Trabalhadores em educação encerram a greve no Paraná

Em mais uma assembleia histórica, realizada nesta terça-feira 9 de maio, no estádio Dorival de Brito em Curitiba, que contou com mais de 15 mil trabalhadores em educação presentes, depois de intensos debates, a greve que foi marcada pelo massacre do dia 29 de Abril foi encerrada sem ter a pauta atendida.

A votação foi apertada. Segundo a direção da APP – Sindicato, o encerramento da greve foi aprovado por 70% a 30%. Aos olhos de todos que lá estavam, a diferença pareceu bem mais apertada e ficou bem mais clara no sentimento de todos na saída do estádio.

A greve encontrava-se em um momento crucial: o governador Beto Richa (PSDB), disposto a tudo para desgastar a categoria perante a opinião pública, apresentou uma proposta de reajuste que, além de não cumprir nem a lei do piso (13,1%) e nem a data-base (8,17%) de 2015, oferecendo míseros 3,45%, estipulou na proposta, em hábil exercício de futurologia, o valor da data-base para os próximos três anos. Assim, aceitando a proposta, a categoria estaria dando argumento para o governador não negociar reajuste até o fim de seu mandato.

A conjuntura era propícia à continuidade da greve. O governador acirrou os ataques em um momento em que o índice de adesão à greve ainda era alto, causando grande indignação na categoria, além do desgaste do governo perante a população devido ao massacre do dia 29 e os escândalos de corrupção. O momento pedia a continuidade da greve e radicalização da luta.

A greve de fevereiro e março de 2015 mostrou que, quando a categoria radicaliza e, principalmente, unifica a greve com outras categorias do funcionalismo público, o governo não tem outra opção a não ser recuar. No atual momento, com o governo desgastado, uma radicalização da luta não deixaria outra opção ao governo a não ser sair derrotado.

Porém, a direção da APP – Sindicato, ligada à CUT, decidiu por recuar e pôr fim à greve mesmo sem nenhuma vitória. Os Cutistas, que só entraram na greve pois foram atropelados pela base, dedicaram grande energia, rodando o estado e visitando a base, como há muitos anos não faziam, para desmobilizar a categoria e conseguir acabar com a greve na assembleia. A proposta da direção era apenas paralisação nos dias da votação do projeto da previdência.

Os argumentos dos Cutistas eram, assim como a proposta do governador, baseados na futurologia, alegando que a categoria abandonaria a greve em caso de continuidade devido ao cansaço e o medo de possíveis descontos – argumento que, no mínimo, mostra a falta de confiança na força e disposição de luta da categoria.

Resta saber quais os motivos que levaram a direção da APP – Sindicato, CUT, tomar tal atitude.

Mesmo saindo da greve com um gosto amargo, é fundamental neste momento que a base da categoria junte os cacos e se fortaleça, pois agora a única saída é organizar a resistência para se fortalecer e enfrentar o governo e superar a burocracia sindical!

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