Fortalecer a luta das mulheres e combater qualquer forma de opressão – Nota do Setorial de Mulheres da LSR
Entendemos que a luta contra toda forma de opressão é fundamental para avançarmos na luta contra o capitalismo e que a derrubada deste é necessária para uma igualdade realmente plena para todxs. Desta forma, ambas as lutas devem andar lado a lado.
Da mesma forma, a formação de quadros femininos é necessária para que possamos mobilizar as mulheres, mais da metade da população mundial, para se integrarem de forma ativa à luta de classes. Como garantindo a presença de mulheres em todas as instâncias da organização política, ocupando cargos de direção, como figuras públicas, formulando política, representando a organização. Entendemos a auto-organização como uma importante ferramenta de empoderamento e construção de políticas, que permite avançar em tais objetivos.
A classe trabalhadora é educada dentro dos padrões machistas determinados pela sociedade patriarcal capitalista. Por isso, os militantes da esquerda devem ser reeducados a partir de relações onde não existam uma hierarquia de poder e estes aceitem abrir mão de seus privilégios.
Nós do setorial de mulheres da LSR militamos em diversas frentes do movimento feminista, como o FEM, MML, Marcha das Vadias, etc, fazemos o corte de gênero nas frentes de atuação mista onde militamos, denunciando a opressão, que é uma das bases de sustentação do capitalismo, e exigindo melhores condições econômicas e de qualidade de vida para as mulheres. Mas também atuamos para que novas relações ocorram no interior de nossa organização política e nas frentes onde atuamos.
Desta forma, nunca nos omitimos diante de alguma denuncia de machismo, dentro ou fora da LSR. Podemos errar no método e estamos abertas para pensar junto com companheiras feministas a melhor maneira de proceder diante de caso de machismo, de forma a proteger a vítima e reeducar o opressor.
Viemos através desta nota, apontar a nossa surpresa com uma recente acusação de uma ex-companheira Juliana de que a direção da LSR foi omissa diante um caso de machismo vivido por ela. Somos solidárias a dor da companheira que ainda se faz atual quando a mesma recorda o caso ocorrido. Sabemos o quanto é difícil ser oprimida por alguém que além de ser seu companheiro de luta era seu namorado. Como a própria companheira afirmou em seu relato, a direção da LSR e o setorial de mulheres tomaram todas as medidas que entendíamos e entendemos como cabíveis: o rebaixamos ao nível de militante aspirante, afastamos o militante que cometeu a agressão de todos os espaços de militância, para que não cerceasse a participação da vítima; o impelimos a fazer uma formação feminista; exigimos que o mesmo fizesse uma retratação a companheira. O companheiro cumpriu todas as determinações. Desta forma, por compreendermos a dialética do processo, que o mesmo não é estagnado, reconhecemos uma movimentação no sentido de auto-crítica eficaz por parte do companheiro.
Foram feitas diversas conversas e reuniões com a companheira, a fim de construir este processo de superação da opressão vivida por ela e reeducação da parte dele. No entanto, hoje afirma que não se sentiu satisfeita com os encaminhamentos seguidos. A companheira explicita em seu depoimento que se eximiu de pensar isso junto com o setorial de mulheres: “fingi que aceitei e me afastei de vez da organização”. Tentamos marcar por diversas vezes com a companheira após isso, mas a mesma nos evitou, como deixa claro agora, sem ter dito por que e sem afirmar formalmente a sua saída (a mesma teve acesso a documentos internos da LSR por muito tempo).
Achamos que mais do que nunca as feministas devem se unir para fortalecer a luta contra toda forma de opressão. Sabemos que 2015 virá com uma série de ataques a classe trabalhadora e que as mulheres são duplamente atacadas, pois são oprimidas pela identidade de gênero e exploradas devido a sua classe social. Fazemos um chamado a todas as companheiras que queiram pensar coletivamente como lidar com casos de machismo na esquerda, que infelizmente são muito comuns, mas principalmente em como combater a opressão, organizar a luta no dia a dia, fortalecer e empoderar as mulheres!
“Quando uma mulher avança nenhum homem retrocede”