Chile: Educação não se vende! E a nossa vida vale mais que a sua propriedade!
Ontem (14 de maio), participamos de uma grande mobilização no Chile que tinha como pauta principal a Educação Pública Gratuita. A mobilização ocorreu em diversas cidades do Chile. Nós participamos da mobilização em Santiago junto a outras 150.000 pessoas aproximadamente.
Esta mobilização ocorreu num momento de crise econômica e política no Chile. Nesta mesma semana, a presidenta Michelle Bachelet trocou nove ministros (destes, cinco novos) com o objetivo de sinalizar à população que estava disposta a fazer alguma mudança. Isso porque o seu índice de aprovação chegou a apenas 34%. Dentre os ministros, trocou o ministro de Interior (que é equivalente a um primeiro-ministro) que era Rodrigo Peñailillo (PPD) por Jorge Burgos (DC). Isso significa que o governo que sinalizava uma mudança ao povo, na verdade, deu mais um giro à direita.
Deste modo, as mudanças de ministros não foram realmente positivas para a população chilena. A isto, se somam os escândalos de corrupção e enriquecimento ilícito (um deles envolvendo o próprio filho da presidenta Bachelet com uso de informação privilegiada). Também os movimentos sociais no Chile lutam por uma Assembleia Constituinte (a constituição chilena, ainda hoje, é a mesma assinada pela ditadura militar de Pinochet e seus aliados da burguesia). Tudo isto criou as condições para uma grande ebulição social, motivada principalmente pela juventude.
Toda a marcha foi acompanhada por policiais. Em dado momento, os policiais fecharam as ruas e, de um carro, uma voz impunha: “Ou deixam a rua ou seremos obrigados a usar a força”. Em pouco tempo, bombas de gás lacrimogêneo foram lançadas sobre os manifestantes. Muitos veículos blindados lançavam jatos d’água. Um jovem foi acertado no rosto por uma bomba de gás lacrimogêneo e é possível que perca a visão em um dos olhos. Isso demonstra que o governo chileno segue a cartilha de repressão aos movimentos sociais. A manifestação em prol da educação pública e contra a corrupção, o enriquecimento ilícito, por uma constituinte que avance a democracia, é legítima e deve ser respeitada!
O que vimos no Chile é como o que vemos no Brasil nas greves dos professores do Paraná e em São Paulo: uma repressão promovida por setores que, embora com outro discurso, lhes cabe muito bem a carapuça de herdeiros da ditadura.
Dois mortos em Valparaíso
Na cidade de Valparaíso, dois jovens foram assassinados: Diego Guzmán (24 anos) e Ezequiel Borbarán (18 anos). Eles estavam se expressando escrevendo em frente a um comércio. Um homem saiu do comércio e deu dois tiros nos jovens. Os jovens foram levados ao hospital e morreram pouco tempo depois.
Não podemos aceitar que a vida de duas pessoas seja tirada sobre o argumento da propriedade privada! Devemos gritar amplamente que “A Sua Propriedade não vale a nossa vida!” Não podemos acreditar que este assassinato está descolado da forma como vem governando Bachelet. Os assassinos ideológicos são os que defendem a propriedade privada, os que defendem a herança ditatorial, o governo que não se dispõe a alterar a constituição ditatorial, que põe na rua os policiais e criam um clima de guerra civil (no qual apenas um dos lados tem armas). O assassino ideológico é o capitalismo que protege a propriedade privada em detrimento da vida e da liberdade de expressão!
O Socialismo Revolucionário, seção chilena do Comitê por uma Internacional dos Trabalhadores, se solidariza com as famílias de Diego e Ezequiel. Defendemos que a vida humana vale mais que a propriedade privada e, por isso, lutamos por uma sociedade socialista e radicalmente democrática. Também criticamos fervorosamente o governo Bachelet, na figura do seu ministro de interior, Jorge Burgos, pela repressão ao movimento! A primeira ação política deste ministro não poderia ser menos que criminosa. Temos de entender que o discurso que o governo prega de que os manifestantes são delinquentes é o que legitima o assassinato!
Prosseguiremos na luta por uma educação pública, gratuita e de qualidade! Por uma constituição democrática! Para que se faça justiça em nome de Diego e Ezequiel! E contra as repressões aos movimentos sociais.