Unificar a luta e construir uma Greve Geral para derrotar o governo do Paraná

O 29 de abril de 2015 ficará marcado como o dia do massacre promovido pelo governador Beto Richa (PSDB) e seu secretario de segurança, Fernando Francischini (SDD), respaldado pelo Tribunal de Justiça do Paraná e executado pelo comandante geral da Polícia Militar, coronel Cesar Vinicius Kogut. Foi um dos maiores ataques à democracia e aos trabalhadores desde o fim da ditadura civil-militar no Brasil.

O massacre do dia 29 começou alguns dias antes, quando o governo tucano resolveu trair o acordo que pôs fim à greve de março, no qual se comprometia a debater com o conjunto dos servidores qualquer alteração na fundo de previdência antes de enviar o projeto para votação na Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP). O governo Richa quer passar a mão em mais de oito bilhões de reais do fundo de previdência dos servidores públicos, a fim de tapar o buraco que ele mesmo criou nas contas do Estado.

O judiciário, que participou da negociação e assinou o acordo em conjunto com governo e sindicatos, nada fez e deixou claro que está a serviço dos interesses das elites – assim como o executivo e o legislativo, o judiciário também se coloca como inimigo dos trabalhadores.

Diante de tal situação, só restou aos servidores retomarem a greve. Diversas categorias paralisaram novamente, como servidores da saúde, professores e funcionários de escolas, as universidades estaduais, agentes penitenciários. Mais de vinte sindicatos paralisaram e, assim como em fevereiro, uma nova grande greve se instalou no Paraná devido a falta de diálogo do governo Richa.

Richa, com um judiciário subserviente aos seus interesses, conseguiu declarar todas as greves ilegais nos primeiros dias e cercou o Centro Cívico de Curitiba, tentando impedir o acampamento dos servidores que, bravamente, montaram suas barracas, mesmo tendo suprimentos de água e até os banheiros químicos barrados pela PM. Os servidores resistiram com muita garra e apoio da população.

Na primeira noite do acampamento (27/04), Francischini e Kogut arquitetam uma “grande ideia”: enviar o batalhão de choque para roubar os caminhões de som que estavam em frente à ALEP. Foi duro, eram cerca de 50 servidores contra mais de 300 policiais. Com muita porrada e spray de pimenta, levaram os caminhões, mas a resistência conseguiu garantir que as grades de isolamento não avançassem e serviu de ânimo para todas e todos que chegariam na terça pela manhã.

A ação da madrugada só serviu para acirrar os ânimos na terça-feira (28/04) pela manhã: cerca de 10 mil servidores em marcha enfrentaram o bloqueio da PM para colocar um novo carro de som em frente a ALEP. Tomaram bombas, balas de borracha e spray de pimenta, a repressão foi dura. Nem a presença de deputados tentando uma mediação foi suficiente para que a polícia parasse de atirar. Foi duro, mas a resistência dos servidores garantiu que o carro de som avançasse, até que um dos comandantes da operação da PM roubasse a chave do carro de som – mas ai já estávamos praticamente em frente à ALEP.

A quarta-feira (29/04) foi o que todos sabem: 20 mil servidores, nenhum diálogo por parte do governo e muita repressão. Foram mais de duas horas de bombas e balas de borracha sem parar. Richa, Francischini e Kogut inovaram – nunca antes na história do Paraná trabalhadores foram atacados por atiradores de elite (ironicamente, em cima do prédio do TJ-PR) e por bombas lançadas por helicópteros. Essa “inovação” dá o tom da covardia que imperou na tática da PM.

Foram 213 feridos atendidos, isso sem contar as centenas de pessoas que foram atingidas e não procuraram atendimento de imediato. O governo alega vinte e poucos polícias feridos, mas até agora as únicas fotos divulgadas são de policiais pintados com canetinha, em uma tentativa bizarra de manipular a informação. Dentre os feridos, um cinegrafista que foi atacado dentro da ALEP por um pitbull do batalhão de choque.

O governo tucano insiste na teoria da ação de Black Blocks. Imagem de professores com máscaras para se proteger das bombas de gás são as provas do governo, assim como alguns vídeos feitos por policiais infiltrados, os P2. A teoria dos Black Blocks, já foi amplamente rebatida pela defensoria pública do Paraná e pelo Ministério Público do Paraná.

Richa demonstra que não tem mais condições políticas de governar, recorreu à repressão por não ter mais recursos políticos para o debate e, mesmo após o massacre realizado no dia 29, o tucano insiste em defender as ações da PM e inventar culpados para justificar toda a truculência que empregou nesta ocasião e quem vem sendo recorrente em seu governo. O executivo se perde em meio a tentativas esdrúxulas de justificar o massacre: o comandante da PM diz que “excesso seria o uso de armas letais” e Francischini inunda as redes sociais com ataques aos Black Blocks imaginários e aos professores que são filiados a partidos políticos, tentando deslegitimar o movimento e suas lideranças.

Ficou claro para a classe trabalhadora e para a juventude que este parlamento não representa os interesses da população: é uma casa em que se a maioria se vende ao executivo em troca de emendas e obras que garantam seus currais eleitorais, tornando assim a ALEP uma casa que apenas referenda as vontades do ditador do Palácio Iguaçu!

A posição ideológica do judiciário contra as trabalhadoras e os trabalhadores também ficou clara: em menos de 24 horas, sem argumento legal algum, várias greves foram decretadas ilegais, devido à vontade do senhor Beto Hitler.

A única saída para os trabalhadores e trabalhadoras do Paraná é a construção de uma forte greve geral, que tenha como norte a derrubada de um governo que já demonstrou que não tem mais nenhuma condição de se manter no poder. Beto Richa, Francischini e Kogut devem responder criminalmente pelos seus atos. Foram crimes contra os diretos humanos, contra a democracia e contra o próprio estado democrático de direito!

É preciso que os sindicatos tenham a responsabilidade de organizar essa unificação e, dentre eles, a APP – Sindicato, por ser o maior sindicato do estado e possuir grande importância histórica na organização da classe trabalhadora paranaense, tem a obrigação de assumir a responsabilidade de chamar tal unificação de uma grande greve no Paraná, afim de que as trabalhadoras e trabalhadores, unidos com a juventude, lutem nas ruas para derrotar os poderes executivo, legislativo e judiciário, que se colocaram unificados em ataque à toda a classe trabalhadora!

 

Você pode gostar...