Manifestação em massa em Bruxelas demonstra raiva contra a austeridade

As políticas de austeridade do novo governo de direita da Bélgica levaram à maior manifestação do movimento sindical desde 1986. Na quinta-feira, dia 6 de novembro, mais de 120 mil foram às ruas em Bruxelas. Esse foi o maior protesto de trabalhadores desde 1986 quando 250 mil foram às ruas, trazendo o fim dos governos de direita dos anos 1980. As eleições antecipadas em 1987 trouxeram os partidos social-democratas para a coalizão do governo federal, onde permaneceram até as últimas eleições em maio deste ano. Agora temos novamente um governo de direita, atacando diretamente os padrões de vida da população.

As medidas do governo são drásticas: a aposentadoria foi ampliada de 65 para 67 anos, um ataque aos salários pela não-implementação de indexação automática, um ataque direto nos serviços públicos e condições de trabalho, etc. Há uma raiva massiva no país. Apesar da campanha midiática dizendo que ‘temos que fazer um esforço coletivo’, ‘não há outra alternativa’ e ‘greves não mudam nada’, mais de 120 mil pessoas participaram da primeira jornada do plano de ação das três maiores frentes sindicais. Os próximos passos desse plano de ação são greve regionais em 24 de novembro e nos dias 1o. e 8 de dezembro, resultando em uma greve geral em 15 de dezembro.

A manifestação de 6 de novembro foi vista como um primeiro passo para as greves das semanas que estão por vir. Dezenas de milhares protestaram pela primeira vez em suas vidas, milhares de outras pessoas não conseguiram chegar a Bruxelas pois todos os trens estavam lotados, outros deixaram para seus colegas os representarem no protesto. Não foi uma manifestação sindical normal, foi a expressão de resistência massiva contra um governo odiado. O protesto mostrou nossa força em números.

Claro que a mídia pulava de alegria quando um pequeno grupo se envolveu com atos de vandalismo no final da manifestação. A mídia tradicional encontrou suas manchetes e foco principal. É uma tentativa desesperada para isolar o apoio amplo da resistência contra o governo de direita. Não devemos aceitar as tentativas de nos dividir e atribuir uma imagem violenta ao nosso movimento.

A manifestação em si teve pessoas de todas as idades e procedências. Foi liderada por um bloco da juventude onde o Active Left Students (ALS, organização estudantil do LSP/PSL, seção belga do CIT) participou. Na greve dos secundaristas em Ghent em 22 de outubro, a assembleia geral dos estudantes votou por participar dessa manifestação. Por volta de 130 estudantes de Ghent foram a Bruxelas.

Esta manifestação foi um primeiro passo importante e forte do plano de ação para a greve geral de 15 de dezembro. É possível que as greves continuem até o governo cair. O governo neoliberal veio com o argumento de que ‘não há alternativas’. Os social-democratas, apesar de participarem do protesto dos sindicalistas, na verdade, aceitam a austeridade. O ex-Primeiro Ministro Di Rupo (do PS, social-democratas) disse em entrevista que 70% das medidas do atual governo já foram tomadas pelo governo anterior. Substituir o atual governo de direita com outro governo de coalizão liderado por Di Rupo não é alternativa.

O LSP/PSL interviu na manifestação com a palavra de ordem: “Greve para acabar com o governo e todas as políticas de austeridade”. As maiores empresas belgas se apóiam em 240 bilhões de euros de dinheiro que não é utilizado. As mesmas empresas estão envolvidas com esquemas de sonegação de impostos em Luxemburgo. Por que nós devemos pagar pela crise deles? Explicamos que em vez desse governo contra trabalhador, precisamos de um governo dos trabalhadores que implemente políticas com base nas necessidades da maioria da população e não a ganância de uma ínfima minoria.

Nossos membros tiveram uma resposta muito positiva. Apesar da nossa participação no bloco da juventude de dezenas de nossos ativistas sindicais em seus blocos, montamos 5 grandes estandes no protesto. Distribuímos 10 mil panfletos, vendemos 617 jornais e coletamos mais de 800 euros para o fundo de lutas com venda de bottons e apoios para o jornal.

O primeiro passo do excelente plano de ação já foi impressionante. Se pudermos construir em cima disso, o governo de direita terá problemas sérios. É possível derrubar o governo, mas não podemos parar aí. Devemos usar o acúmulo de forças para construir uma poderosa alternativa socialista.

Você pode gostar...