais possam dialogar e construir coletivamente, e a grande responsabilidade que isso ocorra é do Psol por ter uma base mais sólida e com maior enraizamento nos movimentos sociais, estudantis, mas sempre com a certeza que não podemos querer ser protagonistas em nenhum desses espaços e lutas.

O nosso partido também deve pautar à criação de Núcleos por toda a cidade, e a experiência da instância Internúcleos no Rio, que hoje é um dos espaços mais importantes do PSOL Carioca. Precisamos deixar de ser Psol do eixo Centro-Zona Sul, e para isso o internúcleos tem a tarefa de descentralizar suas plenárias, democratizando suas instâncias de base. E também, pressionar que as plenárias do partido possa ter um rodízio nas regiões. Por mais que o centro passe a impressão de ser mais viável, precisamos perguntar: Mais viável para quem? Na prática companheirxs da zona oeste passam 3 horas para chegar e ainda sofrem com a falta de transporte. Nesse sentido, precisamos sair da zona de conforto e tornar o Psol da zona oeste, subúrbio, das favelas, dos pretxs, das mulheres, das lésbicas, trans e dos gays. Deixar de DEFENDER e passar a SER.

Precisamos ampliar a fomentação de cursos de formação, realizando-os de modo itinerante com a ajuda dos Núcleos. Devemos dizer não ao financiamento de campanha por empresas e a alianças com partidos burgueses, casos como o da Guerdal, Natura e as alianças da prefeitura de Macapá e da US na campanha pela prefeitura de Belém devem ser repudiados. Precisamos estabelecer critérios de filiação e tornar o PSOL um partido de militantes e não filiados, nossa sugestão é que o militante no Rio tem de estar nucleado, principalmente os candidatos.

O PSOL não pode ceder à pressão eleitoreira e institucional aceitando estas alianças com os partidos burgueses em troca de vitórias eleitorais. E não podemos nos tornar uma colateral de esquerda do PT como ocorrido em Belém. No Rio de Janeiro o presidente do PT, Quaquá, já ensaiou uma aproximação com o PSOL na tentativa de uma aliança para a prefeitura da cidade.

Por fim existe uma grande preocupação sobre qual é o papel do PSOL no poder executivo. A prefeitura de Macapá vem dando o exemplo do que não deve ser feito, como na greve dos educadores. Não cabe ao PSOL ao assumir uma prefeitura atuar como um mero administrador do estado capitalista, ou até pior, como no caso da greve em Macapá onde o PSOL esteve contra os trabalhadores. Devemos pautar os trabalhadores e fazer da prefeitura um instrumento da classe, chamando a população para construir a gestão. Elevando a consciência da população e fomentando lutas pela cidade.

O primeiro passo para a disputa das prefeituras é a mudança de concepção na escolha dos candidatos, a candidatura deve ser uma construção coletiva e necessariamente os militantes do partido devem participar deste processo. As pautas defendidas pelos candidatos devem refletir o acumulo dos núcleos e setoriais do PSOL. Só assim teremos mandatos coerentes e abertos a classe trabalhadora.

PSOL e os movimentos sociais: É comum ouvir dentro do partido a ideia de que o PSOL é um “partido necessário”. Para que isso torne-se realidade, para que essa ideia seja comungada para além do partido, faz-se necessário que o partido transforme-se em algo diferente, em algo que realmente possa representar a luta contra a velha política partidária repleta de prática obscuras e perniciosas que nos levaram ao atual cenário de descrédito por parte da população em geral em partidos e em políticos.

Aproveitando-se do bom diálogo que o PSOL, até então, vem tendo com a juventude, temos de nos transformar em algo para além de um partido. O PSOL precisa ser um movimento de luta e de resistência. Hoje, é comum vermos movimentos sociais, sobretudo em favelas como a de Manguinhos, empunhar a bandeira do “Não vote, lute!”. Isso é fruto da traição de partidos, outrora de esquerda, como PT e o PC do B, e do distanciamento de partidos como o próprio PSOL. Os movimentos não se veem representados. É preciso fazermos nossa autocrítica, e buscarmos uma maior aproximação dos movimentos.

É preciso tornar o PSOL um movimento de esquerda onde haja espaços e voz para não filiados, sejam elxs simpatizantes do PSOL, integrantes de movimentos sociais ou, até mesmo, integrantes de outros partidos de esquerda que queiram construir coletivamente uma frente para muito além de eleição, que queiram construir projetos que visem a transformações que se fazem necessárias para a defesa dos direitos da classe trabalhadora. Para isso, é fundamental que façamos nossa reflexão crítica sobre nossas próprias ações ou omissões, temos de ter humildade e boa vontade para saber passar por cima do que divergimos em prol do que convergimos.

Assinam esta tese:

  • Anísio Borba – Núcleo Leopoldina
  • Dan D Onofre – Núcleo Marinheiro João Candido
  • Daniele Pinheiro – Militante do SEPE
  • Eduardo Morais – Núcleo Leopoldina / Diretor do SEPE
  • Fabiane Baraldo – Setorial de Saúde do PSOL
  • Isabela Leoni –
  • Lívia Casemiro – Núcleo Marinheiro João Candido
  • Malcolm Santos – Setorial de Saúde do PSOL
  • Mariana Cristina – Setorial de Saúde do PSOL
  • Marilia Trajtenberg – Núcleo Centro
  • Matheus Fontenelle – Núcleo Leopoldina
  • Maykeline Leite – Setorial de Saúde do PSOL
  • Nílvio P. Pinheiro – Núcleo Marinheiro João Candido
  • Paulo Leal – Diretor do SIMPRO
  • Pedro Cavalcanti – Fórum de trabalhadores da saúde mental
  • Raphael Mota Fernandes – Núcleo Leopoldina / Diretor do SEPE
  • Ricardo Barros Filho – Militante do SEPE
  • Rita Mogozzo – Núcleo Resistência Socialista da Ilha
  • Rodrigo Dantas – Diretor do SEPE
  • Tamina Batam – Núcleo Centro

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