Escola de Verão do CIT 2015 – A crise do euro e as perspectivas da luta de classes na Europa

Os eventos recentes na Grécia serviram de cenário para a discussão sobre a Europa na Escola do Comitê por uma Internacional dos Trabalhadores de 2015. Mais de 300 pessoas de 22 países participaram da Escola do CIT, realizada na Bélgica entre 18 e 25 de Julho.

Peter Taaffe, Secretário-Geral do Partido Socialista da Inglaterra e País de Gales (CIT na região) e membro do Secretariado Internacional do CIT, introduziu o debate sobre a Europa. Esta é uma versão editada do discurso de Peter e do debate que se seguiu, por Kevin Parslow, do Socialist Party.

Peter usou a antiga frase “viragens apertadas, alterações súbitas e abruptas na situação” para caracterizar o período em que a Grécia está hoje, e que o resto da Europa experimentará amanhã.

A histórica e magnífica votação massiva no referendo foi o resultado da maravilhosa resposta das heróicas massas gregas – particularmente da classe trabalhadora e da juventude, convocando as suas reservas de energia revolucionária, mesmo depois de mais de 30 greves gerais!

O resultado chocou claramente, não apenas a classe capitalista na Grécia e em toda a Europa, mas também o primeiro-ministro Tsipras e o governo do Syriza. A enorme vitória do “Não” retirou-lhe qualquer desculpa para recuar, mas ele não sabia o que fazer com esta vitória colossal. Ele ficou com medo do poder, o poder investido nele e no seu partido, pelas massas.

Uma semana mais tarde, veio a gigantesca traição de Tsipras e da liderança do Syriza. O Syriza começou a se dividir. Tsipras abraçou os partidos capitalistas da austeridade, o que poderá levar a um “governo nacional”. Foi como se um time de futebol vencesse o Campeonato Mundial numa semana, e fosse relegado para a 54ª divisão nacional na semana seguinte!

Athina, do Chipre, elaborou sobre isto para dizer que ninguém esperava que a traição de Tsipras surgisse tão rápido. Muitas células de base do Syriza trejeitaram a posição de Tsipras e já existem discussões para uma nova iniciativa de esquerda. O Chipre está se desenvolvendo ao ritmo da Grécia. Um terço do sul do Chipre vive abaixo da linha da pobreza e o chamado partido “comunista” AKEL trouxe a Troika para o Chipre, enquanto a Turquia desempenha o mesmo papel no norte do Chipre que a Troika na Grécia. Peter explicou que o destino da classe operária está em jogo, não apenas na Grécia, mas em toda a Europa e no mundo inteiro. A Grécia tornou-se um laboratório no qual o capitalismo, o reformismo e a revolução estão sendo testados.

Lucy, da Alemanha, disse que o governo de Merkel queria transformar a Grécia num novo protetorado, ao estilo do Kosovo ou como a ex-RDA, um brutal campo de testes para as políticas neo-liberais. Os Socialistas Revolucionários na Alemanha, disse Lucy, têm a obrigação de se opôr à responsabilidade da sua “própria” classe dominante, em primeiro lugar, em relação à catástrofe grega. Ao mesmo tempo, é necessário oporem-se à posição do Die Linke, que disse que era contra o Memorando quando ele foi apresentado ao parlamento alemão, mas que teria votado por ele no parlamento grego! O CIT na Alemanha condena as políticas da classe dominante alemã, cuja chantagem levou à capitulação do Syriza. Mas isso aconteceu porque Tsipras e os líderes do Syriza não tinham um ‘Plano B’ – ou seja, políticas socialistas corajosas para lidar com uma ruptura com a Troika.

Agonias gregas

A classe trabalhadora grega tem passado por muitas agonias; a taxa de desemprego grega significaria 8 milhões de desempregados na Grã-Bretanha! No entanto, a isto se soma esta capitulação podre. A economia vai cair mais 4,2% além da queda de 25% no PIB que já existia.

Isto poderá levar a um aumento no apoio aos nazistas declarados da Aurora Dourada, mas haverão mais oportunidades para o movimento dos trabalhadores avançar antes que a ameaça do fascismo esteja colocada.

Nas negociações com a Troika, Tsipras foi torturado. Mas não é verdade que Tsipras não tinha alternativa ou que a Grécia é pequena demais para resistir. Esta capitulação agora será usada pela burguesia e seus ecos sociais-democratas, bem como alguns corações fracos à esquerda, mas há grandes possibilidades apresentadas na situação grega.

O histórico de lutas da classe trabalhadora grega é imenso. Isso é confirmado pela reação brutal da burguesia europeia e mundial ao desafio que se colocou no referendo. Em contraste, a reacção da classe operária internacional foi de solidariedade.

Uma grande mudança ideológica ameaça o “mercado”, razão pela qual o FMI declarou o programa para a Grécia “insustentável”. Os capitalistas temem o ‘contágio’ no sul da Europa e na Irlanda, mas também na Grã-Bretanha e no norte da Europa, se os trabalhadores gregos vencerem.

O que é isto senão uma expressão da revolução permanente de Trotsky? A luta anti-austeridade e as forças socialistas teriam sido impulsionadas. Obama pediu um acordo, assim como os franceses e os italianos, o que significa uma divisão profunda entre a burguesia mundial, com consequências graves para o futuro da UE e a ruptura provável do euro.

O programa dos camaradas gregos do CIT e da nossa organização, Xekinima é a melhor garantia de uma vitória para a nossa classe. Em cada etapa, o Xekinima apresentou uma análise clara e os camaradas intervieram magnificamente com revindicações para a nacionalização dos bancos e de controle e gestão dos trabalhadores, a expropriação dos setores chave da economia e a difusão do movimento internacionalmente.

Todo o ativista deve ler “A catástrofe iminente e como combatê-la”, de Lenin, para entender o programa dos socialistas frente uma crise.

A Grécia teve um novo governo, em média, a cada 14 meses desde 2010. Uma nova eleição geral é provável num futuro próximo.

A reflexão política da crise tem sido expressa de uma forma frenética no sul da Europa e particularmente na própria Grécia. Isto resultou em fractura política; em muitos países, a antiga dominação bipartidária tem sido afetada com a ascensão de partidos nacionalistas, de extrema-direita e de esquerda.

Reformismo

“Inerente ao reformismo é a traição”, escreveu Trotsky. Os partidos ex-social-democratas têm sido absolutamente incapazes de oferecer reformas progressistas nesta crise orgânica do capitalismo. Eles passaram abertamente para o lado dos capitalistas e propõem contra-reformas. Infelizmente, o Syriza passou por uma ‘Pasokização’ que acabou com a sua traição, o mesmo resultado que o partido social-democrata grego Pasok.

Por todo o lado, prepara-se o terreno para novas formações, incluindo na Grã-Bretanha, onde a eleição geral e a eleição para a liderança do Partido Trabalhista têm produzido desenvolvimentos interessantes. A classe operária, testada no plano político, está se voltando para a frente trabalhista e sindical. Há um sentimento amargo mas determinado se desenvolvendo em resposta à ofensiva dos patrões e do governo conservador.

A situação geral na Europa é extremamente instável, o que pode piorar porque uma nova crise – talvez mais profunda até do que a de 2008 – está no horizonte. A desaceleração da economia chinesa, que tem sustentado o capitalismo mundial, teve um impacto imediato sobre os produtores de matérias-primas no mundo neo-colonial e agrava a sua crise. Por cima disto tudo estão as recentes oscilações na peculiar bolsa chinesa. Os capitalistas têm enormes “poupanças” mas nenhum lugar para investir. Se os EUA aumentarem as taxas de juros no Outono, poderão arrastar a economia mundial para uma nova crise.

As previsões indicam que a Zona Euro experimentará um crescimento lento neste e nos próximos anos. O presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, comentou: “A este ritmo, o continente europeu nunca poderá sacudir o desemprego persistentemente alto e estará atolado em dívidas para o futuro distante.” É isto o que está por trás dos apelos ao “alívio da dívida”.

Na realidade, há um elemento da Grécia em toda a Europa. Thomas Piketty destacou o dilema que a Grécia enfrenta: eles estariam condenados a pagar 4% do seu PIB ao ano aos credores durante 30 anos. Seria muito mais fácil simplesmente cancelar a dívida.

Greves belgas

A vontade de lutar foi mostrada nas greves dos maquinistas alemães (os vergonhosos social-democratas alemães apoiaram a legislação anti-greve específica contra eles), no movimento de greve geral no final de 2014 contra o fantasma do thatcherismo no novo governo belga e nas lutas em França para preservar o que resta da semana de 35 horas.

Stefan relatou como a eleição de um governo de direita em 2014 abriu um novo período na Bélgica. Houve grandes manifestações sindicais, greves e mobilizações de massas nos locais de trabalho onde foram realizadas reuniões e piquetes de massas pela primeira vez em anos. O movimento esteve perto de derrubar o governo em Dezembro, mas os líderes sindicais recuaram, entraram em negociações e o impulso foi perdido. O governo usou isso e o ataque à revista Charlie Hebdo em Paris, para reforçar a sua posição. Os sindicalistas temiam perder o controle do movimento, mas é uma ilusão pensar que este governo vai dar concessões sérias sem luta. A maior força do governo belga é a fraqueza da oposição. Os partidos ‘socialistas’ na Bélgica estão perdendo credibilidade e votos, enquanto o ex-maoísta PTB tem 9% nas pesquisas, mas não é um partido operário de massas. Se houver um novo movimento em torno de um apelo a uma greve geral de 48 horas para derrubar o governo, isso poderá ser a base para um novo partido dos trabalhadores.

Peter advertiu que na maioria dos países da Europa também tem havido um crescimento da extrema direita, um resultado da crise do capitalismo e do fracasso da esquerda. Parte do aumento do seu apoio é devido à sua exploração da crise de migração. O colapso de sociedades no Oriente Médio e na África significa entre meio milhão e um milhão de pessoas só na Líbia que ameaçam atravessar o Mar Mediterrâneo, enquanto milhares de pessoas já morreram tentando.

Este é um grande desafio para o movimento dos trabalhadores, e os socialistas revolucionários devem propor um programa contra a brutal e mesquinha campanha anti-imigrante da direita, incluindo a luta pelo direito de asilo.

Os conflitos sobre os “refugiados náufragos” mostram divisões nacionais intransponíveis na UE, assim como o mostra a crise da Grécia. Eles demonstram que a união monetária é claramente impossível sem união política, mas também que é impossível numa base capitalista.

A ruptura da zona do euro é inevitável. Mas, como Karl Marx escreveu certa vez: “a tradição de todas as gerações mortas oprime como um pesadelo o cérebro dos vivos”. Há uma grande armadilha na Grécia: as chamadas “vantagens” da adesão à zona euro, identificadas com o surgimento de uma sociedade moderna a partir da velha sociedade atrasada.

O mesmo forte sentimento existe no sul da Europa e na Irlanda, e em certa medida no resto da Europa. Os trabalhadores não querem voltar ao Dracma, mas o Euro já arrasta a Grécia e outros países para o atraso do passado e ainda pior.

Se a Grécia finalmente deixar o Euro, será o fim, ou o começo do fim, da moeda comum. Com a Itália e a França tendo dívidas insustentáveis, há um medo da assistência que necessitaria um país maior.

Estado Espanhol

A Troika estava determinada a esmagar e desacreditar completamente a Syriza, e já alcançou, num certo sentido, uma ‘mudança de regime’. Isto, sem dúvida, teve um efeito sobre as lutas anti-austeridade em países menores, como a Irlanda e Portugal, e até mesmo em grandes países como Itália e Espanha. Como resultado, o Podemos, sem nenhum programa real e um tipo de organização de cima para baixo, já começa um giro à direita.

Vicki, do Estado Espanhol, relatou mudanças significativas na Espanha desde o ano passado. O Ciudadanos (Cidadãos) é um novo partido à direita, mas há também novas formações de esquerda – os trabalhadores podem vislumbrar uma chance de um governo de esquerda em efeito com os novos Presidentes das Câmaras de Madrid e Barcelona. Os líderes do Podemos e da Esquerda Unida (IU) têm agido como um freio sobre a evolução da articulação dos movimentos devido a métodos sectários. O Podemos está estagnando, co seu giro à direita, e os seus líderes disseram que teriam apoiado o “acordo de resgate” se estivessem na Grécia! A IU expulsou ativistas envolvidos em atividades conjuntas locais, incluindo a exploração de blocos eleitorais. Há tensões dentro do Podemos com seções da sua base apoiando tácticas de Frente Única. Mas estes movimentos não estão se concentrando em torno de um programa, incluindo a nacionalização, e isso mostra a falta de um partido socialista revolucionário.

Rob, de Barcelona, explicou a situação atual, na Catalunha, onde há também um clima de “frente de esquerda” de candidatos para formar o bloco mais forte o possível nas eleições espanholas, incluindo as eleições na Catalunha. O partido do governo, o CiU, está agora dividido em duas partes distintas: o bloco pró-separação juntou-se com a ERC de esquerda numa lista conjunta. O crescimento do apoio à independência reflete o desejo de mudança de algum tipo. Uma Frente de Esquerda, incluindo o Podemos, também vai se apresentar nas eleições, mas não inclui os nacionalistas de esquerda. O resultado é difícil de prever, mas é improvável que haja votos suficientes para declarar a independência. Na realidade, a questão pode ser derrubada.

Marco disse que a Itália enfrenta o perigo de contágio da Grécia; se a Grécia sair da zona euro, a Itália encabeça a lista para um ataque especulativo. Este seria um grande golpe para uma economia já esgotada, com o PIB italiano caindo 10% desde 2007. Cerca de 25% da produção industrial desapareceu. Embora os analistas e o primeiro-ministro Renzi esperem uma pequena recuperação, isso poderia ser apenas uma recuperação técnica. Os ataques aos direitos dos trabalhadores significam que os acordos de trabalho nacionais foram desmantelados e os lay-offs ‘liberalizados’. A luta de classes estagnou de momento e não há nenhum ponto político de referência para as vítimas de austeridade. A lua de mel de Renzi acabou e os líderes da esquerda na Itália não têm ideia de como eles teriam votado na Grécia! A direitista Liga Norte e Beppe Grillo do ‘Movimento Cinco Estrelas’ (M5S) estão ganhando nas pesquisas e é provável que o M5S ganhe as eleições em Roma, enquanto o chefe da Liga do Norte, Salvini, se tornará o líder da direita. Na França, existe uma semelhante falta de voz política para os trabalhadores que lutam contra os ataques do governo, neste momento, na forma das ‘Leis Macron”. Leila referiu a declaração do líder do Partido de Esquerda, Melanchon, que eles iriam apoiar o Partido Socialista no segundo turno das eleições regionais, quando se espera que a Frente Nacional supere as suas divisões ‘familiares’ para obter um bom resultado, como a voz de quem quer dizer “não” a Hollande e Sarkozy. Houve muitas greves isoladas e defensivas em toda a França, mas, apesar dos pedidos para dias de ação, a principal federação sindical – a CGT – não deu nenhum passo nesse sentido. As pessoas querem lutar e uma situação explosiva vai se desenvolver.

Irlanda

Na Irlanda, os ataques às condições de vida, por meio das taxas de água, por exemplo, têm provocado descontentamento e movimento das massas com 57% recusando pagar a 1ª parcela das contas de água. Cillian explicou que os protestos contra as tarifas de água não eram apenas sobre números, mas o nível de atividade. Havia 350 páginas do Facebook de grupos contra a taxa da água! A escalada do movimento forçou o governo a fazer concessões no final de 2014, mas ainda assim o movimento avança. Apesar de tendências confusas, esta última análise reflete um giro à esquerda na sociedade irlandesa. Na maior demonstração contra as taxas, 65% dos que participavam, o faziam pela primeira vez, mas 70% tinham votado nos partidos do governo na eleição geral. Agora, um terço disseram que votariam na Anti-Austeritry Alliance (Aliança Anti-Austeridade – AAA) ou no People Before Profit (Pessoas Antes do Lucro – PBP).

Peter explicou que esta oposição da classe trabalhadora irlandesa já resultou na eleição dos membros do Partido Socialista (SP, na sigla original) como deputados, com mais deputados do SP e membros da AAA com possibilidades de, brevemente, serem eleitos na próxima eleição geral. Isso poderia se tornar um importante ponto de referência para as lutas europeias.

Da mesma forma, o referendo sobre a independência da Escócia refletiu uma revolta nacional e de classe contra os conservadores (Tories), incluindo os ‘Red Tories’ (trabalhistas) na batalha contra a austeridade, que teve grandes consequências na eleição geral. Os 56 deputados do Partido Nacional Escocês ofereceram a formação de um bloco com os trabalhistas contra os conservadores, incluindo sobre a legislação anti-sindical.

Os trabalhadores gregos irão colher uma colheita amarga de ainda mais sofrimento, mas o capitalismo está a ensinar a todos os trabalhadores algumas lições brutais na escola da luta de classes. É possível, até provável, que as amplas massas sejam desencorajadas e temporariamente se resignem ao sofrimento antes de se envolverem em novas ofensivas.

O deputado irlandês Paul Murphy disse que a derrota dos trabalhadores gregos será um ponto de referência fundamental para, provavelmente, os próximos anos. Ataques dos capitalistas poderão atrasar os processos na esquerda. Até mesmo alguns na esquerda do Syriza, como Costas Lapavitsas, pensam que um confronto iria empurrar Tsipras no sentido de uma saída do euro. Essas lições, disse Paul, precisam de ser aprendidas por tantas pessoas quanto possível, a fim de construir forças revolucionárias de massas.

Os trabalhadores e jovens mais politicamente desenvolvidos, disse Peter, terão aprendido, irão ponderar e tirar conclusões revolucionárias de longo alcance. Não há alternativa senão a criação de novos partidos operários de massas nos países da Europa. Tais partidos irão preparar o caminho para reais partidos revolucionários de massas.

No ano passado, a Europa e o mundo passaram por um período tempestuoso, de algumas maneiras brutal mesmo. A Europa Oriental e o Oriente Médio estão em crise, com impacto sobre a Europa através da guerra na Ucrânia, a crise dos refugiados e o terrorismo. Somente a classe trabalhadora pode unificar as massas e ir para a ofensiva contra o sectarismo e o capitalismo.

Vai levar tempo, mas o CIT está confiante de que as massas vão encontrar o caminho para a luta contra o capitalismo e que os jovens, em particular, abraçarão as ideias libertadoras do socialismo.

Grécia: uma antecipação de crises em toda a Europa

Na conclusão do debate, Tony Saunois, do Secretariado Internacional, saudou a discussão animada e ampla. A Grécia é uma antecipação de crises que irão abalar países em toda a UE no próximo período e que era necessário tirar lições sobre tácticas, programa e tarefas para a classe trabalhadora. A imposição de políticas sobre a Grécia reduziu o país a um protetorado com a aplicação de uma política colonial, quase de ocupação – uma ocupação de bancos, não de tanques. Thomas Jefferson disse uma vez que o estabelecimento bancário representava uma ameaça maior para as liberdades do que um exército permanente!

Isso representou uma política de vingança contra o povo grego que tinha eleito o Syriza e votou “não” no referendo. Havia certamente elementos de um golpe, mas o objetivo da Troika foi a mudança de regime, indicado pela demissão de Varoufakis e, desde o resgate, pela demissão de mais dez ministros.

O caráter de novas formações de esquerda é fluido; um dos problemas é a falta de participação da classe operária na base destas organizações. Este é um fator chave com o Syriza, que se tem “metamorfoseado” no PASOK. Tsipras se recusou a convocar uma reunião do Comité Central sobre os termos do resgate e 38 deputados da esquerda do Syriza votaram contra, mas questão é o que fazer agora? Não devemos subestimar o quão fracas essas forças de esquerda são em comparação, por exemplo, com as forças centristas do Partido Socialista do Chile sob Allende nos anos 1970 ou mesmo no próprio PASOK na sua fase inicial.

Desenvolveram-se divisões dentro da UE durante as negociações no seio do eixo alemão/franco-italiano. Houve até mesmo divisões no governo alemão; o Ministro das Finanças Schäuble levantou a possibilidade de um ‘Grexit’ novamente após o resgaste.

Se Tsipras tivesse dito “não” à Troika, milhões no sul da Europa teriam saído às ruas. Isto teria trazido uma ruptura com o imperialismo da UE ou tomado os passos iniciais nessa direção. O papel do CIT é tirar as lições, atingir as camadas mais avançadas e colocar o programa e as tarefas necessárias.

A evolução da situação no norte da Europa é vital e as greves na Alemanha e na Bélgica são uma referência sobre a forma como a luta se pode desenvolver. O CIT irá combater o nacionalismo e quaisquer ataques contra o povo alemão; defendemos unidade de classe dos trabalhadores e dos povos da Europa.

A crise grega não terminou e vai entrar em erupção novamente, e em outros países também. Isso destaca a urgência de novos partidos da classe trabalhadora, equipados com um programa para lutar até ao fim. Uma lição das negociações é que, se se escolhe a luta com as classes dominantes, desafiando as suas políticas de austeridade, é necessário um programa para derrotá-las ou então ser esmagado.

A história está a se desenvolvendo por toda a Europa; o CIT irá tirar as lições e preparar-se para o próximo capítulo através da construção de uma alternativa real para as classes trabalhadoras da Europa e do mundo.

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